quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em Busca do "Mestre Interior" e a Bruxaria

Um dos grandes tabus que encontramos em nossa sociedade é o medo de aparentar ser menos que alguém, verdade seja dita, existe rivalidade entre irmãos, depois passam a rivalidade na escola em busca de ser melhor que o coleguinha do lado e se ele não pode ser o melhor em matemática ele vai tentar ser melhor em português ou vai sentar no fundo e vai ser o atormentador de coleguinhas, dai o sujeito cresce e quer ser o melhor profissional ele quer ser gerente e como não é melhor que o seu gerente ele passa a tentar puxar o tapete, quem nunca viu isso? Essa rivalidade eu chamaria de processo desequilibrado da humanidade, a humanidade é autodestrutiva, convenhamos! Sim existem os que escrevem bonito fazendo parábolas, mas quando estão descontentes se tornam iguais a qualquer tolo, apenas escondendo sua frustação em uma aparência superior espiritualizada.

A Bruxaria Tradicional é um caminho entre vários, não existe um caminho melhor que outro e sim um caminho que se adequa melhor a sua crença interior, mesmo que inutilmente se queira alterar o mesmo, que por sinal é um modelo coletivo, as suas necessidades pessoais de crença.

Aposto que já escutaram por ai sobre o "Mestre Interior" para mim o mestre interior tem um nome ele se chama "bom senso", por vezes podemos chamar de "consciência espiritualizada", contudo esse tal mestre não mora em qualquer morada, por vezes o termo é usado para substituir o modelo "não aceito alguém que saiba mais do que eu sei" e "não convivo bem em grupos", ha muito tempo esse termo se tornou desculpa!

Caro leitor, todo mundo precisa de um mestre, um orientador e na vida teremos muitos seres que em algum momento iluminado irão nos apoiar, nos ensinar, nos abrir portas, nossos pais são nossos mestres, nossos avós, nosso chefe e até nossos opositores, se tivermos entendimento real sobre a vida poderemos facilmente entender o quanto o conhecimento pode ser acessado e por vezes é preciso apenas esticar o braço.

Sim é verdade, existe a ilusão, não uma, mas várias. Confundem a função de mestre com salvador, com ser ascencionado, com o iluminador eterno, e ai muitos são obrigados a cair na realidade, mestres são pessoas, pessoas que destinaram um tempo de suas vidas a ensinar uma matéria, mas apenas isso, eles vão continuar a serem humanos, erram e acertam, são por vezes carinhosos, por vezes duros, mas assim é a vida, a vida não são rosas, se o são contem espinhos doloridos.

Sempre digo àqueles que tento ensinar, que apenas passo o conhecimento, as atitudes, as escolhas, as verdades cabe a cada um descobrir, não quero bajuladores, quero gente pensante, ativa, motivada e com objetivo. Quero pessoas idealistas, que acreditam e seguem o que se propõem a seguir, se falam apenas e não fazem já estão fora do caminho, senão usam o seu poder pessoal para criar o seu trajeto e sim atrapalhar o outro o que lhe valeu o conhecimento? Viver na ignorância pode ser o objetivo para alguns, mas não acredito que isto faça parte do caminho da Bruxaria Tradicional.

Por que as pessoas se juntam em grupos? Pelo simples fato de compartilhar as visões e perceber que unidas conseguem construir pontes mais rapidamente para a outra margem do conhecimento, contudo todos sabem que o caminhar é solitário, pelo motivo que quem deve dar os passos somos nós como peregrinos, por estas questões conselhos, grupos, clãs existem, não pelo fato egoíco, mas pelo fato fraterno.

Ah sim, temos a crítica mal feita, já pararam para pensar àqueles que geralmente criticam a figura do mestre são os que não tem um mestre, a não ser a desculpa do "mestre interior"? E a crítica com agrupamento de pessoas (coventículo, conselho, grupo, etc...)? Aqui podemos pensar que o sujeito não esta em um clã e critica quem esteja ou realmente esta muito descontente com o clã que segue, isto é se o sujeito não cometeu um "suicídio social" perante seu grupo.

Temos que entender e sermos honestos com nós mesmos, é preciso um despertar, não tratamos aqui de poesia, tratamos de o seu caminhar, de sua vida, não adianta termos belíssimos artigos se o sujeito não consegue interpretar e seu único objetivo é pegar pêlo em ovo, não adianta ser orientado se o sujeito não ouve, não adianta mostrar um caminho se a única coisa que o sujeito vê é o seu próprio umbigo.

Eu não acredito em mestres eternos, nossos mestres são mestres na medida em que nos damos o direito de escutar, do mesmo jeito que conhecimento é eficaz quando nos permitimos a captá-lo com seriedade, não são arquivos, listas, blogs, comunidades e livros que nos farão melhores e sim a necessidade de compreensão que somos responsáveis por tudo de bom ou ruim que nos acontece, devemos assumir as consequências de atos impensáveis e tortos que cometemos sem culpar pessoas ou associações.

Somos rotulados pelos nossos atos, e porquê haveria de ser diferente? Que sejamos francos, se teus atos são medíocres você se torna medíocre, Ahhhhh mas você me chamou de medíocre, NÃO! Seus atos são medíocres, seu caminhar é medíocre e é por isso que foi chamado de medíocre, mude suas ações e será avaliado de outra maneira do mesmo modo que não acredito que alguém que se prontifique a ser um mestre por toda a vida, somos mestres na medida que ensinamos, acabado o momento de ensinar iremos ser o fruto de nossos atos em outros ofícios.

No mais, nós conselheiros do CBT, não estamos aqui para negar o que você assumiu como verdade absoluta, as suas verdades são de sua custódia, nós como um grupo unido por fraternidade e projetos sociais estamos em outro caminho que em nada se baseia no ego, se assim o fosse não estaríamos nesse trabalho árduo e por muitas vezes ingrato.

Segue uma frase inspiradora:

Não cobre a colheita se você não plantou.

Abraços Fraternos,

A.F.
Ricardo DRaco
CLÁN DRAGONES - Círculo de Bruxaria Tradicional Ibero-Celta