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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Diversas Artes sobre o Deus Lugo

Seguem algumas Artes do Artista Jim Fitzpatrick.

It was during this time of risk and change that I had a remarkable experience, painful and terrifying at the time, that not only confirmed me in my sense of the rightness of what I was doing but was to shape my future and dominate my thinking for years to come. 

It was the night of May 1st 1973; the old Celtic feast of Beltene. 
Fonte: http://www.jimfitzpatrick.ie/vision.html





Cordialmente,

CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Ciclo de Lugo - A Juventude


Os contos populares mencionam o nascimento de Lúg Lámfada, embora nestas histórias o nome do menino nunca é explicitado. As fontes escritas concordam que o pai de Lug foi Cian filho de Dian Cecht e Ethne filha de Balor. Estas fontes não revelam, no entanto, os bastidores de seu nascimento. Informam-nos que o pequeno Lúg foi trazido para casa para Dall Duac e foi adotado por Tailtiu filha Magmór Rei da Espanha


Tailtiu era a esposa de Eochaid mac Eirc, último rei dos Fir Bolg. 

Tailtiu era a mãe adotiva de Lugh, que o criou com o amor, como se fosse sua própria cria. Quando Lugh atingiu a idade certa que ele foi enviado para Temair, onde deu uma contribuição valiosa para a guerra que o Tuatha Dé Danann estavam preparando contra Fomóire .

Outras fontes, igualmente, argumentam que o padrinho de Lug era apenas Manannan Mac Lir, que o criou como um grande campeão e sempre o protegeu. Outros ainda dizem que o jovem Lugh trabalhou como assistente na forja de Gabidien, em que ele foi capaz de praticar as suas diversas tecnicas.

Senhor das Habilidades conhecido pelos Tuathas Dé Dannam como o "Ioldanach" (Mestre de Todas as Artes ou Senhor dos Mil Talentos).

epítetos
 
Ildánach"Das muitas artes"
Samildanach -  "O que une muitas das artes"
Lámfata"O de Arma Longa"
Lonnbeimenech - "O que impressiona furiosamente"
Dal Duana - "cegamente teimoso"


Parentesco Mítico
Pai:  Cian mac Cainta
Avô:  Diana Cecht
Mãe:  Ethne filha de Baloir
Avô materno: Balor Mac Doit
Pai adotivo (I): Manannan Mac Lir
Mãe adotiva (II): Tailtiu




Cordialmente 
Conselho de Bruxaria Tradicional 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

RITUAL E MITOLOGIA - O Ciclo de Lugo

O objetivo do Conselho de Bruxaria Tradicional no Brasil é gerar conhecimento aos  seus leitores dentro do Caminho Sábio promovendo o entendimento de identidade cultural e preservação da religiosidade na Bruxaria, levando a todos a visão mágia, tradicionalista e ancestral. 


Já com a vinda do Ritual de Lughnasadh, para quem presta culto ao ciclo da natureza do Hemisfério Sul, que acontecerá nos primeiros dias de fevereiro conforme direcionamento ao Povo Celta, promoveremos um agregado de contos sobre o Deus Lugh (Lugo para os celtas continentais).

Agradecemos as contribuições de estudiosos na área folclorista e assim preservar a identidade cultural e mágica da Era Antiga.

 

I - O NASCIMENTO DE LUGO NO FOLCLORE



Entre os textos antigos da mitológia que são responsáveis pelo nosso conhecimento sobre a figura brilhante de Lúg Lámfada, a Segunda Batalha de Mag Tuired é sem dúvida a mais competente e detalhada fonte de estudos.
Ainda, sobre as origens de Lugo, ainda que um texto cheio de preciosismos apenas fornece algumas informações gerais: nos informa, por exemplo que Lugo foi o filho de Cian dos Tuatha Dé Danann e de Ethne filha do fomóire Balor, e acrescenta que ele tinha sido adotado e ensinado nas artes mágicas por Tailtiu esposa do Garb Eochaid. Esta genealogia é confirmada a partir do Livro das Invasões da Irlanda. Outro relato encontraremos na narrativa da vingança de Lugh contra os filhos de Tuirenn (Brian, Iuchar e Iucharba) os assassinos de Cian.

Os detalhes de sua concepção sugere que Lugh nasceu sob um casamento político estabelecido quando o Tuatha De Danann firmaram uma aliança com os Fomóire. 



Gnisit iarum Tuatha De caratrad Fomorib embreagem, ocus Debert Balar ua neito para Ingino. I. Ethne, de Dien Cecht Cen mac. Gônadas da ruc lado um mbuadha Gein. I. LUCC.Em seguida, o Tuatha Dé formou uma aliança com os Fomóire , e Balor neto de Net deu a sua filha Ethne a Cian filho de Dian Cecht . E ela deu à luz o filho glorioso, Lug .
Batalha (segundo) da Mag Tuired


No entanto, em um grande número de contos populares, coletados em diferentes áreas, em momentos diferentes e por diferentes pessoas, sobreviveu a uma quantidade considerável de material mitológico que escapou às fontes antigas, essas fontes formaram muitos contos de fada sobre o nascimento de Lugh. Diferentes versões desta história, foram transcritos através dos mitos camponeses irlandeses durante o século XIX. Algumas dessas versões são dadas por William Larminie e Curtin Jeremias em suas coleções de carater fictício (Larminie 1893 | Curtin 1894) .

Esses contos, mesmo que não combinem bem com as fontes antigas, nos dão um parecer sobre a visão mitológica dos personagens e suas correspondências na sociedade antiga. Figuras míticas como Goibniu, Lugh, Manannan e Oengus Oc,  estam vivas na herança folclórica irlandesa. Poderíamos perguntar, no entanto, quão confiável este material para a reconstrução dos mitos irlandeses? Esta é a grande dificuldade da questão, separar o mito da histórica, seria também necessário rever os textos da era medieval redigidos pelos monges copistas irlandeses retirando suas distorções para com o catolicismo. Certamente, reunindo os textos populares medievais e matérias acadêmicas, com muito estudo e dedicação poderemos com sensibilidade entender de maneira mais ampla os mitos antigos celtas.
Cordialmente 
Conselho de Bruxaria Tradicional 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

BRUXARIA TRADICIONAL: Magia das Palavras no Mundo Celta

Literalmente, magia quer dizer fascinação ou encanto, normalmente praticado por um mago ou sacerdote. O sacerdócio é uma prática nobre e honrosa para todos aqueles que buscam o conhecimento profundo em benefício de si e da própria humanidade.

Muitos homens e mulheres percorreram o caminho iniciático, em busca deste conhecimento, de forma errônea e egoística, esquecendo-se que a vida por si só é uma eterna iniciação rumo ao aprendizado espiritual.

Em cada época de evolução e despertar da consciência humana podemos observar a que ponto chegou a ignorância e o medo sentido pelo homem, o que contribuiu apenas para o desequilíbrio do mesmo.

Ao falarmos da magia das palavras, referimo-nos a forma como o homem vem se expressando através dos tempos e, assim, construindo um mundo de formas e crenças ao seu redor. Antigas lendas ressaltam que durante certo período da história, toda a raça humana possuía um único credo e uma única língua.

Mas, com um número cada vez maior de necessidades básicas de sobrevivência, a dispersão foi iniciada e uma incessante migração de tribos primitivas da Terra deu inicio ao processo de divergências entre os povos.

As tribos celtas sofreram várias influências, mas conservaram a maioria dos seus costumes, símbolos e principalmente a sua língua. A Irlanda foi o país que mais elementos primitivos conservaram deste povo, além da crença na existência de um 'outro mundo' poderoso e misterioso, habitado por fadas e seres sobrenaturais.

