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segunda-feira, 16 de abril de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL: Ritos e Mitos de Samhain

Continuando com nossa proposta de trazer sempre um bom material acadêmico para leitura, segue uma abordagem do livro do Professor Vasco Adriano Rodrigues sobre o ritual popular de Longroiva.


No livro «Os Lusitanos - Mito e Realidade», o professor Vasco Adriano Rodrigues fala de um ritual popular realizado em Longroiva (ou Meda; Longroiva parece estar situada nas proximidades do local onde outrora existiu o castro de Longóbriga) no dia 31 de Outubro, véspera de Todos os Santos, a versão cristianizada do Samhain ou Samonios.

Os jovens subiam ao Morro da Faia, encosta íngreme, levando consigo figos e uma cabaça de vinho ou de aguardente a lá de cima lançavam pedras, evocando um santo a cada lançamento e bebendo um trago de vinho em sua honra.

Estas pedras podem bem ser resquícios das cabeças de gado que outrora eram sacrificadas pelos Celtas em grandes hecatombes, pois que esta era a altura de abater todas as reses que não fossem necessárias à criação.
No sopé desse monte, observam-se vestígios de uma edificação que poderia ter sido um santuário romano, a qual poderia por sua vez prolongar um culto indígena.


<Na Escócia, há um ritual parecidíssimo que inclui figos e vinho.>


Prossigo:

Quanto ao vinho e aos figos utilizados em celebração eventualmente análoga escocesa nesta data, parece-nos uma coincidência grande demais com o ritual acima descrito para que não haja aí uma ligação pagã porventura bastante arcaica.

Sugere-se, assim, um resumo ritualístico:

Acreditamos que os santos nomeados em cada arremesso eram nada mais do que substitutos dos Antigos Deuses, a quem seriam oferecidas as cabeças de gado em sacrifício.

Sendo assim, em sinal de honra para com as nossas Divindades, podemos actuar de modo a que esta memória sirva para As cultuar na medida do possível. Afirmamos que quem dá o que tem a mais não é obrigado e, de momento, é isto que temos para cumprirmos o nosso dever de lealdade sagrada para com os Deuses Ancestrais.

Tendo isto em mente, pode-se continuar na reconstrução de um ritual para ser realizado da noite de 31 de Outubro para o Primeiro de Novembro:

- Suba-se a um monte, com um recipiente contendo vinho e, se possível, levando figos também.

- Dirijam-se algumas palavras aos Deuses e aos Ancestrais, como por exemplo, «Ofereço este vinho em honra de (todos os Deuses) e de ENDOVÉLICO (por exemplo) e de ATAEGINA (outro exemplo...) e dos Ancestrais» ao mesmo tempo em que se eleva o recipiente acima da cabeça e se derrama um pouco do precioso líquido fermentado.
- Lancem-se depois pedras: a cada arremesso, nomeie-se um Deus - que temos afinidade e de seguida beba-se um gole em sua honra. E assim sucessivamente, para cada Divindade que vier à memória ou enquanto houver vinho...
Se se ficar completamente alcoolizado, também não há mal nenhum, porque esta celebração pode perfeitamente incluir uma vertente jocosa e de desregramento.


Honrem portanto os Deuses e os ancestrais, porquanto é este um momento de ligação privilegiado entre os vivos e os Poderes do Outro Mundo, e os mortos da mesma estirpe.

Vivifique-se o Povo com o contacto dos seus Deuses e antepassados.

Os Deuses, neste caso? TODOS, como já foi dito, com destaque para ENDOVÉLICO, Senhor do Mundo Inferior, e talvez também para ATÉGINA, A da Noite e da Vingança.

Acreditamos também que a Deidade BAND deverá ser honrada, pois que, se BAND representar o que pensamos que representa, isto é, a Deidade dos Laços, ou seja, a Divindade que preside à união da estirpe, ao povo propriamente dito - e esta celebração é uma celebração dos laços de estirpe além-túmulo - então, BAND será das principais Entidades nesta cerimónia.
Os ancestrais? São os da Lusitânia e seus aparentados: as altivas e fortes estirpes dos castros enevoados.




Cordialmente,





terça-feira, 20 de março de 2012

Tese sobre Plucios para Bruxos

Estava analisando algumas teses e deparei com o termo "Plucios" para a origem da palavra Bruxo, e para nós membros conselheiros do CBT é sempre um prazer ter um desafio intelectual para encontrarmos mais informações que venham de encontro às expectativas pagãs de encontrarem dados históricos, materiais realmente que se sustentem diante dos achados ditados pelas matérias acadêmicas, muito embora como dito diversas vezes em nossa casa, não discutimos crença! Apenas promovemos mais informações para que o próprio peregrino encontre suas respostas como um ser pensante e não se petrifiquem em fanatismo e modismos.

Pois bem, pegamos um artigo com esta frase: - Ao se rastrear as origens do termo bruxa encontra-se a palavra latina plucios (plus = mais; cios = saber), denominando pessoa que sabe muito..

Encontraremos muitas palavras que se aproximam morfologicamente do termo bruxo, diante da diversidade de línguas que estariam em torno de 6.212 idiomas, conforme o compêndio Ethnologue, considerado o maior inventário de línguas do planeta. Sendo assim, seria de consenso e lógico de se pensar que haveriam palavras morfologicamente semelhantes!

