quarta-feira, 23 de maio de 2012

Faz sentido a Bruxaria Tradicional nos dias de hoje?

Os Bruxos Tradicionais sempre intrigaram quer pela sua visão quer pelo misticismo em volta a sua figura. Quem são os Bruxos Tradicionalistas e de onde surgiram? Faz sentido a Bruxaria nos dias de hoje?

Estas entre outras perguntas inquietam os peregrinos na busca do entendimento; sabendo que poucos relatos sobreviveram dessas tradições de base pagã e que os documentos são inexistentes ou quando existem são pouco fiáveis. De que modo então poderemos identificar a Bruxaria Tradicional nos dias atuais em relação à Bruxaria na Era Antiga? Será que faz sentido empregar o termo Neo Bruxaria Tradicional?


Em primeiro lugar deve-se manter bem claro a ideia de  que a Bruxaria, seja qual for a sua vertente é e sempre será uma religiosidade de base pagã e enraizada na cultura indo-europeia. A Bruxaria segue uma trajetória histórica, social e religiosa bem específica, no entanto muitas são as especulações quanto à origem destas tradições. Podemos fazer valer dos autores que escrevem sobre suas origens e suas crenças? O que tratamos aqui são questões baseadas na oralidade, no folclore e no agregado cultural regionalizado, no entanto hoje será difícil para um historiador estar isento da sua cultura para analisar outra historicamente, o mesmo se passou com autores da era antiga que relatam acontecimentos que para eles seriam relevantes aos olhos da sua cultura e por vezes influenciados por interesses externos.


Sabemos que os Bruxos Tradicionais de uma maneira geral são cultuadores de divindades de origem pagãs, sacerdotes, e que juntamente com esta função acumulavam outras como a preservação e continuidade de costumes e práticas mágicas, algumas ligadas a cura, a adivinhação ou a consulta de oráculos e na organização iniciática quando estes se tornaram maiores e mais estruturados.


Se fechar em dois ou três autores ou especuladores baseados das obras anteriores não será o suficiente para entender a diversidade dos clãs e ordens quase sempre isolados socialmente. De certo a imaginação popular cria mitos tal como na era medieval e não seria diferente aos dias de hoje ligando-os a uma cultura anticristã, ao imaginário do desconhecido e que causa medo e rejeição.
A Bruxaria Tradicional só poderá ser vista de forma clara do panorama de dentro para fora, faltam ainda elementos em nossa sociedade de base cristã para entender sua religiosidade, suas visões de caminho e seu agregado mágico, aos que vivem a sombra de apenas relatos tendem a confundir ou mesclar com a visão simples de feitiçaria baseada na continuidade mitológica urbana advinda de tempos cristãos medievais até a era cotidiana regidos ao crescimento de igrejas protestantes que consequentemente herdaram a visão de Bruxaria como prática de magia negra. Com isso também teremos visionários que buscam através da preservação da tradicionalidade, antes do julgo e da depreciação cristã para o termo, mostrar a sociedade um caminho independente, ancestral e rico em conhecimento.

A Bruxaria Tradicional não poderia existir até os dias atuais senão por uma ligação raiz de religiosidade que se destacou além do tempo e da sociedade, a ela não seria possível se sustentar apenas pela exclusividade de ofício tribal de profissão, pois as ciências avançaram ao ponto que a sociedade se voltaria a tecnologia, restando às práticas/ medicina alternativa apenas os desenganados, que são curados em grande parte pelo poder da fé (magia) e consequentemente da espiritualidade.
De fato a cada dia que passa as pessoas tem buscado na Bruxaria um caminho que busca preencher a ausencia da Natureza na sua religiosidade, observando a espiritualidade com novas ferramentas, através de outros princípios aos quais fugiram das religiões predominantes de base monoteísta.
Por serem princípios descontextualizados da sociedade cristã corre-se atualmente um grande risco na tentativa desesperada de encaixe do que viveram em outras religiões para com as vertentes pagãs.
Se uma tradição também tem seus princípios quais seriam esses para não cair no improviso e no plágio de outros procedimentos ritualísticos externos a estas tradições? A resposta é o reconhecimento da ancestralidade da terra, descartando as influências culturais e religiosas de cultos não nativos.

A Bruxaria Tradicional na atualidade poderá ocupar a mesma lacuna ao qual prestavam os cultos pré-cristãos na antiguidade? Até quando ou como os princípios podem ser aplicados na sociedade de hoje? Como manter as tradições diante da globalização e dos costumes "fast-food"?
Foram lançadas diversas questões ao qual se resume que tanto a Bruxaria Tradicional, como outras linhas pagãs tem um grande trabalho pela frente, a preservação como base de uma questão tradicionalista exige um comprometimento e uma devoção que destoam das questões que a sociedade moderna capitalista necessita quanto a obtenção de produtos e serviços, hoje diante da possibilidade da prestação dos ofícios de práticas alternativas e o crescimento de centros holísticos onde gira a roda financeira permissiva da sociedade moderna.



A.F.
Ricardo DRaco
B.T.I.C.