Seguem alguns relatos de nosso festival de Samhain de 2011 - CLAN - Círculo de Bruxaria Tradicional Ibero-Celta.
Aguardava ansiosamente o festival desde minha iniciação em Lughnasadh, confesso que sinto-me nascido em Samhain, o primeiro ao qual participei. Tudo em Samhain me fascinara, a ponto de revirar minha vida como nunca pensei ser possível.
Recebi surpreso algumas tarefas que me ocuparam nas últimas semanas anteriores ao festival de Samhain, tarefas difíceis de serem cumpridas, mas que abracei com carinho e dedicação. Teria eu então que passar por um teste espiritual, o preparo de uma erva de poder - algo que nunca pensei ser capaz de cumprir. Procurei pelo contato espiritual com a Erva de Bruxo antes de mais nada, queria saber de minha aceitação antes de mergulhar num preparo tão sério. A confirmação somente viria para mim uma semana antes do ritual, quando uma muda de Erva de Bruxo que abriguei em minha casa vira a me presentear com uma linda flor amarela tripla, flor esta que em nada tem a ver com a espécie desta muda. Senti então que havia me aceito, que a poção que havia preparado depois da difícil tarefa de encontrar as ervas, serviria ao trabalho que seguiria...
Conforme o habitual encontrei com o grupo no metrô, novos rostos, novos companheiros na ânsia pelo conhecimento, apreensivos pelo que lhes aguardava. Um lindo dia quente que em nada parecia com a noite que cairia ao entardecer. Tão cedo cheguei ao sítio e cumprimentei o pessoal que nos aguardava, já iniciei a tarefa sob a qual fui encarregado nas semanas anteriores junto ao Irmão Serpente: Preparar o fogo sagrado de Samhain.
Cumpria os afazeres com tanta dedicação e honra que quando notei já era noite e recebia a informação de que deveria me vestir ritualísticamente para o início do ritual, a energia de Samhain ganhava meu corpo cada vez com mais intensidade, me perdia entre as brincadeiras com os colegas para que meu espírito não se mesclasse de vez ao ambiente criado.
Veio a ordem de ascender a fogueira, que se conectou ao meu coração com a primeira labareda que subiu... Logo estava eu num passado longínquo entre as honrarias aos nossos ancestrais diante a fogueira, logo estava eu com o coração apertado cheio de saudades de um tempo engolido pelo próprio tempo, tempo que fugira à minha memória mas que sentia no torpor de minha mente. A emoção era quase material e cobria o ambiente como um manto de lã aquecendo nossas almas... Me vieram as lágrimas incontroláveis e junto com elas sentia que estavam ali eles todos... Cada um de nossos ancestrais misturados à energia do ambiente. Eu, tão pequeno perto da importância de tudo isso, me sentia uma criança diante do poder da natureza e do desconhecido.
A forte emoção somente me deixaria após o ritual da mesa, quando senti que nos deixavam os companheiros do astral. Senti como um sopro no ouvido uma palavra de carinho que me dizia para ter calma e para me concentrar... Ricardo DRaco se encarregaria então de dar prosseguimento ao festejo, junto aos demais mestres e companheiros que por ali estavam. De tanta emoção, mal percebi que já havia ingerido a sagrada bebida, àquela sobre a qual ouvira falar de testes impecáveis e terríveis sobre os bruxos. A tão comentada esperada e conhecida Erva do Bruxo.
Vou deixar agora muito pouco sobre o que se passou, mesmo porque não me lembro de muito. Alguns pontos apenas acho que lhes cabem pois estava eu fora de meu corpo numa consciência expandida e diferente, não quero lhes deixar falsas impressões.
Caminhei em campos desertos, em cenários sobre os quais não tenho referências, conversei com entidades, seres e pessoas, os quais mal sabia eu que conhecia. Estavam abertos os portais, iam e vinham companheiros de todas as espécies. Noite rica pela qual passei e creio que o que me era necessário aprender, gravado nos anais de minha história espiritual está. Gratidão ao Irmão Serpente, a Irmã Ursa, a Irmã Sapa e ao orientador Ricardo DRaco, que permaneceram ao meu lado me apoiando e criando um laço com esta realidade para que eu percebesse que apesar de tudo que se passava eu era ainda deste mundo. Isso é o máximo que posso falar sobre o que ocorreu na noite de Samhain.
No dia seguinte, como sempre, mal conseguia ficar de pé... Parecia estar em 2 corpos que não se coincidiam com movimentos próprios e contrários. Via ainda pessoas, tinha ainda impressões estranhas e flashes da noite anterior, estava ainda conectado às recentes experiências e por isso muito do que falava às vezes parecia estranho ao contexto das conversas às quais participava. O que mais me marcou neste dia foram os ensinamentos que recebia pela lona azul dependurada na parede. Formavam-se imagens e estórias sobre nossa identidade, sobre guerras, sobre o passado e sobre o que se espera de nosso grupo. Um oráculo excêntrico que constantemente prendia minha atenção.
Não serei mais extenso, o que mais ocorreu creio que pude compartilhar com cada um de vocês. Deixo aqui meu agradecimento à cada um de vocês, que mesmo achando que não, participaram definitivamente na mudança que me marcou neste Samhain.
Obrigado Morrigan e Ricardo DRaco! Pelo ensinamento, calma, preocupação, paciência, liderança e admirável dedicação
Obrigado Alê, Kal, Guilherme, Janaína e Nayele pelo cuidado, presença e carinho
Obrigado aos demais, pela ajuda, companhia, união, pela força e ousadia e, obrigado Nick, por tudo isso e por ainda ter me aturado e me recebido em sua casa com tanta paz
[]’s/Fr
Quão ricas podem tornar-se nossas experiências quando nos entregamos de coração!
ResponderExcluirSimples e imenso!
ResponderExcluirCada relato emociona e de fato toca o coração da gente, pela sinceridade e pela empatia que provocam. De que mais vale a vida senão das experiências as quais nos entregamos?
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