Existe um comodismo intelectual em acreditar que a palavra bruxo esta ligada ao termo sabedoria, a sabedoria é inerente às religiões, poderíamos filosofar sobre a questão em dizer que sabedoria é um estado de espírito, o que já difere de um homem de conhecimento. Seria como generalizar um bibliotecário que já leu centenas de livros por fazer parte de sua profissão e lhe dar um título default de sábio; Seriam todos os homens de profissão de conhecimento sábios? É justo separar o CONHECIMENTO do conceito SABEDORIA.

O termo "homem sábio" como um curandeiro é utilizado na Inglaterra desde o século 15, porém com mais relevância no século 19, chamados de "cunning folk" na Grã Bretanha, a prática de curandeirismo popular esta ligada a feitiçaria e não a bruxaria já depreciada pelas linhas cristãs como práticas mágicas de malefício (magia negra) desde a Era Medieval conforme influência cristã. Já as linhas religiosas pagãs inspiradas ou não na religiosidade nativa ancestral focam seus estudos ao período anterior a influência cristã (Era Antiga), dentro do fundamento de crença chamado de Paganismo, de onde nasce a religiosidade Bruxaria de fato, retirando todo o ranço advindo do cristianismo na Europa e suas depreciações para com as outras religiões.

Concluindo que a ligação de sábio para bruxo é uma influência direta da Era Moderna e não existe nenhuma ligação fundamentada para com a palavra bruxaria na Era Antiga, embora ainda assim existam teses que mereçam ser aprofundadas pela comunidade acadêmica.

Voltemos à palavra  latina plucios (plus = mais; cios = saber), "denominando pessoa que sabe muito." entrei em contato com muitos doutores*1 das cadeiras de latim e linguística para entender se existiriam fundamentos para me aprofundar nessa pesquisa, a conclusão é que esta palavra não existia, e de certo ela não existe, a palavra estava errada morfologicamente falando, seria plusscius!

Descoberta a grafia correta, fui à busca de argumentos que pudessem dar base para essa busca às palavras de origem latina, e novamente embora existisse uma citação, quando digo uma é exatamente isso, uma citação apenas contida em um texto de Satíricon na parte central, mais especificamente na cena Trimalchionis da obra de Tito Petrônio Árbitro (27-66 D.C.).

Segue abaixo a origem da tese:

Referência: Ali, Said, Investigações Filológicas, 1975, pag. 275
A palavra pode ser herdada do substrato do Celtibérico ou pode derivar da origem plusscius Latina,-a, um (> mais + scius), um hápax atestado na cena Trimalchionis, uma parte central em Petrônio de Satíricon. Pluscia poderia ter surgido a partir da mutação da vocalização de / p /, pluscia> pruscia> Bruscia> bruxa (Português)


Algumas referências nos dicionários de latim quanto à palavra sábio:


saber = scire

sábio = prudentibus
sabedoria = sapientia
para saber mais = plus scire
na medida em = cios
Pluscios = Pequena cidade da Lituânia.
Referência Inglês/ Latim:
http://ancienthistory.about.com/od/petronius/a/Petroniusvocab.htm
Plusscius = knowing more (?)


CONCLUSÃO

É necessário para um bruxo andar por um caminho de sabedoria, diferente da idade antiga aonde o conhecimento vinha direto da natureza, hoje se faz necessário um esforço maior diante de tantos dados desconectos.

"knowing more" (mais conhecimento) Quem precisa de mais conhecimento? Seria o sábio ou o ignorante? Conhecimento é igual à sabedoria? Podemos basear nossa religiosidade em cima de uma palavra  que poderia ser um erro de escrita? Seria a couve de Bruxelas a couve dos Bruxos??

Ser um bruxo é mais que ser um curandeiro, é mais que ser um cozinheiro, é mais que ser um feiticeiro e não é preciso ser um teólogo sobre esta questão, teologia que é ensinada por padres e evangélicos em instituições como PUC (Pontifícia Universidade Católica), Universidade Presbiteriana Mackenzie, pela Universidade Metodista, entre outras de menor expressão. A base mais sólida que temos com o termo bruxo é o nosso próprio idioma e que já existia antes mesmo dos romanos invadirem a Ibéria, mostrando uma grande porta para o campo do estudo antropológico dos povos antigos europeus.

Contudo cada um é livre para buscar o conhecimento, para fazer suas teses e exercer o seu direito de fé.


Abraços Fraternos,
Ricardo DRaco


*1 - Dra. Sandra Braga Bianchet - Licenciada em Português, Latim, Inglês e Alemão pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estudos Linguísticos. Pela USP doutora na área de Língua e Literatura Latina. Na mesma universidade em que se iniciou na vida acadêmica, hoje leciona no seu curso de bacharelado em Latim.
Dr. Erivelton Rangel de Almeida - Mestre em Cognição e Linguagem - Professor de Língua Portuguesa
Dr. Edinalda Almeida, coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Literatura, Memória, Cultura e Sociedade do Instituto Federal Fluminense.
 


Cordialmente,

segunda-feira, 19 de março de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL E O CASAMENTO PAGÃO

Temos pesquisado a origem do casamento pagão tendo como foco a idade antiga e a região Europa e como esses processos ritualísticos funcionavam nas Sociedades Antigas, no entanto a origem do casamento tal como conhecemos hoje advém da região romana em um processo de alteração da sociedade perante os costumes cristãos.  As primeiras referências mais enfáticas do período surgiram com as primeiras cerimônias religiosas com a presença de uma noiva! Sim, antes disso, as noivas não precisavam comparecer aos eventos cerimoniais, bastando cumprir um papel complementar na rotina matrimonial, o que incluía ter um lar seguro, a esposa (não necessariamente apenas uma) e, claro, uma prole.

