No final das contas todo mundo quer ser amado e incentivado, mas a
vida não é assim e as práticas mágicas antigas nasceram para tornar homens
comuns em homens mágicos e isto requer muito suor e lágrimas.
Outro dia refletia sobre esta questão no carro quando em um
programa daqueles meio místicos, meio de auto ajuda, uma mulher de voz
anasalada e com tendências religiosas do oriente atendendo diversas ligações
onde ninguém respondia o "Como você esta?" de forma positiva, alias
todas queriam respostas que elas mesmas poderiam chegar se tivessem um momento
de reflexão.
Outro dia estava em um encontro empresarial de quatro dias, onde houveram diversas palestras e estava responsável por organizar o evento; um colega
espanhol de trabalho chegou bufando, perguntei a ele o que havia acontecido e
ele me disse que as pessoas tinham criticado sua apresentação, e com os nervos
a flor da pele me pediu uma opinião sobre a sua apresentação.
Eis que entendi mais um grande ensinamento, às vezes as pessoas
não procuram a sinceridade, procuram apoio e sendo assim ocultei a minha
sinceridade objetiva e disse que não se preocupasse com a opinião alheia, sendo
assim ele me olhou agradecido, deu um sorriso e voltou para suas funções no
evento.
Tirando então um resumo da audiência da rádio e do colega de
trabalho, ambas as situações não estavam em busca de verdade, pois a verdade seria
devastadora, no lugar colocamos o ópio da humanidade, a sua boa dose de ilusão
calmante, de luz, de amor fofinho, de pirações energéticas e que levará as pessoas a serem salvas por algum ser iluminado ou um
espelho distorcido onde elas irão sacrificar a dor do aprendizado e crescimento
por um tapinha nas costas e aquela famosa frase "Tudo vai melhorar, basta
ter fé", o problema é que as pessoas em sua maioria não possuem nem fé, tem é desespero e elas também não vão colocar a mão nas rédeas da sua vida, pois
sempre estarão em busca do salvador, do mestre, do pai, do ser que fará isso
por elas, e ali criarão a dependência de se colocarem sempre como espectadores
de suas próprias vidas.
Mas voltando ao programa de rádio, a senhora mencionou um ponto de
conhecimento que gostei bastante e que vou apelidar de parábola do mestre, que
dizia mais ou menos assim:
Um jovem aprendiz vendo o seu mestre sentado na montanha
Chegou-se a ele tentando ansiosamente buscar mais conhecimento
O mestre contemplava o céu em sua introspecção
Aprendiz: Mestre quero aprender com o senhor a falar com os deuses
O mestre se manteve em silêncio
Aprendiz: Mestre quero falar com as árvores, com os seres
espirituais, ver as energias...
E o mestre se manteve em silêncio
Aprendiz: Mestre me fale como posso fazer isso?
E o mestre continuou em silêncio
O aprendiz todo inquieto, impulsivo e ansioso pergunta novamente.
E o mestre responde
- Aprendiz eu estou lhe dizendo o tempo todo, mas você não ouve!
O seu problema é que você não escuta e fala demais.....
O que é colocado é que a Bruxaria é uma religiosidade que cabe
muita contemplação e que existe muito conhecimento no silêncio, pois é no
silêncio que podemos escutar e refletir e somente com este pensar podemos
chegar a uma verdade que acalente a nossa alma.
Estava vendo a senhora da rádio dizer que a religiosidade dela
mora no silêncio, e isso me fez refletir que bem provavelmente a grande maioria
das crenças tradicionalistas morem no silêncio também.
Então vamos contemplar o silêncio e seguir nosso caminho com uma
espiritualidade sadia, sábia e produtiva.
Um grande Abraço Fraternal,
Ricardo DRaco
Ricardo DRaco
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