Este poder está na certeza da realização e das possibilidades de tornar os sonhos em realidade, expressando a fé através da confiança e da palavra mágica proferida ou a energia positiva da palavra falada. Na Irlanda, até os dias de hoje, se fala o gaélico irlandês, herança da língua celta, impregnada com toda a força ancestral.

As invocações são antigas formas de conexão com o nosso eu superior, ou seja, súplicas direcionadas para se alcançar algum objetivo, sejam na forma de poemas, canções ou até da própria dança.

Essas conexões são formas de se expressar à magia natural, comumente conhecida como orações, bênçãos, maldições ou encantamentos.

A máxima de usar qualquer prática está na sabedoria de atrairmos tudo aquilo que queremos de bom para nossas vidas, sendo que o contrário também se torna verdadeiro, pois ao desejarmos algo de ruim a outrem, estaremos automaticamente atraindo a mesma energia para nós mesmos. Pense nisso!

Rowena Arnehoy Seneween ®
Conselheira do CBT (Conselho de Bruxaria Tradicional)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CONSELHO BRUXARIA TRADICIONAL: Druidismo e BT na Cultura Celta

 Como esses dois caminhos, Druidismo e Bruxaria Tradicional Ibero-Celta, que prestam reverência às divindades celtas, são vistos atualmente?

Primeiro precisamos entender o que significa a etimologia da palavra bruxaria - que deriva de bruxa - cuja origem até hoje não foi determinada e muito menos compreendida.

Alguns autores alegam que esse vocábulo vem do latim, mas há indícios da sua origem na Península Ibérica antes da chegada dos romanos, essa hipótese é comprovada pelo fato das línguas ibéricas reconhecerem as palavras: bruxa (português), a bruja (espanhol) e a bruixa (catalão). Caso derivasse do latim ela também estaria presente no francês, que usa a palavra sorcière e no italiano que usa strega. E que nos dias atuais tornou-se uma forma pejorativa para designar as pessoas "místicas".

A Bruxaria Tradicional ou Bruxaria tem suas origens nas diversas crenças vindas do Paganismo - que é um nome genérico dado às religiões politeístas, panteístas e animistas - e sua essência está nos cultos pré-cristãos originário do Continente Europeu.

Como seguimos o Paganismo Celta - que engloba o Druidismo e o Reconstrucionismo Celta - buscamos fontes de pesquisa desta cultura para os nossos estudos, através da História, Antropologia e Arqueologia, sob uma ótica reconstrucionista, principalmente, anterior à cristianização, levando-se em consideração que os celtas não deixaram ensinamentos escritos dos seus cultos, lendas ou mitos, apenas ensinamentos orais que, posteriormente, foram registrados por historiadores greco-romanos.


Dentro da nossa crença não há o conceito de "bem" e "mal", há apenas o comprometimento com a verdade, a honra, a justiça, a lealdade e o respeito para com a natureza e todos os seres.

Infelizmente, este conceito de que a bruxaria é algo do "mal", veio através do domínio da igreja católica, aliada ao poder dos soberanos, para subjugar e aniquilar as crenças politeístas dos pagãos, ou seja, das pessoas que viviam nos campos, na Europa Antiga.

As práticas ligadas ao Druidismo e a Bruxaria Tradicional, no caso com foco celtibero, que são religiões naturais da terra, que nos trazem um maior centramento interno através da reconexão com a nossa ancestralidade, com a terra onde vivemos e os elementos que a cercam, em conformidade aos Três Reinos Celtas e a sua visão do mundo: a Terra, o Céu e o Mar.

"A existência de algo que se pode fazer a ponte entre dois pólos fundamentais, leva-nos a um terceiro elemento de importância igual aos dois pólos e, assim, há uma valorização da estrutura ternária do universo. O terceiro elemento pode ser: o pôr-do-sol, entre o dia claro e a noite escura; entre o Céu e a Terra, o Submundo; um Deus que se move livremente entre dois grupos aparentemente opostos de divindades, etc. Como regra, é o elemento de transição que proporciona movimento e mudança. Por extensão, três torna-se um número perfeito, que fornece a conclusão - como, por exemplo, com o início, meio e fim de uma história ou de qualquer outro processo a decorrer no tempo. Por este motivo poderes divinos são vistos frequentemente, como sendo triplo na natureza, indicando que eles estão atuando em toda parte e em todos os momentos. O significado do número três pode ser intensificado, aumentando para nove (três vezes três), ou mesmo 27 (três vezes nove - o número de mansões lunares na astrologia védica, por exemplo). Os celtas, como um povo indo-europeu, partilham esta herança: suas crenças e práticas estavam enraizadas nas tradições que receberam dos antepassados, que tinham em comum com outros indo-europeus." Por Alexei Kondratiev.

Este modo de pensar jamais prega o proselitismo, apenas indica um caminho mais condizente com as verdades da alma, proporcionado assim, um maior equilíbrio físico, mental e espiritual, evocando a consciência que somos os responsáveis por curar nós mesmos, a família e o planeta. Que assim seja!


Rowena Arnehoy Seneween 
Conselheira do CBT (Conselho de Bruxaria Tradicional no Brasil)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

BRUXARIA TRADICIONAL - Relato Peregrino de honra a Brighid

 
Metáforas desenham entre as linhas segredos para aqueles que entre elas se encontram. E já há algum tempo aguardava esta benção! A ansiedade me crivou com suas unhas, marcando-me as centenas de dias que se estenderam. A angústia da distância desintegra-se impotente ante o reencontro dos que chamo de fraternos, e, Oimelc em cada minúcia se mostra imponente. Brighid em teu coração infinito de grandeza sempre declara haver espaço para mais dos filhos bastardos desta terra, filhos estes que acolho como fraternos da mesma forma que fui acolhido quando eu bastardo vagava procurando por uma família. E à vocês, novos em nosso caminho, novos em nossa fraternidade, desejo e peço força, perseverança, sabedoria, e, respeito à tão amada tradição que cultivamos.

E o que ganhamos em troca? Tudo que fordes capazes de segurar entre vossos braços! Como é generosa nossa mãe! Que abençoa não somente teus filhos, mas todo este solo que abriga tuas criações. Desde o fogo que transforma em teu seio o que não mais nos serve até o espectro das cores noturnas tão vivas que parecem refletir o dia. Onde há vida esta se manifesta por vossa vontade! Ensina-nos por carinho com a paciência que não existe ainda em nossa personalidade borrada. O balançar de vossas longas mechas de cabelo faz brotar as flores que enfeitam nossos campos. Teu sorriso suplica para que se levante o horizonte rubro alegre, que em facínio se ergue contente e, por tua nobreza, amanhece em nós um novo tempo, afogando o passado cíclico, envolvente, oportunista e predador de nossa consciência.

Quanta gratidão amada mãe! Tantos presentes empilhados num espaço tão discreto, presentes ausentes em materialidade, transbordando vosso bálsamo cristalino sobre meu espírito. Encontro-te onde eu procurar… Ali sempre e sempre estás. Que oportunidade é tê-la ao nosso lado, fitando-nos como filhos amados. Sigo-lhe hipnotizado tentando imprimir firmeza em meus passos. E no fogo eu aprendi! E foi no fogo que tu me ensinaste o canto que atiça a chama, ensinaste-me que o ar que respiro é muito mais do que apenas veículo! Há magia nos teus mais simples gestos, borrifando vossa sede da restauração pelo ar. Semeia a alegria onde tocam vossos calcanhares.

Entrei na fogueira aquele menininho apreensivo que noutro dia chegou, hoje saio da fogueira como realmente sou… Queimei os segredos que um dia tranquei numa caixinha, e tu mostraste as respostas que eu não tinha… O Mestre há tempos já dizia junto à fogueira, que há mais vida onde está a fogueira.

Ao teu pedido parei, olhei, respirei, e compreendi que não há nada de errado a nossa volta. As cousas acontecem no andamento dum ritmo tão perfeito, assim como as nuvens vão bailando pelo espaço largo numa fila respeitando o lugar de cada uma sem embaraçar-se em sua união... Indaguei pelo equilíbrio, e o espasmo sarcástico das noures me ensinara que aqueles como eu, que procuram pelo equilíbrio aos flancos, estes sim, penderiam no desequilíbrio que sonda a margem da incerteza... Pois, como equilibrar-se num mundo que gira a todo o instante em todos os sentidos? Vossa vóz doce me disse: Tolo sois vós, que atenta contra o ritmo próprio de vossa natureza, assume tua pequenez e acompanha as sábias ondas ao invés de correr contra a correnteza.

Num piscar de olhos estava eu de volta, no lugar de onde nunca saí... E, o tempo que nunca existiu caçoava das minhas frágeis verdades desabadas aos pedaços pelo chão, que de tão espalhadas, obrigaram-me a desistir de juntá-las. Quanto mais alto tu me levas, mais distante percebo que sempre estive de alguma verdade. Obrigado Brighd!
 
Att.
Conselho de Bruxaria Tradicional Campesina no Brasil
 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

BRUXARIA TRADICIONAL - A Marca da Maldição

"Foras Feasa ar Éirinn", Seathrún Céitinn, §46:
"Dála na ndruadh is é feidhm do-nídís do sheicheadhaibh na dtarbh n-iodhbarta a gcoimhéad ré hucht bheith ag déanamh conjuration nó ag cur na ndeamhan fá gheasaibh, agus is iomdha céim ar a gcuirdís geasa orra, mar atá silleadh ar a scáile féin i n-uisce, nó ré hamharc ar néallaibh nimhe, nó ré foghar gaoithe nó glór éan do chlos. Gidheadh an tan do cheileadh gach áisig díobh sin orra, agur fá héigean dóibh a ndícheall do dhéanamh, is eadh do-nídís cruinnchliatha caorthainn do dhéanamh agus seicheadha na dtarbh n-iodhbarta do leathadh orra agus an taobh do bhíodh ris an bhfeoil do chur i n-uachtar díobh, agus dul mar sin i muinighin a ngeasa do thoghairm na ndeamhan do bhuain scéal díobh, amhail do-ní an togharmach san chiorcaill aniú; gonadh de sin do lean an sean-fhocal ó shoin adeir go dtéid neach ar a chliathaibh fis an tan do-ní dícheall ar scéala d'fhagháil."
"Alicerce do Conhecimento sobre a Irlanda", Geoffrey Keating, §46:
"Quanto aos druidas, o uso que faziam dos couros dos touros oferecidos em sacrifício era guardá-los a fim de fazer conjuros ou lançar geasa sobre demônios. E muitas eram as formas em que lhes impunham geasa, tais como olhar fixamente suas próprias imagens na água, ou contemplar as nuvens do céu, ou escutar atentamente o barulho do vento ou o chilrear dos pássaros. Porém, quando falhavam todos esses recursos e viam-se obrigados a medidas extremas, o que faziam era formar cercados circulares de sorveira e lançar em cima o que fora oferecido em sacrifício, colocando o lado que estivera junto à carne mais elevado e confiando em suas geasa para chamar os demônios e deles obter informação, tal como hoje em dia faz no circo o prestidigitador, de onde vem o antigo ditado desde então corrente que diz ter alguém 'ido ao seu cercado do conhecimento' quando fez o máximo para obter uma informação."

"Geasa" é o plural de "geis", uma espécie de tabu (proibição ou obrigação) semelhante a um encantamento. Pode-se comparar as geasa a uma maldição e, ao mesmo tempo, um dom. Se alguém que se encontra sob uma geis violar o tabu, isso pode resultar em desonra e morte. Se, ao contrário, a "geis" for cuidadosamente observada, o resultado é o crescimento do poder pessoal.

As "geasa" aparecem com frequência nas narrativas sobre os herois, funcionando como um elemento-chave para desencadear o destino do protagonista. Um exemplo bastante conhecido é o de Cúchulainn, que estava sob o poder de duas "geasa" antagônicas: não comer carne de cachorro e aceitar qualquer alimento que lhe fosse oferecido por uma mulher. Quando uma bruxa inimiga lhe ofereceu carne de cachorro antes de uma batalha, ele foi obrigado a aceitar. A violação de um dos tabus (para obedecer outro) acabou levando-o à morte.

"Demônio", no texto de Céitinn, é a óbvia interpretação cristã padrão para as divindades e espíritos reconhecidos por outras religiões.
"Lançar geasa sobre demônios" significa, neste caso, realizar o rito necessário (o procedimento formal requerido) para levar os espíritos a fornecer uma informação desejada.
As "geasa" geralmente eram impostas por um druida ou por uma mulher, fazendo as vezes da Soberania ("Fláith"). Um excelente exemplo é Conaire Mór, cujas geasa, se desatendidas, provocariam a esterilidade da terra.
Retornando a Cúchulainn, a quebra do tabu fez com que ele perdesse a força de um dos braços. Obedecer as geasa, sobretudo para um rei, era sinal de sua integridade e adequação ao cargo - "fir flaithemon", a verdade do soberano, era o requisito principal para o soberano irlandês ideal.

Enviado por Bellovesos

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Animal Simbolismo na Mitologia Celta

Animal simbolismo na mitologia celta 
Universidade de Michigan

        Animais em galês, mitologia celta e estão vinculados com a fertilidade e vitalidade, porque eles estão vivos, em movimento, e em crescimento.  Oferecem também continuidade de vitalidade e vida para as tribos através da sua carne, peles e espinhas. Além disso, eles são uma ligação para o domínio dos deuses e dos espíritos. Esta ligação é visto através da sua utilização na caça, a busca de segredos e sabedoria.

        Animais têm associações específicas em função das características do tipo de animal. Aves, peixes, serpentes, veados, bovinos, suínos, e assim por diante todos tendem a ser utilizados como símbolos. Javalis, peixes, serpentes, aves, gado e os animais são os mais frequentemente descritos.

        Além de representar fertilidade e riqueza, javalis simbolizam coragem e fortes guerreiros (MacCulloch, 356) para que sejam fortes, perigosa, e muito difícil de matar. A sua aparição em sonhos e visões também indica guerreiros. Isolda no aviso da morte de Tristan, um grande guerreiro, veio em um sonho sobre a morte de um grande javali (Spector, 85-86).Estátuas de javalis são encontrados ocasionalmente na companhia de estátuas de guerreiros armados, (Powell, 176) indicando uma maior associação entre javalis e guerreiros. É atribuída uma grande importância para as cerdas de javali. Talvez eles são a característica distintiva do animal ou simbolizar a sua força. Por exemplo, Fion é morto por um javali a intensificação da ofender após quebrar um geasa contra a caça javalis (MacCulloch, 150). Alguns dos javalis extraordinária, que Rei Arthur lutas em Culhwch e Olwen, têm cerdas que são ouro e prata. Conversley, quando Menw tenta roubar tesouros de Twrch Trwyth, ele só é capaz de ter uma cerdas. É o cerdas do javali, Friuch, para provar que têm o maior poder, no final, Friuch renasce como Donn Cuilnge destrói Rucht como Finnebach Ai.  As cerdas de javali são mencionadas muitas outras vezes o que implica que eles são uma parte importante do animal.

        O salmão, em particular, estão associados com conhecimento. A criança que cresceu a ser chamado Taliesin, o sábio mago, foi encontrado um peixe no açude.O significado do salmão pode ser visto em muitos lugares. Gwyrhr questionou uma série de sábios animais, cada um mais sábio que o anterior, a mais antiga ea mais sensata de todos foi o salmão de Llyn Llyw (Ford, 148-149). Cú Chulainn utilizado o herói do salmão em todo o salto dos alunos para obter Scáthach Ponte da fortaleza, a fim de obter acesso a Scáthach's conhecimentos avançados de armas. Para conquistar os segredos Cú Chulainn tinha que usar o herói do salmão salto para Scáthach própria, a fim de ganhar os segredos reservado para sua família. Cada um salto na terra de magia trouxe Cú Chulainn a um maior conhecimento.  A sua sabedoria também pode ser transmitida por ingestão. O salmão ganhar o poder mágico de sabedoria por consumir nozes que gota em sagrado molas (MacCulloch, 377). Simbolicamente a comer o salmão da sabedoria, tal Demne ganhou enorme sabedoria que ele foi renomeado (Ford, 20). Talvez este está na raiz da prática moderna onde as crianças são aconselhados a ingerirem peixes para aumentar a sua inteligência.

Cordialmente,

quarta-feira, 29 de junho de 2011

BRUXARIA TRADICIONAL - Politeísmo na Religião Gaulesa

          O Politeísmo Naturalista na Religião Gaulesa

G. Roth e F. Guirand
Tradução: Bellovesos /|\


p. 203

Politeístas como todos os primitivos (1), os gauleses veneravam principalmente divindades tópicas (isto é, ligadas a um local determinado) ou regionais.

O Culto das Águas

Os lugares elevados, os picos dos montes, eram por eles divinizados. O pico do Ger ("Garrus deus"), nos Baixos Pirineus, permaneceu nessa condição até o fim da dominação romana, enquanto os outros picos desceram pouco a pouco da posição de deuses para a de moradas de deuses. Por exemplo, "Dumias", nome do deus tutelar de Puy de Dôme, acabou por tornar-se um simples epíteto ligado a "Mercurius", cujo templo e estátua localizavam-se nesse cume.

Contudo, a religião naturalista dos gauleses aparece mais destacadamente no culto das águas (rios, poços, fontes). Diva, Deva, Divona, "a Divina" era uma designação frequente dos rios gauleses, o que ainda testemunham seus nomes atuais: Dive, Divone, Deheune. "Nemausus", deus tutelar da cidade de Nîmes, era o gênio de sua fonte; "Icaunus", o de Yonne, etc. Numerosos eram os gauleses da Bélgica que se orgulhavam do nome "Rhenogenus", "filho do Reno". Borvo, Bormo ou Bormanus ("o Borbulhante"), deus das fontes termais, deu seu nome a muitas de nossas estações onde jorram águas quentes: La Bourboule, Bourbonne, Bourbon-Lancy ou L'Archambault.

A mais característica dessas divindades era a deusa Epona. vista sempre acompanhada de um cavalo, com o qual forma um grupo inseparável. Na maioria das vezes, ela está sentada de lado em sua montaria. Envolta em um manto drapeado e adornada com um diadema, seus atributos são um corno da abundância, uma pátera e frutos. É, portanto, a deusa da abundância agrícola. Contudo, não é a água que traz fertilidade ao solo? Com efeito, Epona é uma divindade das águas, exata correspondente da fonte Hipocrene. Seus dois nomes equivalem [ao grego] (epos, ona = hippos, krêne) e significam "fonte equina" (2). Quanto à presença do cavalo ao lado dessa deusa, é suficiente recordar o lugar que esse animal possui na lenda de Posêidon.

Muito popular na Gália, como o atestam as numerosas representações de Epona que foram conservadas, seu culto foi posteriormente importado pela Itália e pela própria Roma. Seu significado primitivo, no entanto, foi esquecido. Epona tornou-se a deusa protetora dos cavalos; é por isso que se colocavam suas imagens nos estábulos.

Culto das Árvores
As águas fecundam as florestas. Também os gauleses não esqueceram de adorar as árvores e bosques. Vosegus foi o deus tutelar dos "Vosges" silvestres; Arduina, a ninfa das "Ardennes"; Ardnoba, a da Floresta Negra.

Na região dos Pirineus, muitas inscrições latinas dão-nos a conhecer os deuses-árvores: Robur (o carvalho-branco), Fagus (a faia), Tres Arbores (Trois-Arbres [três árvores]), Sex Arbores (Six-Arbres [seis árvores]), Abellio (a macieira; cf. "apple, apfel" nos idiomas germânicos), Buxenus (o buxo).

Respeitado em toda a Gália, o carvalho pôde ser considerado por certos cronistas como o deus supremo dos gauleses. "É nos bosques de carvalhos que que os druidas têm seus santuários", assegura-nos Plínio, o Antigo ("História Natural", XVI, 249), "e não realizam qualquer rito sagrado sem as folhas do carvalho. Acreditam que a presença do visco revela a presença do deus sobre a árvore que o porta... Colhem-no com grande cerimônia. Depois de ter sacrificado dois touros brancos, um sacerdote, vestido com uma túnica branca, sobe na árvore e corta com uma foice áurea o visco, que será recolhido em um manto branco."

A veneração dessa planta deixou traços em nossos costumes (2). Muitas pessoas consideram-na, sincera ou jocosamente, como um amuleto de boa sorte. E a força dessa tradição é ainda mais ativa no outro lado da Mancha (4).

Culto dos Animais
p. 204

Os gauleses igualmente adoravam diversos animais. Cavalo, corvo, touro e javali eram animais sagrados que deram seus nomes a certas cidades (Tarvisium, Lugudunum [de "lugus", corvo]) ou tribos (Taurisci, Brannovices, Eburones) e dos quais encontramos muitas representações em moedas e baixos-relevos. Nas Ardennes venerava-se o javali; os helvécios das proximidades de Berne adoravam a deusa Artio ( = a ursa), na qual seria talvez ousado enxergar a equivalente da Ártemis grega.

Vê-se no museu de Avignon, sob a denominação de "monstro de Noves", um urso sentado sobre as patas traseiras; com suas mandíbulas esmaga um braço humano e cada uma de suas patas dianteiras repousa sobre uma cabeça humana. Concorda-se em reconhecer nesse monstro devorador algum ídolo primitivo.

No número dos deuses zoomórficos podem-se classificar também as serpentes com cabeça de carneiro que aparecem em diversos monumentos. Estão geralmente ligadas a um deus que as agarra pelo pescoço ou as mantém nos joelhos. Essa última postura parece afastar a ideia de uma luta entre o deus e as serpentes. Deve-se, portanto, vê-las como divindades ctônicas. O mesmo aplica-se à serpente chifruda que aparece ao lado do Mercúrio gaulês.

Entre os animais divinizados, o que parece ter sido objeto de um culto bastante difundido é o touro. O fato nada possui de surpreendente, sendo esse animal o símbolo da força e do poder gerador e tendo sido divinizado de forma semelhante em outras mitologias. Pensemos, por exemplo, no touro cretense. O touro gaulês, porém, apresenta-se com certas peculiaridades assaz curiosas.

Em um altar galo-romano exumado do solo de Paris está esculpido um touro em pé próximo de uma árvore; ele traz duas garças no dorso e uma na cabeça; é o Tarvos Trigaranus ("Touro com as Três Garças"). Questiona-se qual poderia ser o significado das três garças associadas ao touro. É verdade que esses mesmos pássaros encontram-se nos relevos do arco do triunfo de Orange e surgem repetidamente nos relatos da epopeia irlandesa. Não obstante, ao nos recordarmos de que há na mitologia gaulesa um deus tricéfalo – a que posteriormente nos referiremos – e que, por outro lado, possuímos figuras de touros com três chifres, pensou-se que o epíteto "trigaranus" não seria mais que uma deformação de "trikaranos", com três cabeças, e que o touro primitivamente adorado seria um touro tricéfalo, relacionado ao deus tricéfalo Cernunnos.

Fonte:
GUIRAND, Félix (direction). Mythologie Générale. Librairie Larousse. Paris (VIe.). 13 a 21, Rue Montparnasse, et Boulevard Raspail, 14. 1935. pp. 203-204.

Notas:
(1) O texto, embora útil, é sob alguns aspectos bastante datado. Igualar "politeísmo" a "primitivismo" é somente um deles (Nota do Tradutor).

(2) Quando esse texto foi escrito, era bem menor do que hoje o conhecimento da antiga língua gaulesa. Sabe-se agora que o sufixo -(o)n- (também encontrado nos nomes de outros deuses, como Map-o-n-os, Vind-o-n-os, Rigant-o-n-a) é um aumentativo que significa "grande e divino". Assim, Epona significa não "fonte [ona] do cavalo [epos]" (a tradução da Hippokrene grega), mas "a grande égua divina". Talvez o entendimento do autor deva-se à lembrança da palavra "onno" do Glossário de Endlicher, que o escriba medieval traduz pelo latim "flumen", i. e., rio (Nota do Tradutor).

(3) Entenda-se: dos franceses (Nota do Tradutor).

(4) Isto é, nas Ilhas Britânicas (Nota do Tradutor).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

BRUXARIA TRADICIONAL - A Deusa Cailleach

Cailleach fala:  
Meus ossos são frios, meu sangue é ralo.
Eu busco o que é meu. O busco o que ainda não foi semeado. Eu busco os animais para cavernas quentes e mando meus pássaros para o sul. Eu ponho meus ursos para dormir e mudo o pelo de meus gatos e cães para algo mais quente. Meus lobos me guiam, seu uivo anuncia minha chegada. Os cães, lobos e raposas cantam a canção da noite, a serenata da Anciã, a minha canção.
Eu disse sim à vida e agora digo sim à Morte. E serei a primeira a ir para o outro lado.
Eu trago o frio e a morte, sim, pois este é meu legado. Eu trouxe a colheita e se você não colheu suas maçãs eu as cobrirei de gelo. Após o Samhain, tudo o que fica nos campos me pertence.

Cailleach é a própria terra. Ela é as rochas cobertas de musgo e o pico das montanhas. Ela é a terra coberta de gelo e neve. Ela é a mais antiga ancestral, velada pela passagem do tempo. Ela é a Deusa da Morte, que deixa morrer tudo o que não é mais necessário. Mas é também quem encontra as sementes da próxima estação. Ela é a guardiã da semente, a protetora da força vital essencial ao ressurgimento da vida após o inverno. Ela guarda a própria essência do poder da vida. Ela é o poder essencial da Terra. Nos mitos Celtas representa a Soberania sobre a terra e um rei só podia reinar após realizar o casamento sagrado com Ela, que representa o Espírito da terra.

Cailleach é uma das maiores e mais antigas Deusas da humanidade, uma Deusa Anciã, principalmente na Galiza onde algumas teses apontam a raíz no etnónimo Callaici, nome de uma tribo céltica que vivia na região onde mais tarde surgiu a povoação celto-romana de Cale - Cale está na base do nome e fundação de Portugal, enquanto os Gallaici deram o nome a toda a região do Douro para cima, Galiza incluída.

Cailleach rege o céu, a terra, o Sol e a Lua, o tempo e as estações. Ela criava as montanhas com as pedras que carregava em seu avental, mas também trazia aos homens as doenças, a velhice e a morte. Ela é também um espírito protetor dos rios e lagos, garantindo que eles não secariam. Ela controla os meses de inverno, trazendo o frio, as chuvas e a neve. Mas um de seus principais títulos é Rainha da Tempestade, pois com seu cajado trazia e controlava as tempestades, particularmente as nevascas e furacões.

Cailleach é a guardiã do portal que leva à parte escura do ano, iniciada no Samhain e é invocada nos rituais de morte e transformação. Nos mitos da troca de poder entre deusas, ela recebe o bastão branco dos meses de luz e o torna negro para os meses de trevas, devolvendo-o à Bright no Imbolc. Em alguns mitos diz-se que Ela retorna à terra no Imbolc, tornando-se pedra para acordar somente no próximo Samhain.


Apesar de ser considerada uma Deusa Anciã, ela é quase sempre representada com um rosto jovem, mostra de seu poder de se rejuvenescer constantemente. Esta deusa possui um aspecto de protetora dos animais selvagens contra caçadores, principalmente o cervo e o lobo, assegurando bandos saudáveis. Há um mito antigo que conta que os caçadores oravam a Cailleach para saber onde encontrar os cervos e quantos matar. Ela os guiava para a aqueles que podiam ser mortos, desobedecê-la trazia sua fúria, em forma de ataques de alcatéias para a vila dos desobedientes.

Esta deusa também possui um aspecto regedora da saude/ infermidade, sendo aquela a quem as mães pediam que curasse seus filhos das doenças do inverno. O Gato é um de seus animais sagrados. Em algumas lendas ela toma a forma de gato para testar o caráter das pessoas. Em sua forma humana, ela costumava ir de casa em casa no inverno pedindo abrigo e comida. Os que a acolhiam contavam com sua eterna bênção e proteção e os outros eram amaldiçoados e não atravessam o inverno incólumes. São também sagrados para ela o corvo e a gralha.

Ela carrega um caldeirão em uma das mãos e um cajado na outra. Seu cajado ou bastão lhe conferia o poder sobre o tempo, associada também a crua honestidade e à verdade.

Outro mito folclorico é de aparecer como uma mulher velha que pede ao herói que durma com ela, se o herói concorda em dormir com ela, ela se transforma em uma linda donzela.

O Livro de Lecam (cerca de 1400 E.C.) alega que Cailleach Beara era a Deusa da qual se originaram os povos da região de Kerry. Na Escócia ela representa a personificação do inverno, nasce velha no Samhain e fica cada vez mais jovem até tornar-se uma linda Donzela no Beltane.


Tese de etimologia da palavra Cailleach:
(...)
a origem do termo Cale (que logo dará lugar à forma latinizada Gallaecia) parte da Deusa mãe dos celtas Cal-leach, pois, segundo ele, era costume romano nomear aos povos conquistados pelo denominação dos seus Deuses. Isto dá, para lembrar-nos, que o nascimento da Calécia/Gallaecia como entidade política, produziu-se após a batalha do Douro e a posterior conquista romana. Para este autor, os celtas do Douro, virão a ser os Cal-laic-us (Calaicos) ou filhos da Deusa mãe dos celtas Cal-leach, cuja referência se tem encontrado numa inscrição na forma de Calaic-ia no lugar de Sobreira, perto do Porto.
Uma outra analise do radical Cale no âmbito das línguas célticas: Palomar Lapesa (1957) e Alberto Firmat (1966), liga este com o significado de «pedra», «rochedo», «duro», cuja expressão se adequa com rigor às características geológicas e graníticas da cidade, nomeadamente do morro da Sé.
Para Higino Martins (1990) o vocábulo pré-indo-europeu Kala, definido como «abrigo», «refúgio», passou à língua celta sob a forma Cale e com significação de «terra», «montanha». Para ele, o etónimo Calaico/a viria então a denominar ao «da terra», ao «do lugar».
(...)


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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mabinogion

Profª. Ms. Adriana Ziere, Doutoranda em História/ UFF

Tradução por Charlotte Guest
A importância da tradução desta obra para o português é enorme principalmente pela dificuldade de acesso a fontes célticas em língua portuguesa. Mabinogion é um conjunto de contos galeses que foram escritos entre os séculos XI e XIV, mas que referem-se por vezes a acontecimentos muito mais antigos, datando do século VII, e a crenças ancestrais. Os relatos começaram a ser postos por escrito por ocasião da invasão normanda quando os chefes locais resolveram mandar escrever as narrativas que haviam circulado oralmente por muitos séculos, como forma de manter a tradição.

Estes contos foram compilados no Livro Branco de Rhydderch (Llyfr Gwyn Rhydderch) e no Livro Vermelho de Hergest (Llyfr Coch Hergest) e foram traduzidos pela primeira vez para o inglês por Lady Charlotte Guest no século XIX, a qual utilizou o termo mabinogion como título para coletânea dos onze contos. A denominação da tradutora inglesa é errônea, pois o termo mabinogi refere-se à infância de um herói. Esta palavra aparece no fim do primeiro relato, Pwyll, Príncipe de Dyved, mas relaciona-se apenas aos quatro primeiros contos ou ramos (além de Pwyll, Branwen, a filha de Lyr, Manawyddan, o Filho de Lyr e Math, o Filho de Mathonwy). Nestes, a personagem de Pryderi aparece como elo de ligação entre as histórias embora não seja personagem principal, unindo-as em acontecimentos que tratam do nascimento, infância, juventude e morte. Uma outra interpretação para a palavra mabinogi seria a de relato de um jovem, pois a palavra maban, diminutivo de mab significa filho ou juventude; por isso trataria das façanhas de um herói relacionado aos antigos deuses. Neste sentido, Pryderi seria um mac ind óc, isto é o filho do Deus Pwyll, senhor de Dyved.

Os quatro ramos do Mabinogion relacionam-se a três famílias de deuses, a de Pwyll e sua descendência, representada por Pryderi, a dos filhos de Llyr (Bran, Branwen e Manawyddan) e a dos filhos de Don (Gwydion e Gilvaethwy, que aparecem no quarto ramo). Através dos contos podemos notar as correspondências entre deuses galeses e irlandeses, por exemplo, a deusa irlandesa Dana ou Don galesa, Manannan e Manawyddan, Deus do Mar. É possível perceber o sentido de clã, da união familiar como essenciais à sobrevivência dos celtas e para levar as aventuras ao bom termo. Um exemplo ocorre no terceiro ramo: uma maldição havia sido mandada e com ela animais, habitações, plantas, tudo havia sumido. Ao final do relato a revelação: tratava-se de uma vingança de Llwyd, amigo de Gwawl contra a descendência de Pwyll, pois Gwawl havia sido ultrajado pelo pai de Pridery, Pwyll, o qual lhe batera enquanto estava num saco e tomara dele Rhiannon.

Os onze contos podem ser agrupados em três grupos: o primeiro, com narrativas relacionadas a Pryderi (os quatro ramos do Mabinogi), um segundo contendo quatro contos independentes (O sonho de Maxen, Llud e Levelys, Culhwch e Olwen e O Sonho de Rhonabwy) e o terceiro composto por três romances arturianos, influenciados pela temática de Chrétien de Troyes. Os romances são A Dama da Fonte, Peredur, o filho de Evrawc e Gereint, filho de Erbin e correspondem respectivamente a Ivain ou o Cavaleiro do Leão, Perceval, ou o Conto do Graal e Erec e Enide. Por muito tempo, considerou-se que eram adaptações galesas dos romances em verso de Chrétien, mas atualmente a conclusão é que esses dois tipos de narrativa provenham de uma fonte comum.

Rhiannon
Nos contos dos quatro primeiros ramos do Mabinogi percebe-se vários elementos interessantes do fundo céltico, tais como a ida de um mortal ao Outro Mundo. Este troca de lugar com o deus do Além e depois recebe o título de Pwyll, Príncipe de Annwvyn (o Outro Mundo). No mesmo relato aparece o tema da deusa-égua, por quem Pwyll se apaixona e que depois se torna a mãe de Pryderi. Trata-se da deusa Rhiannon, que na tradição gaulesa é conhecida por Epona. Pwyll é impedido de casar-se com ela por um estranho (Gwawl) que vem à corte lhe pede um dom (presente). Nos contos célticos o dom era exigido ao rei e este não podia negar-se a dá-lo mesmo sem saber do que se tratava, e o forasteiro pede a Pwyll sua noiva, que ele é obrigado a entregar. Através de um estratagema, um ano depois ele consegue retomá-la ao pedir que o outro enchesse de comida um saco que nunca ficava cheio (tema relacionado ao caldeirão da abundância e ao graal) e depois convece o próprio Gwawl a entrar no saco. Neste momento Pwyll começa a bater em Gwawl até ele desistir de Rhiannon, fato que é vingado por Llwyd no terceiro ramo (Manawydan, o Filho de Llyr).

No segundo ramo, um interessante elemento é a menção ao caldeirão do renascimento, que Bran entrega a Matholwch. Nele os homens mortos são jogados e recobram a vida, mas perdem o poder da fala. Branwen, filha de Llyr é maltratada após o casamento e o irmão Bran, senhor de Llundein (Londres) a vinga. Na luta entre irlandeses e bretões apenas cinco mulheres grávidas da Irlanda e sete guerreiros da Bretanha salvam-se. É importante destacar nesta narrativa a crença céltica na cabeça cortada, que era cultuada desde à época da cultura pré-histórica La Tène. Ao ser atingido com uma flecha envenenada, Bran pede que sua cabeça seja cortada. Ele vive e se alimenta por mais oitenta anos e depois deste período a cabeça é enterrada em Gwynn Vrynn (atual Dover).

No grupo das narrativas independentes, uma das mais interessantes é o conto Culhwch e Olwen, primeiro a apresentar Artur e seus guerreiros. Artur não é o personagem central. O jovem Culhwch deseja casar-se com Olwen, filha do gigante Yspaddaden Penkawr, e recorre ao primo Artur e a seus guerreiros para enfrentar uma série de aventuras, sendo ao final, vitorioso. No relato são citados os principais companheiros de Artur como Bedwyr, Cai e Gwalchmei e que vemos depois referenciados em outras obras arturianas. Este conto influenciou a Historia Brittonum, de Nennius (século VIII), na qual aparece a caça ao javali Twrch Trwyth, que faz parte da história de Culhwch, demonstrando assim a Antigüidade desta última.

A caça ao javali Twrch Trwyth

É recorrente nas lendas célticas a relação entre o herói e o Outro Mundo, representado pelos deuses ou forças sobrenaturais. O herói, como Culhwch, deve passar por provas para demonstrar que merece o conhecimento ou a soberania, na história, representada por Olwen. Outra menção a Artur é o conto O Sonho de Ronabwy (escrito por volta do século XIII) no qual um homem sonha com um cavaleiro que teria semeado a discórdia entre Artur e seu sobrinho e por isso seria o responsável pela batalha de Camlan, na qual Artur matou Medrawd. Neste relato percebe-se claramente uma influência anglo-normanda.

Taliesin e o rompimento do Caldeirão de Ceridwen
A importância do Mabinogion é grande para o conhecimento de crenças celtas como o Outro Mundo, o caldeirão da abundância e o do renascimento, a relevância dada à cabeça, que mesmo cortada do corpo pode viver por muito tempo e a mulher como elemento capaz de fazer o homem atingir a soberania. A tradução de José Morais é boa e traz notas explicativas além de acrescentar um último poema, Taliesin (composto no século XVI) à narrativa, conforme consta na tradução de Lady Charlotte Guest. Uma versão ainda mais interessante do Mabinogion e que pode ser cotejada com esta, acessível aos leitores latino-americanos é a de Victoria Cirlot em espanhol (Ediciones Siruela, 1988), pois a autora demonstra maior contato com os estudos célticos e aponta para uma bibliografia que contribui para a continuidade da investigação da obra.


Bibliografia:
ZIERER, Adriana. Resenha: Mabinogion. Brathair 1 (1), 2001: 77-79 (http://www.brathair.com)

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Primeira Batalha de Mag Tured pt.2

Conta-se que a batalha começou no primeiro dia da sexta semana do verão, dia 5 de Junho.


[...] Entre os chefes dos exércitos, houve um consenso de que não haveria uma luta generalizada, e sim que diariamente um determinado número igual de guerreiros se enfrentariam em bandos.

Os Tuatha Dé Danann levaram vantagem nos sucessivos combates, durante os quatro dias os Tuatha Dé Danann foram definitivamente os mais fortes.

Os Fir Bolg haviam ainda perdido o seu rei, que, ao deixar o campo de batalha para saciar sua sede em uma fonte, foi perseguido e morto por um grupo liderado por três Tuatha Dé Dannan filhos de Nemed. As centenas de guardas que o acompanharam não puderam salvar sua vida.

A morte do rei dos Fir Bolg foi cantada nos séculos XII e XI, e ainda em épocas mais antigas nos poemas irlandeses que chegaram até nós. Como até esta época as lanças dos Fir Bolg não eram afiadas, diz-se que foi o primeiro rei na Irlanda morto na ponta de uma lança.

[...] Os vencedores enterraram Eochaid no mesmo lugar onde caiu, sobre a cova ergueram um amontoado de pedras.

O amontoado de pedras diz respeio ao sepulcro - o Carn - que hoje é comumente divulgado ao público.

[...] Após os quatro dias de combate em que os Fir Bolg haviam tido a maior baixa, os Fir Bolg propuseram aos Tuatha de Danann liquidar a questão com uma pequena batalha da qual participariam 300 homens de cada lado, o resultado desta luta final decidiria qual dos povos devia tomar posse da Irlanda. Mas os Tuatha Dé Danann lhes ofereceram a paz e a província de Connaught. A proposta foi aceita e os Fir Bolg deixaram então nas mãos dos Tuatha Dé Dannan sua capital Tara e o resto da irlanda, exceto a província de Connaught onde se refugiaram.

Neste mito o até então líder dos Tuatha Dé Danann, Nuadu Argatlam perde sua mão em uma das batalhas golpeado por Sreng mac Sengainn. Na Irlanda tinha-se a tradição de depor todo o rei desfigurado por uma grave mutilação. Em consequência da perda da mão os Tuatha Dé Danann consideraram que Nuadu Argatlam encontrava-se incapacitado para ocupar o trono, depondo-o para que então um príncipe tirano filho do Fomoré Elatha chamado Bress assumisse a nação. A partir deste ponto inicia-se a trama que causaria a guerra entre os Tuatha Dé Danann e os Fomoré, que seria então chamada de 2ª Batalha.

No século XVII, Duald mac Firbis, célebre genealogista irlandês encontrou em Connaught famílias irlandesas que através de uma longa lista de ancestrais pretendiam mostrar suas ligações com os Fir Bolg estabelecidos nesta província após a primeira batalha de Mag Tured, entretanto, o fato nunca foi provado.


Bibliografia:
EL CICLO MITOLÓGICO IRLANDÉS Y LA MITOLOGÍA CÉLTICA - H. d'Arbois de Jubainville. 3ª ed. Edicomunicación: Barcelona, 1996. ISBN: 84-7672-743-7.
MITOS CELTAS - Miranda Jane Green. Ediciones Akal: Madrid, 2001. ISBN: 84-460-0472-0

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Primeira Batalha de Mag Tured pt.1

Enquanto Partolón, chefe da mais antiga das populações míticas da Irlanda desembarcava ao sudoeste da ilha... Provenientes da Espanha, os Tuatha Dé Danann penetraram pelo lado oposto, a saber, pelo nordeste. Era 1º de Maio, numa possível segunda-feira - festa de Beltane. A mesma data seria também o marco da chegada dos filhos de Mil - os Irlandeses. Partolón havia desembarcado na Irlanda no dia 14 do mesmo mês, em outro ano.

[...] Os Tuatha Dé Danann chegaram envoltos em uma nuvem mágica que os fazia invisíveis, que quando dissipada, deu o conhecimento de sua presença aos Fir Bolg que se preocuparam com os inesperados conquistadores. Aqueles que haviam penetrado pelo noroeste de Connaught e estabelecido fortificações ao redor de seu acampamento em Mag Rein.

De onde teriam vindo? Segundo as versões, teriam chegado à Irlanda pelas asas do vento. A verdade - agrega o escritor evemerista - é que chegaram por mar e a bordo de naves que foram destruídas imediatamente após o desembarque. As tradições mais antigas afirmam que não chegaram por mar, mas sim, vieram do céu.

[...] Antes de tomar uma decisão os Fir Bolg quiseram saber como eram os recém chegados, e para isso enviaram um de seus maiores, mais fortes e corajosos guerreiro para visitar o campo de Mag Rein - que se havia instalado. O nome deste guerreiro era Sreng.

Este se pôs à caminho e quando se aproximava o fim da viagem foi visto por um dos sentinelas dos Tuatha Dé Danann, que enviaram ao seu encontro um de seus guerreiros de nome Breas.

Sreng e Breas se aproximaram com grande prudência e quando estavam um no alcance da voz do outro, sobre o abrigo de seus escudos observaram-se inquietos durante um algum tempo. Quando, Breas rompeu o silêncio e falou em sua língua materna - o Irlandês...

Segundo a concepção da fábula Irlandesa posteriormente influenciada pelo cristianismo, seriam todos os povos primitivos da Irlanda proveniente do mesmo pai - descendente de Magog o de Gomer, ou filhos de Jafet.

[...] Sreng, o guerreiro Fir Bolg, se sentiu encantado ao ouvir o desconhecido que se apresentava em Irlandês. Ambos se aproximaram expuseram suas respectivas genealogias e logo examinaram suas armas.

Sreng trazia consigo duas pesadas lanças sem ponta; Breas, duas lanças ligeiras e muito mais afiadas.

Este detalhe é consistente com os dados da literatura antiga: já vimos anteriormente que até esta época não se conhecia na Irlanda o uso do Venablo. Um dos velhos poemas inseridos no Livro das Conquistas, relata que nos tempos de Eochaid mac Eirc, o último rei dos Fir Bolg, não haviam armas com corte. Os Tuatha Dé Dannan chegaram com lanças e mataram o rei.

[...] Breas, o enviado dos Tuatha Dé Danann, não havia visto nunca antes lanças tão pesadas e cegas como as que carregava Sreng, o emissário dos Fir Bolg; que por sua vez, via como novidade as lanças delgadas e pontiagudas trazidas por Breas. Cada um deles contemplava admirado o mortal instrumento do qual estava provido o outro, até que por fim decidiram trocar suas armas a fim de levar a conhecimento daqueles que os haviam enviado, os terríveis instrumentos que lhes ameaçariam numa possível batalha.

Antes de deixar Sreng, Breas comunicou-lhe que os Tuatha Dé Danann lhe haviam encarregado de pedir aos Fir Bolg a metade da Irlanda, e caso a proposta fosse aceita, ambos os povos seriam amigos e se uniriam para rechassar qualquer nova invasão. Após o recado, ambos retornaram ao acampamento de onde vieram: Sreng à Tara, que sob o domínio dos Fir Bolg era considerada a capital da Irlanda e Breas para onde estavam entrincheirados os Tuatha Dé Dannan.

Os Fir Bolg descartaram de imediato a possibilidade de aceitar a proposta dos Tuatha Dé Danann, já que, acreditavam que se cedessem a metade das terras aos recém chegados, a demonstração de fraqueza os encorajaria levando-os muito em breve a querer tomar toda a ilha. Sendo assim, decidiram por reunir seu exército e se puseram em marcha para atacar os inimigos que haviam invadido sua pátria.

Durante este período, os Tuatha Dé Dannan examinaram as lanças cegas que Breas havia recebido de Sreng e lhes levado como amostra do armamento inimigo: Diante delas se sentiram aterrorizados e surpreendidos. As lanças sem ponta dos Fir Bolg lhes pareciam muito mais temíveis que as de ferro aguçado que compunham seu próprio armamento... Motivo que os levou a abandonar o seu acampamento e bater em retirada até o sudoeste. Os Fir Bolg os alcançaram na planície de Mag Tured.

A princípio, a lenda irlandesa conhecia apenas uma planície de Mag Tured, à qual deu lugar a uma única batalha onde os Tuatha Dé Danann teriam vencido de uma vez os Fir Bolg e os Fomoré. Mesmo quando no século XI houve a divisão do mito em 2 combates, o primeiro contra os Fir Bolg e o segundo contra os Fomoré, ainda se concebia um único campo de batalha onde 27 anos de intervalo separariam os combates. Mais tarde, sem embargo, se distinguiram 2 campos de batalha diferentes: Um ao sul no condado de Mayo, chamado Mag Tured Conga, onde se diz que foram vencidos os Fir Bolg; e outro ao norte no condado de Sligo, chamado Mat Tured na bFomorach, onde foram vencidos os Fomoré. Os dados antigos foram questionados pela análise da dualidade cronológica que separa as batalhas em 27 anos de intervalo. E posteriormente seriam ainda mais questionados (século XVII) devido a adição da dualidade geográfica: ao invés de um único campo de batalha, haviam agora 2 separados por vários quilômetros de distância.

[...] Na planície de Mag Tured, os Fir Bolg seguiam liderados por seu rei - Eochaid mac Eirc; o célebre Nuadu Argatlam (o das mãos de prata, que até então ainda não era assim chamado pois possuía suas duas mãos naturais de carne e osso) comandava o exército dos Tuatha Dé Dannan. A proposta antes transmitida por Breas lhes foi enviada novamente - insistindo para que os Fir Bolg lhes cedessem a metade da Irlanda. O rei Eochaid mac Eirc se negou novamente, então os enviados de Nuadu lhe perguntaram: _ Quando você quer iniciar o combate? Os Fir Bolg contestaram: _ Necessitamos de tempo para preparar nossas lanças, capacetes e afiar nossas espadas; também queremos ter lanças como as vossas e vocês também devem querer armar-se com lanças semelhantes as nossas.

Em comum acordo, decidiu-se consagrar 105 dias para os preparativos do combate.


Bibliografia:
EL CICLO MITOLÓGICO IRLANDÉS Y LA MITOLOGÍA CÉLTICA - H. d'Arbois de Jubainville. 3ª ed. Edicomunicación: Barcelona, 1996. ISBN: 84-7672-743-7.
MITOS CELTAS - Miranda Jane Green. Ediciones Akal: Madrid, 2001. ISBN: 84-460-0472-0

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domingo, 1 de maio de 2011

Algo sobre a Arte Celta

Os Celtas possuíam uma atração comum pelas "formas movimento", baseadas em sobreposições e formações de linhas curvas e espirais, destoando de qualquer lei de simetria e instigando a mente criativa do observador; Os conceitos se mantinham no limite em que as formas naturais se tornam irreconhecíveis. Estilizações recheadas de estruturas lineares dominadas pelas torções e um senso de transformação contínuo sem fim onde formas transformam-se me outras, sugerindo uma matemática quase musical e própria. Assim se desenham suas idéias decorativas.

A arte Celta tem origem em períodos anteriores à grande invasão centro-européia onde a fusão de diversos povos foi aos poucos acrescentando elementos característicos, entretanto, foi no período que compreende as culturas Hallstatt e La Tène (800 a.C. até o último século do Império Romano do Ocidente) que obteve destaque histórico, quando no domínio da manipulação do metal, artefatos robustos e de caráter duradouro venceram a barreira do tempo e da degradação natural.

Em especial, pelo período avançado e pela forma como se desenvolveu, a arte de La Tène influenciou a arte do metal em todo o Centro e Ocidente da Europa e em vasta região desde os Cárpatos até o coração da Ásia (com alguns achados de sua penetração na China). La Tène se espalhou pelas margens do Rio Reno, estendendo-se pela França e penetrando todo o Noroeste da Península Ibérica, Grã-Bretanha e Irlanda.

Arte de La Tène - fase II (300 a.C.)
As grandes invasões romanas foram responsáveis por ofuscar uma boa parte do que se desenvolvia, mas não conseguiram exterminar a cultura La Tène que aos poucos ressurgiu liberta de algumas das influências clássicas romanas. São notáveis e elegantes os vasos e caldeirões metálicos, estampando entre outros, asas de corpo de quadrúpedes e diversas armas (mais comumente o punhal e a espada).

Era costume ainda entre os Gauleses e os celtas da Grã-Bretanha portar escudos de madeira decorados com ferro e adornos de bronze, além dos clássicos capacetes pontiagudos ou redondos. Entre os adereços pessoais foram encontrados braceletes, axorcas, as fíbulas (como as antigas lúnulas irlandesas) e os típicos colares usados pelos homens (torques).

Foi no século IV a.C. com o desenvolvimento do estilo de La Tène, que o aumento à abstração curvilínea foi notável. Já no século seguinte, devido algumas influências aparece um terceiro estilo, caracterizado por arabescos de motivos vegetais combinados com alusivas esquematizações zoormóficas, que alcançaram na Grã-Bretanha (durante o quarto estilo - I a.C.) um alto grau de esplendor.

Escudo de Wandsworth
Os ornatos, de inspiração naturalista, num enlace harmonioso de curvas, volutas e círculos, evidenciam-se pelo seu forte relevo, que lhes aumenta a importância plástica. Citemos, entre os exemplares famosos pertences a esta fase (todos eles atualmente no Museu Britânico), o escudo de Wandsworth, o de Battersea, encontrado no Tâmisa e decorado com botões esmaltados, o espelho de bronze de Desborough, em cujo reverso está finamente gravado um harmonioso desenho de folhagem enrolada.

A ornamentação repuxada indica uma imaginação sutil, como exemplo a peça denominada “caldeiro de Gandestrup” descoberta na Dinamarca (para onde teria sido levado durante o século II ou I a.C., época, em que toda a arte céltica sofreu uma rápida evolução). Outro exemplo representativo são os numerosos espólios de túmulos encontrados nas margens do Reno médio e na Borgonha. Na França, especialmente no Sul, na Provença, os celtas deixaram os exemplares mais representativos da sua arquitetura e da sua escultura, artes que contrastam, pelo caráter rudimentar, com a finura e a originalidade que encontramos na ornamentação do metal.

Caldeiro de Gandestrup
Caso o leitor tenha interesse, uma série de artefatos de La Tène e seus dados arqueológicos podem ser consultados através do endereço http://www.sheshen-eceni.co.uk/icenian.html. É difícil encontrar os motivos do por que um grupo étnico tão importante como o dos celtas nos deixou tão poucas obras de arte, principalmente se considerarmos a extensão gigantesca que sua cultura atingiu.


Referência bibliográfica:
FRAZER, Sir James George. O Ramo de Ouro. Zahar Editores S.A., Rio de Janeiro, 1982.
CÉZAR, Júlio. Comentários Sobre a Guerra Gálica. Coleção Universidade de Bolso. Ediouro, Rio de Janeiro – RJ.
SALVAT EDITORA DO BRASIL. História da Arte, Tomo 3. São Paulo, 1978.
ENCICLOPÉDIA MIRADOR.

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