O uso de guirlandas com flores (representando a felicidade) e espinhos para prender os cabelos (também para afastar os maus espíritos) e posteriormente o uso do véu provavelmente ligado à deusa Vesta (protetora dos lares) e que simbolizava a honestidade e a virgindade da noiva.

A origem da palavra:
Derivada da palavra "casa", o termo casamento é quando seguindo o mesmo modelo lexical de "patrimônio" (pater), mas usado na palavra matrimonio tem origem no radical mater ("mãe").
 
Troca de Alianças
O ritual da troca de aliança sela um vinculo de compromisso, seu formato em círculo, segundo algumas teses eram para definir um amor infinito, sem fim, e é colocado no dedo anular da mão esquerda porque acreditava-se que ali havia uma veia ligada direta ao coração. Também pode dar a visão ao ato de penetração sexual.
O que tudo indica o casamento na idade antiga era um contrato político envolvendo bens e política, e dentro dessa política gerar união de clãs e a preservação das terras.

Handfasting
Sua origem deriva de um costume escocês do século 17 (aproximadamente) da troca do tradicional tecido de lã e com padrões de tartan (símbolos xadrezes dos clãs escoceses) em cerimônia pública, esses tecidos eram amarrados formando uma espécie de corda que a partir disso mostrava a união das casas (clãs). Essa prática se tornou próxima das práticas atuais de casamento, embora ao invés dos tartan tradicionais escoceses a substituição por fitas.
O traçar de fitas/ cordas é algo comum à feitiçaria, servem também ao simbolismo de junção entre as partes magicamente. 

 

A Lei sobre o Casamento
Art. 1.515,  “O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.”.
Art. 1.516 – O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1° O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2° O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.


Abraços Fraternos,

Ricardo DRaco

sexta-feira, 9 de março de 2012

Descobertos 500 Contos de Fadas

São príncipes e princesas, animais falantes, heróis e bruxas más prontos a entrar no imaginário. São as histórias nunca antes publicadas.

Diana Martins (www.expresso.pt)
 
Uma coleção de 500 contos de fadas do século XIX foi descoberta na Alemanha. Os escritos são do historiador Franz Xaver Von Schönwerth e estavam "perdidos" num arquivo da cidade de Regensburg, na Baviera, há cerca de 150 anos. Alguns foram publicados no ano passado, mas muitos ainda se mantêm inéditos.
Todo um novo mundo de príncipes corajosos, donzelas em apuros, animais mágicos e bruxas más veio agora à luz do dia com a descoberta de uma coleção de mitos, lendas e histórias compiladas por Franz Xaver Von Schönwerth, entre 1810 e 1886, por volta da mesma época em os irmãos Grimm colecionavam contos de fadas que ainda fazem as delícias de pequenos e graúdos.
Quando se pensava que nada haveria a acrescentar aos tradicionais contos infantis, como Cinderela ou o Gato das Botas, eis que a fantasia surpreende. Von Schönwerth terá passado várias décadas a questionar as populações rurais sobre os seus hábitos, tradições, costumes e histórias, registando em papel o que até então fazia apenas parte da cultura oral.
O historiador alemão reuniu o que apurou na sua pesquisa num livro intitulado "Aus der Oberpfalz - Sitten und Sagen" ("Da região de Oberpfalz - Costumes e Lendas", tradução livre). A obra chegou a ser publicada na época, mas nunca alcançou qualquer tipo de notoriedade, caindo no esquecimento.
Agora, a fundadora da sociedade Franz Xaver Von Schönwerth, Erika Eichenseer, decidiu publicar o trabalho do historiador e trazer a público muitas histórias nunca antes contadas.
De acordo com a investigadora alemã, Von Schönwerth distingue-se dos irmãos Grimm pelo fato de ter mantido as histórias bastante fiéis às versões que ouviu.
"Não há romanticismo ou uma tentativa por parte de Schönwerth em interpretar aquilo que ouviu e em desenvolver um estilo próprio", explica Erika Eichenseer ao jornal britânico "The Guardian".
No ano passado, Eichenseer publicou, em língua alemã, parte dos contos do historiador, num livro intitulado "Prinz Roßzwifl", uma expressão local alemã para designar besouro. A investigadora está agora ansiosa para que a obra seja traduzida para inglês e os contos sejam reconhecidos internacionalmente.   

 

segunda-feira, 5 de março de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL: Entre o Eu e o Ego


Entre o Eu e o Ego


Inimigo de nós mesmos...


Eu gostaria de me sentir sempre feliz! E quem não gostaria? Gostaria de sentir dentro de mim aquele sentimento de plenitude que experimento quando me sinto imensamente grata por aquilo que estou recebendo. Quando recebo amor, carinho, conforto, quando tenho paz em meu coração! É assim que gostaria de me sentir, sempre. No entanto, a vida é cheia de paradoxos, e nós sabemos que não podemos estar sempre cem por cento felizes, pois no dia-a-dia muitas vezes choramos de tristeza, sentimos dor pela falta de amor, pela falta de alimento e de conforto.



Nossa existência nos leva a experimentar a tristeza para que possamos reconhecer a felicidade. Sim, creio que precisamos do preto para reconhecer o branco, precisamos da fome para reconhecer a saciedade, precisamos da carência afetiva para reconhecer a felicidade de amar. Mas somos gratos por aquilo que recebemos? Bem, essa é outra historia! Normalmente nos esquecemos de agradecer por aquilo de bom que recebemos, mas nos queixamos, sim, nos

queixamos muito por aquilo que não temos. De manhã, quando abrimos os olhos, nos lembramos de agradecer pela vida? Normalmente o Eu interior agradece, mas o Ego não. Sabem o por quê? O Ego é o outro eu, ou seja, é um eu imaginário, criado à imagem e semelhança dos outros!

