Segue um artigo traduzido e que faz reflexões sobre rituais, sexo entre outras visões polêmicas para quem deseja seguir por religiões pagãs
Síndrome do rabanete
Faz muitos anos, eu tive uma conversa com uma amiga querida,
relacionado com os comunistas e os líderes populistas da história dos últimos
100 anos, as suas falsidades ideológicas, a corrupção e outras "qualidades"
deles... Na época, ela me expôs um exemplo que eu nunca esqueci, porque foi por
muito simbólico e descritivo. Ela disse: "Eles são como rabanetes,
vermelho por fora e branco por dentro“.
O que eu pretendo levantar aqui não está relacionado com a
política em geral ou ideologia comunista em particular, mas irá forçar um
exemplo dado pela minha velha amiga, e extrapolar para o paganismo.
Muitos pagãos são moralmente semelhantes a rabanetes!
Denotando uma filosofia e um corpo de crenças "por fora" e são
completamente diferentes “por dentro", seguindo cegamente a moral da
religião incutida desde a infância e nunca foram capazes de alterar.
Já dissemos que há uma abundância de falsos pagãos de vários
tipos: São a “luz”, há os da corte dos new-age, que fazem a mistura de qualquer
conceito vindo de qualquer lugar, sem profundidade ou seriedade e se fazem de
pessoas “muito espiritualizadas" e "profundamente humanas" por justamente estar buscando harmonia sem compromisso, a tolerância sem
compreensão e fraternidade sem justiça.
Há também os pagãos (falsos pagãos), do tipo “heavy” que circulam
na internet e no mundo intelectual mais ou menos
alternativo e poluem nossas tradições ancestrais com o fascismo, o racismo, a
xenofobia, a homofobia, com o populismo, demagogia, tolerância sobre o crime,
anarquia ou extremismo de qualquer tipo.
E, finalmente, os filocristãos, sempre tentando adicionar ou
incrustar concepções de sua religião nativa às noções básicas do paganismo
antigo. Coisas que normalmente são inconsistentes e cuja fusão eclética as
torna doutrinas obscuras ou totalmente ambíguas, novas "tradições".
Mas estes três grupos já são notórios em sua maior parte,
fáceis de identificar e já discutidos em artigos anteriores neste blog. No
entanto, há "outra classe" pseudo -pagã, que circulam ao redor do
mundo mais ou menos impunes e ainda se atrevem a questionar aqueles que são
autênticos em sua ética e estética , em sua filosofia comportamental e sua
concepção de vida.
Trata-se de pessoas que não carecem de seriedade como os new-
agers, não são neonazistas como os psedo-pagãos nem extremistas nem mesclam
doutrinas cristãs (ou outras crenças ou religiões ) com o verdadeiro paganismo.
Por isso muitas vezes, são respeitados, escrevem livros, dão palestras e ministram
cursos, sem que ninguém questione ou oponha
argumentos contra eles.
Rabanetes! Estas pessoas, no entanto, são como
"rabanetes" na hora de praticar seu “paganismo”, de aplicar a ética
inerente ao mesmo em suas próprias vidas. Eles são como "rabanetes",
quando devem decidir, escolher, contratar e manter uma linha clara de conduta.
Eles são como "rabanetes", por terem adquirido uma 'cor'
impressionante do lado “de fora” , o de uma transgressora religião minoritária,
como é o Paganismo , mas são na verdade de um incolor "branco",
sem graça, em seus núcleos, no fundo de suas mentes e corações.
Essas pessoas são "pagãos" do lado de fora , mas têm
a moral dogmática de um cristão, que lhes foi incutida em sua infância em seu
interior. Eles afirmam ser uma coisa, mas sentem outra. O seu verniz de postura
pagã não passa de rituais, de símbolos que carregam em volta do pescoço ou as
teorias apresentadas em diferentes áreas da comunicação. Mas, em suas vidas, nos acontecimentos diários, ainda fazem o mesmo que seus pais e avós católicos foram
"ensinados" desde crianças, ainda considerando "pecados"
tudo o que é contrário à moralização que foi "injetada" por
sacerdotes e freiras, quando fizeram
o "catecismo" e tomaram a sua "primeira comunhão"
.
