quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ordem Iniciática: Lidando com Comprometimentos

 
Segue um artigo muito elucidador sobre a convivência em uma Ordem Iniciática, um observar lúcido sobre nossas relações com as pessoas e com a instituição a qual lhe acolhe.

Toda conversa gerada sobre uma vivência em grupo é comum ter pontos levantados e realmente acredito ser interessante que eles o sejam, e que bom que se pode falar sem o negócio virar uma briga, risos! Gostaria de "levantar uma bola", com a intenção de causar uma reflexão a mais em todos nós.

Entre a consciência e a ilusão a divisão é bem tênue, um passo apenas, basta um pensamento equivocado.

Com relação às tarefas em grupo, é nelas que reflito: Nosso caminho prima pelo livre fluir, então acredito que todas as atividades devem caminhar de uma forma muito natural, cobranças extremas não são construtivas, se existe um trabalho para ser feito, então faça! Nesta simplicidade... Talvez o mais interessante não seja 1 receber a ajuda de 30, mas sim este 1 ser suficiente para auxiliar os 30.

É uma questão de mudar a forma viciada de ver as coisas, de esperar receber ao invés de dar, de sair da reativa e então, imaginem o que não seremos capazes de realizar quando cada um dos 30 forem capazes de fazer por mais 30?

Esse é o melhor dos mundos, quando todas as peças da engrenagem rodam individualmente gerando benefícios coletivos. É o "fazer não fazer" do D. Juan de Mattos (Ref. aos livros de Carlos Castañeda). Não precisa forçar nenhuma peça porque o fluxo é algo auto-sustentável.

Claro, tem gente que é folgada mesmo, não se prontifica a ajudar em nada e isso sobrecarrega alguém, mas não é neste mérito da questão, que quero ressaltar.

Eu falo de poder de realização, de fazer pelo motivo certo, de dar a sua contribuição independente do outro dar a dele ou não. De olhar para os seus atos e não se direcionar para os passos alheios.

A gente não pode achar que fez demais, que fez sozinho e não era nossa obrigação, não pode achar que o que fez é muito ou o mais importante, nem que nos destacamos por fazê-lo, cair no jogo do ego que teima em dar uma importância supérflua as coisas, simplesmente se faz porque é necessário no momento.

Não veja como um sacrifício, nem como algo que deva ser exaltado, mas com alegria por ter podido fazer algo para todos.
 

Observo tanta gente que fica nos bastidores, acho desnecessário a coisa do querer mostrar serviço, o conhecimento esta na simplicidade das coisas, está na música cantarolada enquanto as panelas são limpas, esta no barulho da vassoura riscando o chão assim como esta também na lenha que estala no fogo e no barulho dos passos do peregrino.

No mais, ao invés de pensar que estamos fazendo um esforço solitário, porque não pensamos que é bom ser útil pelo prazer de ser, sem esperar nada em troca e pelo simples fato de ser capaz de fazer. E quando a atividade esta pesada demais para se fazer sozinho por que não pedimos ajuda?

Assim como acho que é importante que quando alguém ver algum novato fazendo algo que não deve, por inexperiência, dar um toque na pessoa, para alertar mesmo, raramente a situação irá se repetir pois a partir de então a pessoa saberá que aquilo não é o correto.

Temos de lembrar que hoje carregamos a mochila de um peregrino irmão para que amanhã, quando estivermos cansados e com os pés doloridos, alguém carregue também a nossa.

Só quero propor uma reflexão complementar; rodar com a roda, é tempo de mesa farta e saibamos equilibrar o rigor e a misericórdia.

Abraços Fraternos,
Yellow Cat

Cordialmente,
CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL NO BRASIL