quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bruxaria Familiar em Portugal e Galiza.



A palavra Bruxaria é de origem Ibérica, portanto é de nossa herança portuguesa, o entendimento e tradução de outras crenças tradicionais na Europa, tal como Strega (Itália) ou Witch (Inglaterra) ser igual à Bruxa na tradução para o português é de comum fato.

Caso contrário, o nome bruxaria, em sentido polêmico, só poderia ser utilizado para crenças tradicionais da Ibéria, descartando qualquer outra representação.

Em nosso texto, defendemos a tese que todas as manifestações pré-cristãs européias, embora tenham seus nomes conforme as línguas nativas, recebem a mesma tradução, visto a particularidade do idioma, o mesmo ocorre no sentido inverso, isto deveria estar claro, mas reforçamos diante da falta de entendimento que limitados autores escrevem sobre o tema.

Ser um bruxo familiar ou hereditário possui diversas atividades, embora enfatizado pela mídia como feiticeiro, um bruxo (a) pode trabalhar com medicina alternativa através das ervas, originaram o que chamamos de benzedeiras, realizavam o ofício de parteiras, das cozinheiras e suas manipulações entre os alimentos, entre outras atribuições.

Devemos entender que antes do século XIII, antes do Renascimento, todas as técnicas científicas tinham o rótulo de “artes mágicas” por mero desconhecimento do que chamamos hoje de ciência.

Alguns conceitos mais comuns na Bruxaria Familiar:

- Preservação em todas as áreas, faz parte do habito europeu, resguardar seus valores e sua intimidade, portanto existe um grande sentimento de ancestralidade e costumes.
- Bruxos Familiares gostam de falar dos feitos de sua família, com isso a preservação do conhecimento, através dos contos e mitos.
- Senso de família é importantíssimo, portanto conservadores nesse sentido.
- O conhecimento é dado por área de atuação, não exclusivamente limitado ao sexo.
- O poder vem dos atos e das palavras, vem da sabedoria.
- Espiritualidade esta na crença individual. (Na BF. é espiritualidade na BT é religião).
- Grande parte acredita na vida pós-morte.

  
Identidade
  A região do noroeste Ibérico sempre esteve ligada as tradições, é assim com sua música, com seus festejos, com suas crenças, com sua arte e culinária, é uma região de identidade muito própria e específica, com seus costumes e etnia, embora que nas últimas décadas tem recebido além de turistas de vários lugares do mundo e imigrantes que encontram não apenas um local propício para o crescimento financeiro, mas também devido à paixão quase poética pela região.

História
  Mesmo através dos séculos, onde existiram muitas invasões de povos da própria Europa como os Romanos, Gregos, Visigodos, Germânicos, ainda assim temos uma supremacia ao falarmos no povo celta, visto pelos contos heróicos de Viriato, visto pela necessidade de identidade e soberania de estado que toca aos reinos da Galiza e Astúrias diante do poder do Reino de Castela, que além de governar tenta dizimar a língua galega em favor da língua oficial, o castelhano.


Espiritualidade
As crenças nativas eram baseadas na devoção aos deuses, sendo comum optarem por um deus patrono, conforme atividade do povoado, sendo algumas destas regiões pesqueiras, portanto deuses que regiam o bom tempo, a boa pesca, tal como também atividades de agricultura fazendo menção a rios para irrigação como para entidades que simbolizavam a fertilidade da terra.

Era comum, como hoje ainda o é, a dedicação a dança e a música, que genericamente chamamos de artes do êxtase.

Mesmo no cotidiano, percebemos uma espiritualidade raiz, as preservações de igrejas estão presentes em antigos lugares de devoção nativa, os santos em tamanho natural que fazem menção as estátuas dos deuses, as crenças populares divulgadas através dos contos, o trabalho herbário, “as simpatias” e as benzedeiras.

Atualmente, a Bruxaria Familiar possui uma crença pagã, mas com atributos católicos devido ao tempo de influência desta religião em específico, o que segue um caminho diferente do significado de Bruxaria Tradicional, visto que a segunda preza por preservar e reconstruir as crenças anteriores ao cristianismo, retirando o verniz cristão e revivendo valores mais próximos dos povos que influenciaram e deram origem à etnia local.

Dentro do culto de Bruxaria Familiar encontraremos particularidades que se encontram apenas naquela família, que é passada de geração em geração, dos mais velhos aos mais novos, não existem ritos como sistemas mágicos complexos e sim, honrarias baseados em desafios e por fases da vida, o aprendizado acontece nas diversas áreas que comportam a complexidade humana, desde o aprendizado de um instrumento musical até o ofício de subsistência, o que difere da conduta da Bruxaria Tradicional que direciona ao mundo Folclórico e Mágico, mas não ao ensino profissional. Mesmo a forma de ensino muda, e encontra um sistema estruturado e hierárquico, dado ao momento histórico e as necessidades dentro de um grupo.

Festejos e Ritualística

Os Festejos familiares são baseados nas comemorações do tempo e da devoção de patronos (deuses/ santos), portanto a época de pescaria, da colheita, do nascimento de caprinos/ bovinos, as fases da lua para um determinado extrativismo, o que encontramos em parte das comemorações regionais e organizadas por instituições culturais, parte nas festas de paróquia que além de preservarem mesclando a crença cristã, incorporaram outras.

Com isso não existe influência de movimentos neo-pagãos, a não ser migratórios em que pouco ou nada interferem nas crenças existentes, restando, dentro do paganismo, a base espiritual de bruxos familiares e o trabalho coeso e direcionado da Bruxaria Tradicional em essência, sem fanatismo de oposição a Igreja Católica, sem o peso da caricatura dada a crenças tidas como demoníacas que, em profundidade não atingem a maestria de culto como senda e somente atingem em grande parte a sociopatia e casos psiquiátricos que hoje são entendidos como patologia mental e não como incorporação de demônios.

Ferramentaria

 São elementos do dia a dia, seja de uso profissional (foice, faca), seja de uso doméstico (agulha, tesoura), existem inúmeras técnicas simples utilizadas em “simpatias”, também é comum o uso de objetos que fazem menção a momentos especiais da família, seja algum artesanato de um animal, chifres, pele, seja o reconhecimento de um animal como sagrado, que são recitados em apelidos (nomes mágicos) como em brasões, uma derivação comum dentro do contexto xamanico. Alguns exemplos famosos Galo de Barcelos, Culto ao Touro.

3 comentários:

  1. adorei o texto, estou divulgando-o no meu blog!!! bjs

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  2. Grato, temos que divulgar sempre textos que acrescentem, pois textos desinformando é o que mais tem, somos em muitos, se cada um fizer um pouquinho, não haverá tanto charlatanismo como existe hoje!

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  3. Também gostei muito, este blog esclarece muita coisa que estava perdida num mar de desinformação.

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Este blog tem conteúdo específico religioso (paganismo tradicionalista), caso não concorde... pelo menos respeite e vá a um blog que se destina a mesma vocação religiosa que acredita.