Mas essas pessoas, cabe-se explicar, não são falsos ou
hipócritas meramente. Porque não mentem para os outros ou mostram uma máscara falsa
com conhecimento de causa. Eles mentem, antes de tudo, para si mesmos, se olham
no espelho e "enxergam" a cor brilhante e chamativa que eles pintaram
sobre suas vidas e até mesmo se orgulham disso.
O problema deles é que não analisam o seu comportamento e nem
mergulham em seus corações e espíritos, para então constatar que não
mudaram nada. Porque, sim, eles são tão medíocres que não sabem que a medida de
uma religião é sua moral, que o valor de qualquer doutrina ou sistema de
crenças se mede pelo seu comportamento ético e não por dogmas, ritos e
cerimônias simplesmente, por mais importante ou seriamente abordadas que estas
coisas sejam.
Mas o propósito deste editorial, não é fazer uma
denúncia retórica de tais indivíduos, mas sim expor como são as manifestações
mais comuns e hediondas de suas ações, tanto para fazer pensar um pouco sobre
os "rabanetes" como para evitar que pagãos genuínos sejam confundidos
e se tornem mais um entre estas fileiras.
A lista de falsos conceitos morais poderia ser interminável,
mas basta enumerar as mais grosseiras, mais medíocres e lamentáveis . Assim as
coisas ficarão mais claras e saberemos quem usa a "cor" do paganismo
como uma camisa de esportes e o que realmente vive em seus corações.
O mais ridículo de todos os preconceitos extraídos ICAR (igreja
católica apostólica romana), que podemos ver nestes indivíduos, é a homofobia
e, em geral, o ódio ou aversão a qualquer tendência ou preferência sexual alternativa.
Eu sempre me perguntei: Vocês não entendem nada sobre as nossas raízes? Não
sabem que Alexandre, o Grande, era bissexual, que Sócrates era homossexual e
Sappho, a maior poeta da Antiguidade, era lésbica? Vocês realmente se atrevem a
desqualificar personagens desta importância, que temos como nossas referências
e heróis ou apenas são tão medíocres mesmo que não pensam sobre isso? Não sabem
que na Babilônia era um pecado contra a deusa Ishtar permanecer virgem depois
dos 20 anos? Na verdade, eles acreditam que o paganismo é um politeísmo misturado
a moralidade dos "Dez Mandamentos", a Torá ou os Evangelhos!
Mas precisamos esclarecer uma coisa, a verdadeira infâmia
não é acreditarem nisso, já que como pagãos somos abertos e, simplesmente não
temos dogmas morais. Seria até possível que eles se sentissem parte desses
valores e por isso serem chamados então de "pagãos" se não fosse por
uma coisa: julgar os outros com essa moral externa, alheia aos nossos
sentimentos e as tradições mais ilustres das maiores civilizações que a
humanidade já viu.
"Rabanetes" estudem sobre a Grécia, Babilônia e o
Egito antes de desprezam seus irmãos! Não sejam patéticos fingindo uma ética
pagã, já que se exibem tanto como "pagãos" na hora de fazer rituais
ou socializar com os outros!
Outro caso típico é o do aborto e questões sobre controle de
natalidade. Neste aspecto, o Paganismo não tem opinião única sobre o assunto,
mas há um parâmetro claro, algo que ninguém pode desculpar: Pode-se ou não
concordar com o aborto, mas nunca um verdadeiro pagão irá julgar e discriminar ou
muito menos condenar (ou pedir para a condenação), para uma mulher que o tenha
praticado. Pode-se aconselhar alguém a este respeito, como sua consciência dita,
mas prevalece sempre, o conceito de liberdade, responsabilidade pessoal e de
propriedade do próprio corpo, porque todo pagão ou pagã é essencialmente uma pessoa
livre, e considera a mesma liberdade para o resto da humanidade, não apenas
para seus irmãos de fé.