O Ego se espelha nos outros, pois é criado em nós pelo ambiente, pela sociedade em que vivemos, pela mãe e pelos parentes que nos rodearam quando crianças. É através dessas pessoas que construímos o Ego. São eles, aqueles que nos rodeiam, que permeiam nossa mente de modelos para nos servirem de espelho. O Ego nos é útil, faz parte de nossa personalidade e não podemos prescindir dele, pois vivemos numa sociedade e precisamos estar inseridos nela, nos espelhando e nos adequando a ela. Por exemplo, vamos trabalhar de manhã e nos vestimos de acordo com as regras desta sociedade. Se vivemos no Brasil ou noutro país ocidental, estaremos vestindo um terno (os homens) uma roupa discreta e elegante (as mulheres) e nos sentiremos assim inseridos no contexto. Se vivemos num país oriental, estaremos nos vestindo de outra forma, nos comportando de outra forma, de acordo com outras regras, não é mesmo? Não são somente as regras de vestir, mas todo nosso comportamento é moldado e resulta no nosso Ego. Assim, pouco a pouco, ao crescermos, construímos em nós uma identidade, como se fosse um outro Eu. E acabamos acreditando ser esse nosso verdadeiro Eu! Mas o Eu interior, aquele que é alimentado pela centelha divina dentro de nós, este é diferente, único, não precisa de espelho, não precisa de regras. O Eu está sempre feliz!



Por essa razão, podemos fazer essa constatação: o Eu não sofre, quem sofre é o Ego. Vamos fazer um exercício: quando experimentarmos algo ruim, uma dor, por exemplo, vamos nos perguntar: é o Eu que está sofrendo ou é o ego? Creio que o Eu sofre ao ver outro ser humano sofrer e então sente aquela dor como sua e corre para aliviar o sofrimento alheio. A isso chamamos de solidariedade. O Ego, por sua vez, sofre porque vê outro ser humano ‘ter’ algo que ele não tem. O Ego sofre mais que o Eu e se aprendermos a reconhecer essa dor, esse sofrimento, se aprendermos a fazer essa diferença então viveremos mais serenos.


Muitas pessoas vivem sua vida somente movidas pelo Ego, podem desenvolver de maneira rudimentar o Eu somente para se tornar ‘chefes de manada’, melhores dentro de sua espécie, mas dificilmente desenvolvem a Consciência do Eu Interior.Quem busca o Conhecimento está desenvolvendo o Eu Interior, portanto está em busca da Identidade amadurecida. Assim, quando queremos ‘parar de sofrer’ devemos fazer a diferença entre o sofrimento do Ego e o sofrimento do Eu. Reconhecer essa diferença nos fará viver melhor, creiam-me! O Ego é um presente, pois pode tomar todo o sofrimento para si e deixar que nosso espírito use essa experiência para o crescimento! Saber reconhecer a diferença de qual das identidades está a sofrer nos possibilita viver em Paz, aceitar o sofrimento como experiência necessária para o crescimento, nos torna mais serenos, alivia imediatamente a dor. No momento em que reconhecermos essa diferença a Luz interior estará nos ajudando e aliviará nosso sofrimento. 




Cordialmente,

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL - Crenças da Fé Eslava

Estamos recebendo grandes manifestações Religiosas da Antiguidade e a ligação com a terra, com a ancestralidade, com os deuses e toda essa ligação que une o bicho homem às manifestações pagãs, da Antiga Religião tendo por visão o culto às divindades e o agregado mágico humano. Um bruxo é uno com as forças da Natureza, com os Ciclos, então em nossa concepção um Bruxo é fluídico e pleno, mas não indomado, pois quando se mergulha nesta fé não existem egôs, não existem dúvidas, não existe a ambição, apenas um estado pleno de saber que ser ou não ser em nada importa para quem caminha por esta peregrinação tão serena e sábia.


Crenças da Fé Eslava

Nós acreditamos em Deuses eslavos, acreditamos na bondade, sabedoria e beleza escondida sob seus rostos; os Deuses eslavos são fontes de poder, vida e felicidade, a crença em nossos Deuses é a herança que nós preservamos.


Os Deuses eslavos, são adorados por milênios, representam as imagens mais bonitas do poder divino e a mais próxima de nossos corações. Os Deuses criaram uma hierarquia multipessoal, uma ordem mutuamente complementar, a ordem que emergiu do caos.

Acreditamos que os Deuses dão sentido à nossa existência, nós acreditamos que eles protegem as ações de nossos ancestrais, nossas ações, de nossos filhos e netos para nunca serem esquecidas; as coisas mais valiosas serão repassadas e continuará a existir no eterno ciclo de reviver da vida.

Assumimos que a morte de um homem termina em determinada fase, essa é a condição da transformação de uma nova forma de existência; Os nobres e persistentes serão recompensados com a entrada em níveis continuamente mais elevados da existência, mais consciente, mais significativo e mais próximo aos Deuses.

O conhecimento da humanidade não atingiu um nível que permita determinar a essência do universo, mas estamos conscientes de seu crescimento constante, agora podemos nos tornar uma parte desse crescimento, progresso permanente enche nossa vida de significado e dota-nos com fé na sobrevivência de nossas ações.

