Conversando com algumas pessoas do segmento magista recolhi
algumas das maiores reclamações entre aprendizes e mestres, observando cada
aspecto e podemos aprender muito com estes pontos de vista que por vezes
parecem muito próximos ligados à gratidão, coesão e uma busca sincera (e não
egoica), por um caminhar dentro de uma espiritualidade.
Devo dizer que além dos relatos colhidos, tenho uma vasta
experiência com ambos os lados o que me projetaram para um cenário mais profundo
que escapa ao grande resumo específico de "resmungos".
Iremos abordar um caso de uma moça que entrou em um grupo e
lá contribuía mensalmente com a ordem iniciática, ela dizia que por ser nova não podia participar de atividades mais operacionais do grupo,
como fazer a limpeza do local ritualístico ou colocar flores no altar.
Vamos às diretrizes comuns dos locais:
“Para realizar atividades vitais é necessário ter tempo de
casa, promovendo, estas possibilidades, àqueles que contribuíram mais tempo para
seu conhecimento e conquistaram determinado grau dentro da instituição”.
A Realidade
O desfecho desta estória sinaliza que das pessoas mais
graduadas, na instituição em questão, não cumpriam sua função segundo a orientação de seu
mestre, restando ao próprio pedir ajuda aos mais novos de casa, ao qual tinham
boas intenções e energia para a tarefa, quebrando assim, com o regimento da
casa.
A Reflexão
Quem já não passou por isso? Qual o mestre que não teve suas
orientações ignoradas por aprendizes omissos, qual é o aprendiz que não sofreu algum fator limitador diante de regras fixas de grupos, ou pela inflexibilidade de seu orientador?
Devemos refletir que
a estrutura física ligada aos padrões comuns de status e comportamental dentro
de grupos deveriam também observar a interatividade de seus alunos, promovendo
de forma justa estas interações; compreendo que seria de bom tom dar subsídios extras
para aqueles que buscam, a isto damos o nome de "investimento espiritual ou voto de
confiança", pois nenhuma instituição se torna próspera tendo por base
pessoas desinteressadas ou omissas, é preciso observar que em um
grupo existem potenciais diferentes e que devem ser compreendidos e instruídos com
mais afinco, afinal de contas o papel de uma ordem iniciática não é uma linha de produção de iniciados e sim promover o desenvolvimento
espiritualista gerando oportunidades igualitárias, contudo dando oportunidade a
quem deseja ser útil. Isto também não quer dizer que você dará a um aprendiz novato o direito de iniciar pessoas previamente ou abrir espaços iniciáticos filiais, ou para você aprendiz que recebe este encargo achar que isto é normal, para tudo existe o bom senso!
Entre (Mestres/ Aprendizes) Bons e Malvados
Quem já não escutou esta argumentação? Posso garantir que
muitos e de ambos os lados, escutando as reclamações de um ex-aprendiz fiquei
pensando: “Por que este aprendiz tão consciente não esta comigo?” ,
afinal de contas qual o orientador que não deseja um aprendiz dedicado, que
anda 3 km a pé, além das diversas conduções para chegar ao local? Que fica por último para apagar as luzes que as pessoas deixam acesas, que se serve por último para ver
se todos irão se alimentar, que faz suas tarefas e ainda quer ser mais útil! E na conversa me fez refletir o motivo... Uma resposta simples, para gerar aprendizado!
E eu tive que acrescentar mais este ponto de vista a minha reflexão...
Quem sabe seja isso o equilíbrio do universo, bons
mestres merecem aprendizes ruins e ingratos para que ele se torne mais
tolerante e possa passar algum conhecimento que ajude aqueles seres tão
desinteressados a serem pessoas melhores e os bons alunos que passem a ser
extorquidos e iludidos e que no futuro possam dar mais valor a um bom mestre, pode ser...
Contudo este fato daria uma sensação mais emocional e que cairia na questão dos
egos, devemos ser melhores todos os
dias e compreender que somos pessoas e que infelizmente existe em nossa sociedade o esteriótipo do "mestre", que se aproxima de alguém sem defeitos, que vive de luz e é castro! Tarefa difícil para quem se presta a ensinar ser comparado a Buda ou Jesus, e caia na real aprendiz, alguns orientadores querem apenas ensinar, eles não querem amizade, querem apenas a contra partida pelo tempo que lhes presta, então ou você ajuda ou paga, sem hipocrisia ou moralismos.
Aprendizes entendam que o importante é saber focar na sua espiritualidade e estudos, que é necessário se buscar e reconhecer sua religiosidade e todo o processo de iniciação dentro de uma instituição, que envolve toda uma questão de comprometimento, sigilo, respeito e se você não quer atividade, interação ou responsabilidade, siga seu rumo solitariamente. Bons mestres orientam, dão broncas, ficam bravos, cobram! Se seu mestre não o faz e vive te dando abraços, falando de amor e dizendo o quanto você é maravilhoso, parabéns você conseguiu um bajulador espiritual.
Na outra mão temos os mestres que se iludem pensando no modelo CDF de aluno, alguns estão lá por motivos como arranjar amigos, namorar, por status, por poder ou por qualquer outro motivo errôneo, logicamente que um dia os mestres caem na real e percebem que é necessário rever a continuidade de seu trabalho, e esta renovação pode ser muito prazerosa, pois implica primeiramente no respeito ao que aprendeu, e em segundo, é melhor abrir os olhos no meio do caminho e fazer outro trajeto, mesmo com perdas, do que continuar cego e iludido por todo o sempre.
Em breve vou abordar outros contos em Mestres X Aprendizes!
Não percam.