“Havia um tempo em que
nós nos reuníamos a céu aberto, nas quintas, nas praias, nos bosques. Cada um
trazia sua bebida e alimento. Trocávamos experiências, conhecimento, dançávamos
e ouvíamos os Bardos. Ouvíamos os anciões também, com suas longas historias sobre
as tribos e seus rituais. Ai veio Roma e tudo mudou. A mesma Roma que abraçou o
Cristianismo por lucro e política, que nos perseguiu e matou. Séculos mais
tarde, Roma retorna. Justamente no momento que achávamos que estávamos livres,
Roma retorna com nosso nome e nossa bandeira. E exige seu tributo, disfarçado
em ajuda de custo, aluguel, sítios, cursos...mas sempre a mesma águia vermelha.
Nestas horas, olho para uma das faces da grande mãe e fico muito feliz por
saber seu significado.” Autor: Perfil Falso do Facebook
Esta é uma visão romantizada de como era o mundo perfeito e uma critica ao modelo de sociedade que temos hoje, também é o
entendimento da maioria das pessoas que provavelmente não tiveram uma instrução mais erudita nas questões históricas e utilizam da literatura mística para se iludirem um pouco
mais sobre a realidade dos povos antigos ao qual é recheada de lutas e poucos indivíduos chegavam a se tornarem anciões!
Vamos começar a
esclarecer alguns pontos, então tirem as crianças do computador, pois não serei
eu que quero desfazer a ilusão delas, sobre as fábulas e o encanto das estórias, mas quando
entramos na fase adulta saber o que é real do que é ilusão é necessário,
contudo também não tenho a arrogância de tentar mostrar aos cegos outros pontos de vista e assim basta que cada um busque obter mais conhecimento para sua jornada.
Vamos a primeira quebra
de dogma, nem todos os bruxos descendiam de celtas e nem todo aquele que
desenvolvia uma aptidão a magia era bruxo. Os celtas tinham o Druidismo como
religião e os druidas não eram bruxos! Então quem eram os bruxos?
Aqui temos duas teses
muito interessantes, uma etimológica ao qual liga os primeiros indícios do nome
a península ibérica, sendo assim, seria uma religião ou expressão religiosa ao
qual exercia uma crença campesina, voltada ao culto da natureza e de
base politeísta. A segunda tese, advém de um conceito base comparativo de religiosidade
para toda a região conhecida como Europa, fruto das diversas estórias e mitos
que a princípio ligava o bruxo as questões do trato religioso nos vilarejos e a
prática de culto ancestral, nativo e politeísta, como era em sua maioria na
idade antiga nesta região.
Os bruxos se reuniam a
noite e ritualizavam? Muito do que temos hoje é uma visão romantizada da idade
média, aos quais os bruxos se reuniam no sabath negro e praticavam orgias e
dançavam com o diabo manuseando feitiços e realizando sacrifícios, esta visão
fantasiosa eram, em sua maioria, vindos dos tribunais da Santa Inquisição,
relatos baseados em torturas, fora este contexto também temos os relatos
romanos com a visão do conquistador que misturava fatos com visões muito pessoais
e até fictícias para tornar a literatura mais emocionante! (Na opinião de quem
escreve).
Então se reunir é uma
prática comum até hoje, até uns 60 anos atrás, quando ainda não existia
televisão, muitas pessoas se reunião após o trabalho, sentavam suas cadeirinhas
e banquinhos na calçada e ficavam ali contando coisas do cotidiano, histórias e
algumas até poderiam socializar com seus quitutes... e olha! Ninguém se dizia
celta, ninguém incendiava ruas e bancava o palhaço fazendo um ritual, pelo
menos não sem estar bem calibrado na bebida alcoólica!
Será que foi Roma que
mudou as coisas? Ah coitado dos romanos! Se eles soubessem o quanto são odiados
pelos reconstrucionistas celtas juvenis! Estava pensando nisso um dia quando
postei um material arqueológico de base pagã.... e pensar que os romanos
invadiram a Península Ibérica e lá também construíram os seus lares, e levaram
a sua cultura, a sua tecnologia, fizeram aquedutos para tudo quanto é canto,
levando água para as cidades e que nós que nos dizemos descendente de celtas e
que com certeza também devemos ter um pezinho lá em Roma, pois quem conhece a história da Europa sabe que houveram muitas miscigenações, que povos eram inimigos
e depois ficavam amigos e depois brigavam e depois se uniam, que
comercializavam entre eles... puxa! Difícil tomar partido e saber quem era vítima
e quem era o vilão....
E hoje se exige tributo!
E ainda bem, pois antes o pessoal pilhava mesmo, violentava e matava sem dó,
mas alguém poderia dizer... "ah mas existia liberdade!" Pode ser... mas o sistema
monetário deu certo e todo mundo aderiu, deu tão certo que até hoje recebemos,
graças aos deuses em dinheiro e não mais com escambo, imaginou ter que levar
todo dia um porco, um carneiro e um carrinho de repolho para casa?
Ah sim... temos leis,
imagina se todo maluco tivesse a liberdade de fazer sua fogueirinha no mato o
quanto de incêndio teríamos? E toda a lenha queimada, e os efeitos do CO2 em
nossa atmosfera, e tudo isso pela liberdade do sujeito que quer viver na era
antiga!
E claro o protesto
comercial! Pois tem gente que cobra para ensinar! É religião? Então não pode!
Se fosse qualquer coisa daí poderia.... Isso me faz lembrar em qual religião
não pede sua contribuição, qual que vive iluminada por Deus ou Deuses e que
faça os credores esquecerem de quem deve! Puxa seria tão bom que o cara da água,
da luz, do governo, do incenso, das flores não cobrasse! E imagine você
trabalhando de graça e no final feliz, pois você não precisa de nada do mundo
real, apenas de sonho! Não é lindo e não lembra aquelas fábulas do “viveram
felizes para sempre”, saibam que até os druidas cobravam, tanto que não era qualquer um que poderia ser aprendiz, geralmente eram pessoas privilegiadas dentro da sociedade celta.
É.... eu sei, hoje
existem exploradores da fé, imagina pedir contribuição pelo sagrado? Para que
custear um professor? Eu sou auto-ditada, aprendo sozinho, afinal tem internet,
né? Ninguém precisa gastar com livros...
Hoje me perguntaram o que
eu era, fiquei pensando em como dizer de um modo que fosse natural, mas
quando
se fala bruxo tenho receio de ser comparado com esse povo muito “místico” que
tem por ai do mesmo modo que quero passar longe da visão de satanista e pessoa
que faz “magia negra” e dança com o diabo, repensei na visão distorcida do que
as pessoas entendem por sacerdote e mestre e fechei a questão com um simples
professor de uma matéria teológica e que faz vivências para que as pessoas possam se conhecer melhor e me senti bem com esse
rótulo.
Sim.. hoje existe
workshop, cursos virtuais, rituais de faz de conta, existem diversas opções que
vão de encontro a sua busca por profundidade. E custa? Custa pakas! Custa
sangue, suor e lágrimas e fique despreocupado, pois a questão financeira vai
ser a última que você vai pensar!
Ah mas o senhor defende
quem cobra e portanto é um picareta! Bom.... o que dizer? Se picareta for àquela
ferramenta que os presos usam para quebrar pedras eu me sinto feliz em ser pelo
menos útil, então mil vezes picareta do que privada!
Abraços Fraternos,