Nós praticamos duras regras éticas, vivemos de forma adequada, honesta e nobre. Condenamos a preguiça, covardia imprudência e hipocrisia, o mais perverso para nós é a traição.

Somos inimigos da maldade e acima de tudo, condenamos a falta de vontade para superá-la. Propagamos o há de melhor em nós, carregamos a responsabilidade por nossas ações, crescemos e criamos, pois este é o nosso destino.

Somos defensores de nossos valores, de nossa família e da nossa comunidade, defendemos o direito de viver em nosso próprio território, defendemos o espaço da nossa civilização, este dever decorre das leis mais óbvias da natureza.

Nossos rituais concentram seguir o ritmo da natureza, na busca de sabedoria nas leis da natureza e nos direitos divinos presentes nele. Nossos rituais cultivam a relação com a nossa comunidade étnica e espiritual, orações e refeições comuns, homenagem aos nossos antepassados, homenagem aos nossos deuses, buscamos trazer manter o significado para nossas antigas festas nativas.

Acreditamos na razão, a fonte de cognição humana, nós acreditamos em nosso poder, a razão para a mudança constante, acreditamos na alma, o elemento divino do homem.
Nossa comunidade nos rodeia com apoio e ajuda, buscando trazer para fora o que há de mais valioso em nossas almas, as únicas coisas que valem à pena.

A cruz gamada, um triskelion, um círculo e uma cruz, mesmo armado são os símbolos da fé eslava, os símbolos de codificação do conhecimento sobre a ordem do universo.
Fama aos Deuses, Memória aos antepassados!

http://www.slowianskawiara.pl/relacje/wyznanieserbia.html
Tradução e adaptação: Lua Eslava



Cordialmente,
CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL NO BRASIL
http://www.bruxariatradicional.com.br

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Os Deuses e o seu Mundo e Yggdrasil

Os Deuses e o seu mundo 
 

"Eu sou o filho da Terra e do Céu estrelado, mas a minha origem é só o Céu." 

O mundo tinha em seu centro uma grande árvore, um grande freixo chamado Yggdrasil. Essa árvore era tão grande que os galhos de estendiam tanto pelo céu quanto pela terra. Três raízes sustentavam o grande tronco; uma passava pelo reino dos Esirs, outra ia até o reino dos gingantes do gelo e a terceira no reino dos mortos. Sob a raiz na terra dos gigantes havia a fonte de Mimir, cujas águas continham sabedoria e entendimento. Odin dera um dos olhos para ter direito de beber um único gole daquela preciosa água. 

A árvore formava um elo entre os diferentes mundos. No princípio, havia duas regiões: Muspell no sul, repleta de brilho e fogo; e um mundo de neve e gelo no norte. Entre os dois se estendia no grande vazio de Ginnungagap ou o caos. Onde o calor e o frio se encontravam no meio da expansão, um ser vivo aparecia no degelo, chamado Ymir. Era um gigante e debaixo do seu braço esquerdo nasceram o primeiro homem e a primeira mulher, enquanto de seus dois pés a família dos gigantes do gelo foi gerada. 

Ymir alimentava-se do leite de uma vaca, que lambia os blocos de gelo salgado e produziu um novo ser, um homem chamado Buri. Ele teve um filho chamado Bor e os filhos de Bor eram os três Deuses: Odin, Vili e Vê. Esses três mataram Ymir, o antigo gigante, e todos os gigantes de gelo, exceto um, Bergelmir, se afogaram no sangue que dele jorrou. 

Do corpo de Ymir, eles formaram o mundo dos homens: ... de seu sangue o mar e os lagos, de sua carne a terra, e de seus ossos as montanhas; de seus dentes e maxilares e outros ossos semelhantes que se quebraram, formaram-se as rochas e os pedregulhos. Da cabeça de Ymir, eles fizeram a cúpula do céu, colocando um anão em cada um dos quatro cantos para sustentá-la e mantê-la firme acima da terra. Esse mundo dos homens era protegido pelos gigantes por uma muralha, feita das sobrancelhas de Ymir, e se chamava Midgard. 

Os Deuses trouxeram à existência o tempo, enviando Noite e Dia para percorrer os céus em carruagens puxadas por velozes cavalos. Duas belas crianças, uma garota chamada Sol e um garoto chamado Lua, também foram colocadas por eles em caminhos através do céu. Sol e Lua tinham de movimentar-se rápido porque eram perseguidos por lobos, que pretendiam devorá-las. No dia em que o maior dos lobos conseguisse engolir o Sol, o fim de todas as coisas estaria próximo. 

Depois que o céu e a terra se formaram, estava na hora de construir Asgard, o reino dos Deuses. Em Asgard havia muitos saguões maravilhosos, onde os Deuses residiam. O próprio Odin vivia em Válaskjálf, uma suntuosa morada com telhado de prata, de onde ele podia apreciar a vista de todos os mundos ao mesmo tempo. Ele tinha outra morada chamada Valhala, o palácio dos aniquilados, onde ele oferecia hospitalidade a todos que caíam em batalha. Todas as noites, ele fazia banquete com carne de porco que nunca acabava, e hidromel, que fluía no lugar do leite das tetas da cabra Heidrun, uma das criaturas que se alimentavam de Yggdrasill. 

Os convidados de Odin passavam o dia em combate, e todos os derrotados eram reerguidos à noite para festejar com os outros. Chifres de hidromel eram trazidos a eles pelas Valquírias, as virgens de Odin, que também tinham de descer aos campos de batalha da terra e decidir o destino da guerra, convocando os guerreiros caídos para Valhala. 