Uma pessoa que ataca ou procura algum tipo de condenação
social, legal ou moral para uma mulher que tenha abortado, não é um pagão, é um
hipócrita que nunca deve sair da ICAR.
Vale o mesmo quando se fala sobre o comportamento sexual em
geral. A maioria dos pagãos aconselhará responsabilidade e dignidade em seu
exercício, mas nunca, em nenhuma circunstância ou pretexto, irá descriminar uma
prostituta ou discriminar alguém por aquilo que fizer com seu próprio corpo,
seja essa pessoa apenas uma infeliz vítima de situações sociais ou alguém que o
fez por seu próprio gosto, não há culpado de nada. Isso porque não há pecado de
"fornicação" ou "desejo" no paganismo.
Nós poderíamos seguir pela questão da igualdade de gênero:
Pode haver algo mais básico que isso na concepção do que é o paganismo? Não
temos nós deuses e deusas iguais (ou, no caso da Wicca, um Deus e uma Deusa
sendo iguais ) ? Como alguém pode se chamar de pagão e ser "machista"
ou "feminista" ?
"Rabanetes" se acreditam que homens e mulheres não
têm naturalmente os mesmos direitos, não são iguais diante da vida e dos deuses
e não deveriam ser tratados como iguais na sociedade, em qualquer situação ou
evento, então sigam com esta ladainha para outra parte e vão chorar na igreja
que os viu crescer desde crianças (porque ainda estão sendo infantis em seu
interior)!
E para esses seres lamentáveis, que acreditam que ter por
nascido com genitália masculina é superior à mulher, proponho um exercício
mental (não tem que contar o resultado para qualquer um): Imagine que você está
na frente de Boudica, a grande rainha dos Iceni... se atreveria a
tratá-la como um ser "inferior" para ser coerente com seus
preconceitos ou se mijariam por estar em sua presença?
O que dizer dos covardes que passam por “civilizados” (fracos,
na realidade) e que julgam como fascistas ou repressores a todos aqueles que pretendem
que a sociedade mantenha o direito (cível e laico, esclarecemos) como um meio
de viver em harmonia, paz e da justiça. Desqualificar aqueles que usam a
violência quando necessário (não por capricho ou sem razão) porque eles têm a
coragem de fazer prevalecer a justiça e a segurança de outros cidadãos, até mesmo
sobre suas próprias vidas.
"Rabanetes” se querem “paz e amor”, se acreditam que os
cárceres ou a justiça penal é “pré-moderno” ou “anti- progressista”, se vocês
gostam de “dar a outra face", saiam do paganismo, porque vocês correm o risco
de se machucar.
O Paganismo não consiste em “carregar a cruz” ou ser mártir
de nada. É um caminho de auto conhecimento (como ditava o Oráculo de Delfos),
auto aperfeiçoamento, se trata da jóia grega ou das Nobres Virtudes de Hávamál, se trata de seguir o Ma'at ( "verdade- justiça" ) e do exercício
da Kalokaghatia ( "união do bem com o belo").
Se você é capaz de se olhar no espelho e tirar o "verniz"
que adquiriu e, penso que eles concordam com isso, fique com a gente... Caso
contrário, deixe-nos em paz e continue com o seu verdadeiro caminho, aquele do
qual nunca saiu, apesar de fingir alguma vez que sim.
Todo mundo pode pensar o que quiser, ter como crença pessoal
o que o seu coração dita, mas somente aqueles que seguem as verdadeiras diretrizes
da ética ancestral, que não é diferente do Humanismo, exceto que, além de tudo,
tem a mais carga do “caminho do guerreiro” podem chamar-se pagãos.
"Rabanetes”, entendam isso!