"Dála na ndruadh is é feidhm do-nídís do sheicheadhaibh na dtarbh n-iodhbarta a gcoimhéad ré hucht bheith ag déanamh conjuration nó ag cur na ndeamhan fá gheasaibh, agus is iomdha céim ar a gcuirdís geasa orra, mar atá silleadh ar a scáile féin i n-uisce, nó ré hamharc ar néallaibh nimhe, nó ré foghar gaoithe nó glór éan do chlos. Gidheadh an tan do cheileadh gach áisig díobh sin orra, agur fá héigean dóibh a ndícheall do dhéanamh, is eadh do-nídís cruinnchliatha caorthainn do dhéanamh agus seicheadha na dtarbh n-iodhbarta do leathadh orra agus an taobh do bhíodh ris an bhfeoil do chur i n-uachtar díobh, agus dul mar sin i muinighin a ngeasa do thoghairm na ndeamhan do bhuain scéal díobh, amhail do-ní an togharmach san chiorcaill aniú; gonadh de sin do lean an sean-fhocal ó shoin adeir go dtéid neach ar a chliathaibh fis an tan do-ní dícheall ar scéala d'fhagháil."
"Alicerce do Conhecimento sobre a Irlanda", Geoffrey Keating, §46:
"Quanto aos druidas, o uso que faziam dos couros dos touros oferecidos em sacrifício era guardá-los a fim de fazer conjuros ou lançar geasa sobre demônios. E muitas eram as formas em que lhes impunham geasa, tais como olhar fixamente suas próprias imagens na água, ou contemplar as nuvens do céu, ou escutar atentamente o barulho do vento ou o chilrear dos pássaros. Porém, quando falhavam todos esses recursos e viam-se obrigados a medidas extremas, o que faziam era formar cercados circulares de sorveira e lançar em cima o que fora oferecido em sacrifício, colocando o lado que estivera junto à carne mais elevado e confiando em suas geasa para chamar os demônios e deles obter informação, tal como hoje em dia faz no circo o prestidigitador, de onde vem o antigo ditado desde então corrente que diz ter alguém 'ido ao seu cercado do conhecimento' quando fez o máximo para obter uma informação."
"Geasa" é o plural de "geis", uma espécie de tabu (proibição ou obrigação) semelhante a um encantamento. Pode-se comparar as geasa a uma maldição e, ao mesmo tempo, um dom. Se alguém que se encontra sob uma geis violar o tabu, isso pode resultar em desonra e morte. Se, ao contrário, a "geis" for cuidadosamente observada, o resultado é o crescimento do poder pessoal.
As "geasa" aparecem com frequência nas narrativas sobre os herois, funcionando como um elemento-chave para desencadear o destino do protagonista. Um exemplo bastante conhecido é o de Cúchulainn, que estava sob o poder de duas "geasa" antagônicas: não comer carne de cachorro e aceitar qualquer alimento que lhe fosse oferecido por uma mulher. Quando uma bruxa inimiga lhe ofereceu carne de cachorro antes de uma batalha, ele foi obrigado a aceitar. A violação de um dos tabus (para obedecer outro) acabou levando-o à morte.
"Demônio", no texto de Céitinn, é a óbvia interpretação cristã padrão para as divindades e espíritos reconhecidos por outras religiões.
"Lançar geasa sobre demônios" significa, neste caso, realizar o rito necessário (o procedimento formal requerido) para levar os espíritos a fornecer uma informação desejada.
As "geasa" geralmente eram impostas por um druida ou por uma mulher, fazendo as vezes da Soberania ("Fláith"). Um excelente exemplo é Conaire Mór, cujas geasa, se desatendidas, provocariam a esterilidade da terra.
Retornando a Cúchulainn, a quebra do tabu fez com que ele perdesse a força de um dos braços. Obedecer as geasa, sobretudo para um rei, era sinal de sua integridade e adequação ao cargo - "fir flaithemon", a verdade do soberano, era o requisito principal para o soberano irlandês ideal.
Enviado por Bellovesos
Conhecia as geasa, muito interessante como as questões de honra são tratadas entre os celtas, na nossa sociedade atual isto esta cada dia mais em falta, infelizmente.
ResponderExcluirDesde as épocas mais remotas vemos como a palavra empenhada (firme) tem poder... os conjuros provam isso... e até hoje conheço quem os apliquem...e quanto poder... nossa...
ResponderExcluirAs pessoas não sabem como as palavras tem poder e acabam falando qualquer besteira umas as outras, depois se arrependem mas ai é tarde demais. E acho incrivel como as pessoas de antigamente tinham honra, honravam a palavra dita, suas obrigações, hoje em dia infelizmente as palavras são sempre soltas ao vento...
ResponderExcluir