Mitologia Nórdica 


Em algum lugar em Asgard, havia uma construção com um telhado de ouro, chamada Gimli, para onde iam os homens justos após a morte. Havia outros reinos além de Asgard, como Alfheim, onde viviam os belos elfos, e três céus, estendendo-se um depois do outro. Jötunheim, o reino dos Jotnar ou gigantes e Nifheim ou Nilflheim, a morada da escuridão, que ficava embaixo das raízes da árvore do mundo. 



Fonte bibliográfica:
Hilda R. Ellis Davidson - Deuses e Mitos do Norte da Europa

Bênçãos plenas!
Rowena Arnehoy Seneween ®

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ordem Iniciática: Lidando com Comprometimentos

 
Segue um artigo muito elucidador sobre a convivência em uma Ordem Iniciática, um observar lúcido sobre nossas relações com as pessoas e com a instituição a qual lhe acolhe.

Toda conversa gerada sobre uma vivência em grupo é comum ter pontos levantados e realmente acredito ser interessante que eles o sejam, e que bom que se pode falar sem o negócio virar uma briga, risos! Gostaria de "levantar uma bola", com a intenção de causar uma reflexão a mais em todos nós.

Entre a consciência e a ilusão a divisão é bem tênue, um passo apenas, basta um pensamento equivocado.

Com relação às tarefas em grupo, é nelas que reflito: Nosso caminho prima pelo livre fluir, então acredito que todas as atividades devem caminhar de uma forma muito natural, cobranças extremas não são construtivas, se existe um trabalho para ser feito, então faça! Nesta simplicidade... Talvez o mais interessante não seja 1 receber a ajuda de 30, mas sim este 1 ser suficiente para auxiliar os 30.

É uma questão de mudar a forma viciada de ver as coisas, de esperar receber ao invés de dar, de sair da reativa e então, imaginem o que não seremos capazes de realizar quando cada um dos 30 forem capazes de fazer por mais 30?

Esse é o melhor dos mundos, quando todas as peças da engrenagem rodam individualmente gerando benefícios coletivos. É o "fazer não fazer" do D. Juan de Mattos (Ref. aos livros de Carlos Castañeda). Não precisa forçar nenhuma peça porque o fluxo é algo auto-sustentável.

Claro, tem gente que é folgada mesmo, não se prontifica a ajudar em nada e isso sobrecarrega alguém, mas não é neste mérito da questão, que quero ressaltar.

Eu falo de poder de realização, de fazer pelo motivo certo, de dar a sua contribuição independente do outro dar a dele ou não. De olhar para os seus atos e não se direcionar para os passos alheios.

A gente não pode achar que fez demais, que fez sozinho e não era nossa obrigação, não pode achar que o que fez é muito ou o mais importante, nem que nos destacamos por fazê-lo, cair no jogo do ego que teima em dar uma importância supérflua as coisas, simplesmente se faz porque é necessário no momento.

Não veja como um sacrifício, nem como algo que deva ser exaltado, mas com alegria por ter podido fazer algo para todos.
 

Observo tanta gente que fica nos bastidores, acho desnecessário a coisa do querer mostrar serviço, o conhecimento esta na simplicidade das coisas, está na música cantarolada enquanto as panelas são limpas, esta no barulho da vassoura riscando o chão assim como esta também na lenha que estala no fogo e no barulho dos passos do peregrino.

No mais, ao invés de pensar que estamos fazendo um esforço solitário, porque não pensamos que é bom ser útil pelo prazer de ser, sem esperar nada em troca e pelo simples fato de ser capaz de fazer. E quando a atividade esta pesada demais para se fazer sozinho por que não pedimos ajuda?

Assim como acho que é importante que quando alguém ver algum novato fazendo algo que não deve, por inexperiência, dar um toque na pessoa, para alertar mesmo, raramente a situação irá se repetir pois a partir de então a pessoa saberá que aquilo não é o correto.

Temos de lembrar que hoje carregamos a mochila de um peregrino irmão para que amanhã, quando estivermos cansados e com os pés doloridos, alguém carregue também a nossa.

Só quero propor uma reflexão complementar; rodar com a roda, é tempo de mesa farta e saibamos equilibrar o rigor e a misericórdia.

Abraços Fraternos,
Yellow Cat

Cordialmente,
CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL NO BRASIL
 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL: Gabija - Deusa do Fogo Báltica.

 
Gabija - Deusa do Fogo Báltica.
No último dia 5 de fevereiro, celebramos o Dia De Gabija, a Deusa do Fogo Lituana, mas para entendermos a importância do culto à Gabija, devemos entender a importância do fogo para esta nação.
A adoração ao fogo tem sua origem na Era Antiga. Desde que o fogo protegeu o homem de todos os tipos de animais e terrores da noite obteve grande estima, além de um sentido sobrenatural e transcendental. Mesmo quando foi trazido das cavernas para dentro das casas não perdeu sua sacralidade. 
Cuidar do fogo, das brasas e das cinzas é tarefa somente das mulheres, assim como conduzir o ritual à Gabija. Elas devem cuidar do fogo com carinho e respeito todas as manhã e ao cair da noite. Desrespeitar o fogo é considerado extremamente ofensivo e pode trazer grande destruição. 
Podemos comparar Gabija a Vesta, Héstia e Brigide, com pequenas diferenças, já que para os lituanos, principalmente, Gabija é tida como o Centro Flamejante de tudo que é vivo neste planeta.

As oferendas a Gabija são basicamente de sal e pão, e claro uma fogueira. O culto a Gabija permanece sem alterações desde sua origem na Era Antiga até os dias de hoje.
Gabija assume diversas formas como de aves, gatos e antropomorficamente de uma mulher vestindo vermelho que muitas vezes é descrita com asas. 
Gabija é responsável pela proteção de nossos lares e família, prove-nos com felicidade e fertilidade.
Todos os rituais Bálticos começam com uma fogueira sendo acesa em honra a Gabija em primeiro lugar. 
Quando sal ou um pouco de comida cai em nosso fogão devemos dizer: "Gabija búk pasotinta" - Gabija está satisfeita. Assim estaremos em paz em nossos lares.

Colaboradora: Erika Audra
Erika é pesquisadora e escritora de artigos sobre a religiosidade pré-cristã no Báltico e colaboradora do CBT.

Cordialmente,

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Drogados ou Divinos eis a Questão

Artigo sobre enteógenos na sociedade urbana e contemporânea.

Enteógeno significa literalmente "manifestação interior do divino", deriva da palavra "entusiasmo" de raiz grega, que refere à comunhão religiosa sob efeito de substâncias visionárias ou à espasmos de profecia. Entretanto este termo foi proposto como uma forma apropriada de nomear estas substâncias, sem tachar pejorativamente costumes de outras culturas.

As substâncias enteógenas eram e são comum nos ritos de base campesina, pela ligação entre o homem e a natureza, essa ligação se torna ainda mais comum quando entendida pelos atributos ideológicos/ religiosos que chamaremos de fundamentos do Paganismo, que em sua forma tradicionalista (Paganismo Tradicionalista) implica no estudo e práticas ligadas a Floresta e com isso todo o agregado preservado de conhecimento ancestral no uso de ervas e suas diversas funções que se estendem da medicina até a utilização de cultos religiosos. No Brasil existem milhares de ervas que ainda não foram catalogadas e através de estudos científicos chegam às indústrias farmacêuticas; muitos remédios tendo como base o conhecimento nativo dos chamados povos da floresta.

Contudo a exploração deste conhecimento não gera indignação na sociedade, pois tanto as indústrias como a população ganham com esta questão, seja pela motivação financeira, seja nas alternativas de curas, contudo as questões religiosas ainda se tornam um taboo para a sociedade urbana, visto que não lidam bem com a sua espiritualidade, muito embora a consagram na forma sintética através das farmácias também conhecidas como drogarias.

O desconhecimento da população em definir remédio de droga gera um grande desconforto, pois se uma drogaria (farmácia) vende remédios e não drogas como avaliar o contexto sagrado das plantas enteógenas e seus benefícios religiosos?

Esta questão chama a atenção pela falta de sensibilidade e coesão em catalogar qualquer psicotrópico como um veneno social, misturando práticas nativas e ancestrais com a indústria da criminalidade e o mau uso das ervas, entretanto devemos separar em conceitos diferentes o que é um enteógeno de um veneno químico, tal como devemos separar uma prática religiosa fundamentada de uma prática de entretenimento inconsequente.

Na atualidade temos alguns movimentos religiosos que estão em pauta sobre a legalização, no Brasil temos a ayahuasca regida pelos movimentos como Santo Daime, UDV, Cefluris e sociedades indígenas, temos a questão da Cannabis Sativa advinda do movimento Rastafári (Jamaica), a Igreja do Peyote (México e USA), o movimento nacionalista da folha da Coca (Peru, Bolívia, Colômbia) e movimentos menores como jurema, iboga, salvia divinorium, entre outros.

O que entendemos nessa questão é que as sociedades nativas tradicionalistas possuem uma grande ligação com a herbologia ao mesmo tempo em que em sua medicina trabalham as questões espirituais, sendo que não é o fato de serem psicotrópicos simplesmente e sim um contato com o divino espiritual, isto difere largamente das questões de entretenimento, o famoso "ficar chapado", que podemos convencionar como um desequilíbrio humano diante do afastamento da natureza e consequentemente da sua religiosidade. Além destas questões filosóficas / religiosas encontramos também o comercio do sagrado, que acontece pela falta de informação e agravada pela desinformação gerada por interesses menos nobres.
Fomos questionados para traçar a diferença entre drogados consumidores de crack e "drogados" consumidores de enteógenos. A diferença é muito clara e vamos colocar alguns tópicos que diferenciam esta dúvida.

1 - Origem do culto: Todos os cultos tem uma base religiosa nativa.
2 - Químico: Não foca na retirada do princípio ativo químico e sua potencialização na forma industrial.
3 - Quanto à utilização: Feita unicamente em culto religioso.
4 - Financeira: Não visam lucros, embora lícito pela divisão de custos e trabalhos envolvidos.
5 - Objetivo: Ligação obrigatória com o divino, como obra da cura da alma e dos mistérios do espírito.
6 - Comportamento: Os enteógenos em sua maioria são de consagração coletiva.
7 - Reação: Não causa dependência química.

Com esses conceitos já se pode ter uma visão mais clara sobre o assunto

Em outro questionamento estaria à questão de que nossa sociedade urbana estaria isolada de movimentos nativos e por isso o uso de enteógenos seria declarado como "droga social".
 
Entendemos que nossa sociedade sofre com a perda da ligação para com a ideologia do natural, causando um desequilíbrio emocional, uma patologia social, contudo devemos separar as moléstias de nossa "urbanidade" dos cultos de sociedades nativas, e para aqueles que sentirem uma inclinação para estas questões religiosas que busquem o contato real e necessário para a sua cura interior, sabendo separar "terapeutas" místicos do comércio de pessoas pautadas na preservação de culturas nativas e que tratam com respeito todo o legado mágico religioso, procurando por pessoas e instituições focadas no estudo cientifico tal como focadas no respeito ao trabalho espiritual. É coeso dizer que muitas pessoas não estão familiarizadas com esta questão, muitos não são índigenas, outros estão longe das questões tradicionalistas, contudo isso não é desculpa para a falta de discernimento, da falta de estudos e da necessária busca pela prática espiritual sincera.
Também estamos convictos que a prática com enteógenos não é para todos e não deveria ser tão divulgada de forma superficial pela mídia e que a maioria dos opositores, quando, e se tiveram esta experiência, estavam totalmente despreparados para esta vivência e assim acabaram por ser vítimas de traumas que motivaram as revoltas.

O mundo dos enteógenos é um mundo muito pleno de conhecimento, entretanto além de um grande respeito é necessário estar preparado para a quebra de paradigmas, da intolerância, preconceito e medo.


Cordialmente,

CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BRUXARIA TRADICIONAL: Festival de Lughnasadh

Festival de Lughnasadh


Irlandês antigo: Lugnasad 
Irlandês: Lúnasa
Gaélico escocês: Lùnastal 
Manx: Luanistyn

Lughnasadh é celebrado no dia 1° de fevereiro no Hemisfério Sul e
1° de agosto no Hemisfério Norte. "Lá Lúnasa" é um dos quatro Festivais Celtas mais cultuados e, uma celebração agrícola de agradecimento, onde se comemora o festival de colheita e  a honra a memória de Tailtiu, mãe adotiva de Lugo, o Deus das muitas habilidades.

Lughnasadh é uma época ideal para agradecermos às nossas colheitas, sejam elas colheitas rurais ou de atos pessoais. Lughnasadh marca o tempo da colheita, onde oferendas são feitas com diversos objetivos, tal como proteção, cura, prosperidade e até uma época para escolha de maridos.

Lughnasadh literalmente significa "Jogos de Lugh", isso se deve ao antigo costume celta de promover encontros tribais, feiras e competições esportivas, denominado "Oenach", quando os clãs se reuniam em paz, para honrar a soberania da terra e resolver questões jurídicas. 



O festival sobreviveu como o Fair Taillten , e foi revivido por um período no século XX, como os Jogos Telltown. Em Teltown, às margens do rio Boyne (derivação da Deusa Boann), é tradicionalmente celebrado com jogos competitivos entre homens e meninos. Os vencedores são declarados campeões e responsáveis pela defesa da aldeia. 

Neste ritual as primeiras oferendas são dedicadas a terra junto com pedidos e  agradecimentos.




Cordialmente,

CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Bruxaria Tradicional: A peregrinação politeísta ao Endovélico

A peregrinação politeísta ao Endovélico realiza-se na Lua Cheia de Julho; por outro lado alguns dos seguidores deste deus pagão aproveitam o solstício do Verão para realizarem cultos (a ponto de se falar em turismo do endovélico). Com esses pretextos falamos de uma divindade pagã da «Idade do Ferro, venerada na Lusitânia pré-romana. Deus da medicina e da segurança (...) O culto de Endovélico sobreviveu até ao século V, até que o cristianismo se espalhou na região». Isobel Andrade, da Associação Cultural Pagã, vem ao programa para nos falar do significado do Endovélico.




Cordialmente,

Conselho de Bruxaria Tradicional no Brasil

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Ciclo de Lugo - A Juventude


Os contos populares mencionam o nascimento de Lúg Lámfada, embora nestas histórias o nome do menino nunca é explicitado. As fontes escritas concordam que o pai de Lug foi Cian filho de Dian Cecht e Ethne filha de Balor. Estas fontes não revelam, no entanto, os bastidores de seu nascimento. Informam-nos que o pequeno Lúg foi trazido para casa para Dall Duac e foi adotado por Tailtiu filha Magmór Rei da Espanha


Tailtiu era a esposa de Eochaid mac Eirc, último rei dos Fir Bolg. 

Tailtiu era a mãe adotiva de Lugh, que o criou com o amor, como se fosse sua própria cria. Quando Lugh atingiu a idade certa que ele foi enviado para Temair, onde deu uma contribuição valiosa para a guerra que o Tuatha Dé Danann estavam preparando contra Fomóire .

Outras fontes, igualmente, argumentam que o padrinho de Lug era apenas Manannan Mac Lir, que o criou como um grande campeão e sempre o protegeu. Outros ainda dizem que o jovem Lugh trabalhou como assistente na forja de Gabidien, em que ele foi capaz de praticar as suas diversas tecnicas.

Senhor das Habilidades conhecido pelos Tuathas Dé Dannam como o "Ioldanach" (Mestre de Todas as Artes ou Senhor dos Mil Talentos).

epítetos
 
Ildánach"Das muitas artes"
Samildanach -  "O que une muitas das artes"
Lámfata"O de Arma Longa"
Lonnbeimenech - "O que impressiona furiosamente"
Dal Duana - "cegamente teimoso"


Parentesco Mítico
Pai:  Cian mac Cainta
Avô:  Diana Cecht
Mãe:  Ethne filha de Baloir
Avô materno: Balor Mac Doit
Pai adotivo (I): Manannan Mac Lir
Mãe adotiva (II): Tailtiu




Cordialmente 
Conselho de Bruxaria Tradicional