segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Árvore de Natal um símbolo Pagão

Pinheiros luminosos ou árvores decoradas com bolas coloridas são os primeiros sinais de que o ano está acabando. Tema da maioria das canções da época, a árvore de Natal é apresentada, muitas vezes, como símbolo máximo das festividades.

No centro da sala, cercada de presentes, parece ser meio esquecida e utilizada apenas como enfeite ou local para reunir o que será dado na noite do dia 24 de dezembro. O significado e razão para a sua existência foram muito modificados ao longo do tempo.

Inicialmente utilizada para o culto de deuses pagãos, a utilização da árvore foi absorvida pela doutrina cristã para disseminar com maior facilidade a sua crença nos outros povos.

A árvore de Natal
Uma presença necessária, em toda parte, no período natalino, é a árvore de Natal, um pinheirinho todo adornado com lâmpadas, bolas multicores, algodão imitando neve, pisca-pisca. Em torno da árvore o presépio e, a seu pé, os presentes. Há, também, as velinhas acesas, depois substituídas pela iluminação elétrica. Infelizmente hoje, no mais das vezes, a árvore é artificial. Mas ela está aí, tendo na ponta sua marca distintiva: uma estrela brilhante, e todo um clima a seu redor, que fala bem alto: É Natal!

Desde o século XVI, ao que tudo indica, o pinheirinho foi ocupando seu lugar nas festividades natalinas. Há uma referência, e talvez seja a mais antiga, ao uso de um pinheirinho novo e verdejante na ornamentação das casas e da Igreja, em Estrasburgo, frança, por ocasião do Natal de 1539. Mas, foi Charlotte Elizabeth da Baviera, princesa do Palatinado, esposa do Duque de Orléans, quem parece ter introduzido a árvore de Natal na França, nas comemorações do natal de 1671. durante o reinado de Jorge III o costume passou para a Inglaterra e para a América do Norte, espalhando-se, em seguida, para todo o mundo.

A relação entre a árvore e o Natal remonta ao século sétimo do cristianismo, quando São Vilfrido, (634-710 em monge anglo-saxão, pregava a nova fé aos pagãos da Europa Central. Ele se deparou com um costume muito antigo, de muito antes da era cristã, e que lhe dificultava a missão. Entre esses pagãos havia a crença de que um espírito habitava cada velho carvalho da floresta. O povo fazia rituais em dezembro para afastar os maus espíritos das árvores para que, também durante o inverno, elas permanecessem verdes. E os seus ramos simbolizavam a esperança da volta da primavera e do verão, trazendo o sol, com nova força ao homem e à natureza. Além disso, a crença incluía que era com a madeira dessas velhas árvores que se mantinha acesa a chama sagrada dos druidas.

São Vilfrido não estava conseguindo arrancar essa crença do povo. Para demonstrar a fragilidade dos ídolos e reforçar seus argumentos, ele resolveu derrubar um velho e cultuado carvalho, que se encontrava diante de sua modesta igreja. No momento em que caía, diz a lenda, armou-se uma enorme tempestade. E quando os galhos tocaram o chão com grande estrondo, um raio veio das nuvens partindo o tronco em quatro grandes pedaços, espalhando estilhaços de madeira por toda a parte. Mas, um pinheirinho, muito novo e verde, que nascera exatamente no lugar da queda, havia permanecido milagrosamente incólume.

O santo, então, viu nesse fato uma mensagem divina através da qual a Providência reafirmara sua proteção à infância e à inocência. Essa foi a sua leitura do ocorrido, à luz do nascimento de Jesus. Em seu sermão daquela noite, falou com grande eloqüência, afirmando que o pinheirinho seria dali por diante a árvore simbolizando a paz e a candura, porque Deus o havia poupado, diante de seus olhos, da destruição. Lembrava ainda que o pinheirinho se conservava sempre verde, mesmo no inverno mais rigoroso e que, por isso, ele pode ser considerado um dos símbolos da imortalidade. E, ainda, em seu sermão de natal, São Vilfrido combinou, poeticamente as imagens do pinheirinho, do Natal e do Menino Jesus, fazendo do pinheirinho a árvore representativa de nascimento de Jesus. Ele repetiu o mesmo sermão nos Natais seguintes e muitos que o ouviram falar espalharam o relato e a imagem da árvore de Natal entre os conhecidos. E os pinheiros passaram a receber especial atenção nas comemorações natalinas.

Pouco depois de São Vilfrido (634-710), São Bonifácio (637-754), o grande Apóstolo da Alemanha, teve o mesmo problema com relação aos pagãos. Geismar era um centro religioso e ali se cultuava uma árvore sagrada, o Carvalho de Odin (Thor, Donar). Dando uma demosntração da impotência dos deuses pagãos, Bonifácio abateu o carvalho de Donar, nas imediações de Geismar, e, com a madeira, construiu uma pequena igreja em honra de São Pedro (cf. Teuchle, Bihlmeyer. História da Igreja, vol. II, p. 33). Foi um episódio decisivo, um golpe de morte ao paganismo nessa região. Com referência ao Natal, é bom mencionar que o Carvalho de Odin (Thor, Donar) era cultuado de modo mais solene nos dias que precediam o solstício hibernal, normalmente carregado de tempestades e vendavais, e que eram interpretados como efeitos dos espíritos selvagens do deus pagão com sua comitiva.

Aos poucos, entretanto, aquilo que estava arraigado na alma do povo germânico foi perdendo seu cunho idolátrico e recebendo um conteúdo profundamente cristão. Lentamente, passagens bíblicas referentes à árvores foram encontrando eco no coração do povo e entrando na liturgia cristã. Lembremos aqui, rapidamente, algumas das passagens bíblicas.

Em Gênesis 2,9 a árvore da vida no meio do jardim tem a virtude de distanciar indefinidamente a morte, sendo assim símbolo da eternidade. Em João 15,1-10, Cristo declara ser o tronco e seus seguidores seus ramos, e as boas obras, os frutos. Em seu ministério, Jesus utiliza outras vezes a árvore para transmitir sua mensagem: a figueira, a árvore má que não pode dar bons frutos, por mais que o jardineiro peça mais tempo ao patrão e dela cuide, antes de cortá-la se não der fruto... E há, ainda, o madeiro da cruz, no qual pende o autor da vida e que, pela morte nessa árvore, abre as portas do paraíso não só ao bom ladrão, mas a todos nós.

Mas a árvore de Natal tem também a função de nos relembrar que, como nossos primeiros pais, estamos sempre diante da opção, da escolha. Junto com a Árvore da Vida está diante de nós a Árvore do Bem e do Mal. E dessa opção resultarão bons ou maus frutos. Ainda aprendemos da árvore de Natal a necessidade de utilizar os devidos meios para perseverarmos na opção pela Vida: podar, adubar, ficar unidos ao tronco: "Permanecei em mim. Como o ramo não pode dar frutos se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim, não podeis dar frutos. Eu sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em mim, não podeis dar frutos. Eu sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,4-5). Mas, não podemos esquecer que, no maio das doces e suaves alegrias do Natal, está a sombra da árvore da cruz, pois sem sofrimento, sem derramamento de sangue, não há libertação.

Autor: Israel José Nery

Obs.: O Artigo esta focado no segmento cristão, contudo demonstra a ancestralidade de ritos pagãos envolvendo árvores e que com estudos é possível retirar o verniz cristão tão opressor de nossas crenças.

Att.

CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL