Estava analisando algumas teses e deparei com o termo "Plucios" para a origem da palavra Bruxo, e para nós membros conselheiros do CBT é sempre um prazer ter um desafio intelectual para encontrarmos mais informações que venham de encontro às expectativas pagãs de encontrarem dados históricos, materiais realmente que se sustentem diante dos achados ditados pelas matérias acadêmicas, muito embora como dito diversas vezes em nossa casa, não discutimos crença! Apenas promovemos mais informações para que o próprio peregrino encontre suas respostas como um ser pensante e não se petrifiquem em fanatismo e modismos.
Pois bem, pegamos um artigo com esta frase: “- Ao se rastrear as origens do termo bruxa encontra-se a palavra latina plucios (plus = mais; cios = saber), denominando pessoa que sabe muito.”.
Encontraremos muitas palavras que se aproximam morfologicamente do termo bruxo, diante da diversidade de línguas que estariam em torno de 6.212 idiomas, conforme o compêndio Ethnologue, considerado o maior inventário de línguas do planeta. Sendo assim, seria de consenso e lógico de se pensar que haveriam palavras morfologicamente semelhantes!
Existe um comodismo intelectual em acreditar que a palavra bruxo esta ligada ao termo sabedoria, a sabedoria é inerente às religiões, poderíamos filosofar sobre a questão em dizer que sabedoria é um estado de espírito, o que já difere de um homem de conhecimento. Seria como generalizar um bibliotecário que já leu centenas de livros por fazer parte de sua profissão e lhe dar um título default de sábio; Seriam todos os homens de profissão de conhecimento sábios? É justo separar o CONHECIMENTO do conceito SABEDORIA.
O termo "homem sábio" como um curandeiro é utilizado na Inglaterra desde o século 15, porém com mais relevância no século 19, chamados de "cunning folk" na Grã Bretanha, a prática de curandeirismo popular esta ligada a feitiçaria e não a bruxaria já depreciada pelas linhas cristãs como práticas mágicas de malefício (magia negra) desde a Era Medieval conforme influência cristã. Já as linhas religiosas pagãs inspiradas ou não na religiosidade nativa ancestral focam seus estudos ao período anterior a influência cristã (Era Antiga), dentro do fundamento de crença chamado de Paganismo, de onde nasce a religiosidade Bruxaria de fato, retirando todo o ranço advindo do cristianismo na Europa e suas depreciações para com as outras religiões.
Concluindo que a ligação de sábio para bruxo é uma influência direta da Era Moderna e não existe nenhuma ligação fundamentada para com a palavra bruxaria na Era Antiga, embora ainda assim existam teses que mereçam ser aprofundadas pela comunidade acadêmica.
Voltemos à palavra latina plucios (plus = mais; cios = saber), "denominando pessoa que sabe muito." entrei em contato com muitos doutores*1 das cadeiras de latim e linguística para entender se existiriam fundamentos para me aprofundar nessa pesquisa, a conclusão é que esta palavra não existia, e de certo ela não existe, a palavra estava errada morfologicamente falando, seria plusscius!
Descoberta a grafia correta, fui à busca de argumentos que pudessem dar base para essa busca às palavras de origem latina, e novamente embora existisse uma citação, quando digo uma é exatamente isso, uma citação apenas contida em um texto de Satíricon na parte central, mais especificamente na cena Trimalchionis da obra de Tito Petrônio Árbitro (27-66 D.C.).
Segue abaixo a origem da tese:
Referência: Ali, Said, Investigações Filológicas, 1975, pag. 275
A palavra pode ser herdada do substrato do Celtibérico ou pode derivar da origem plusscius Latina,-a, um (> mais + scius), um hápax atestado na cena Trimalchionis, uma parte central em Petrônio de Satíricon. Pluscia poderia ter surgido a partir da mutação da vocalização de / p /, pluscia> pruscia> Bruscia> bruxa (Português)
Algumas referências nos dicionários de latim quanto à palavra sábio:
saber = scire
sábio = prudentibus
sabedoria = sapientia
para saber mais = plus scire
na medida em = cios
Pluscios = Pequena cidade da Lituânia.
A palavra pode ser herdada do substrato do Celtibérico ou pode derivar da origem plusscius Latina,-a, um (> mais + scius), um hápax atestado na cena Trimalchionis, uma parte central em Petrônio de Satíricon. Pluscia poderia ter surgido a partir da mutação da vocalização de / p /, pluscia> pruscia> Bruscia> bruxa (Português)
Algumas referências nos dicionários de latim quanto à palavra sábio:
saber = scire
sábio = prudentibus
sabedoria = sapientia
para saber mais = plus scire
na medida em = cios
Pluscios = Pequena cidade da Lituânia.
Referência Inglês/ Latim:
http://ancienthistory.about.com/od/petronius/a/Petroniusvocab.htm
Plusscius = knowing more (?)
É necessário para um bruxo andar por um caminho de sabedoria, diferente da idade antiga aonde o conhecimento vinha direto da natureza, hoje se faz necessário um esforço maior diante de tantos dados desconectos.
"knowing more" (mais conhecimento) Quem precisa de mais conhecimento? Seria o sábio ou o ignorante? Conhecimento é igual à sabedoria? Podemos basear nossa religiosidade em cima de uma palavra que poderia ser um erro de escrita? Seria a couve de Bruxelas a couve dos Bruxos??
"knowing more" (mais conhecimento) Quem precisa de mais conhecimento? Seria o sábio ou o ignorante? Conhecimento é igual à sabedoria? Podemos basear nossa religiosidade em cima de uma palavra que poderia ser um erro de escrita? Seria a couve de Bruxelas a couve dos Bruxos??
Ser um bruxo é mais que ser um curandeiro, é mais que ser um cozinheiro, é mais que ser um feiticeiro e não é preciso ser um teólogo sobre esta questão, teologia que é ensinada por padres e evangélicos em instituições como PUC (Pontifícia Universidade Católica), Universidade Presbiteriana Mackenzie, pela Universidade Metodista, entre outras de menor expressão. A base mais sólida que temos com o termo bruxo é o nosso próprio idioma e que já existia antes mesmo dos romanos invadirem a Ibéria, mostrando uma grande porta para o campo do estudo antropológico dos povos antigos europeus.
Contudo cada um é livre para buscar o conhecimento, para fazer suas teses e exercer o seu direito de fé.
Abraços Fraternos,
Ricardo DRaco
*1 - Dra. Sandra Braga Bianchet - Licenciada em Português, Latim, Inglês e Alemão pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estudos Linguísticos. Pela USP doutora na área de Língua e Literatura Latina. Na mesma universidade em que se iniciou na vida acadêmica, hoje leciona no seu curso de bacharelado em Latim.
Dr. Erivelton Rangel de Almeida - Mestre em Cognição e Linguagem - Professor de Língua Portuguesa
Dr. Edinalda Almeida, coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Literatura, Memória, Cultura e Sociedade do Instituto Federal Fluminense.
Cordialmente,