A Divina Providência
Todos os dias que andamos pelo planeta Terra, imaginamos que o nosso mundo é a única realidade, poucos ou quase ninguém para e pensa será que vivemos em uma realidade feita apenas para nós contendo nossas ilusões diárias, nossas preferências, nossos testes do dia a dia, imaginamos o dinheiro como algo sólido, chamamos de metal o papel e aprendemos a não morder as moedas para saber se são ou não de ouro.
Acredito que o papel do Conselho de Bruxaria Tradicional seja realmente dar esse choque de realidade, quebrando paradigmas das ideias de que Bruxaria seja apenas um compêndio de práticas de malefício e feitiçaria ás margens de alguma religião oficial, nós não buscamos ensinar feiticinhos ou mágicas as pessoas que nos procuram, desejamos dar a elas ferramentas para que tenham soberania sobre seus atos, e assim, terem êxito na maior magia que existe que é o ato mágico da transmutação pessoal, através de alicerces mágicos ancestrais sem dar aos peregrinos uma visão hipócrita e mal preparada com relação a uma liberdade rebelde dada e sim uma consciência libertadora conquistada por um novo observar.
Ontem conversando com uma divindade muito polêmica tive a plena noção do aquário de formigas que são demonstradas nas feiras de ciência, foi muito esclarecedor conversar com potências tão mais divinizadas, o engraçado é que não havia discussões ou agressões, o poder de cada um falava por si só, era como se todos trabalhassem de um modo conjunto mesmo com funções e objetivos diferentes, tudo era um grande tabuleiro espiritual; tiravam um sarro tal como uma pegadinha de faculdade, mas não havia desrespeito e tudo o que vi me pareceu uma grande brincadeira cósmica, fiquei admirado por diversas vezes e uma pergunta me veio à mente como se fosse um pedido de pergunta coletiva da humanidade “- Quem nos salvará?” a entidade riu e me olhou como se eu fosse à criança mais ingênua do universo, como um pai diz ao filho, “-Não existe salvação para a humanidade, você mesmo não acredita nisso, a sobrevivência será caso a caso como a lei da natureza”, lembro que no local eu ainda queria ajudar algumas pessoas, mas não podia falar, pensava e olhava como que querendo que meus olhos dessem a dica, sabem? Daquele jeito que tentamos ajudar alguém quando tem algum ladrão por perto e não podemos falar para não levar um tiro! Das diversas pessoas que eu via e tentava ajudar, pouquíssimas conseguiam entender e levar com elas mais uma ou duas pessoas, o resto ficava lá curtindo o sabor de sua ilusão, rindo daquelas que tinham despertado, fiquei com pena daqueles que tinham se retirado da fila, pois eles eram motivos de chacota, todos riam como hienas e as insultavam como doidos.
O que aprendi com isso? Aprendi que mesmo querendo ajudar, as pessoas não se ajudam e algumas até irão te desrespeitar, aprendi que estamos naquela caixinha de experimento de formigas e não passamos de pequenos insetos para os desígnios do universo e perdemos tempo com coisas desnecessárias e que não vão mudar se a coletividade não mudar. Entendi também que a individualidade pode ser um começo, um pioneirismo duro e ingrato, mas isto já esta previsto, nascer é um processo que demanda um esforço de transmutação dolorido.
Concluindo, por mais triste que eu fique ao ver o gado passando para o matadouro, o que me resta é apenas observar e dar dicas silenciosas para que algo de novo desperte e as pessoas saiam dos seus absolutismos, dos caminhos tortuosos da ilusão; que claro é muito bom falar de mudar e de um monte de coisas belas, mas se você não tiver atos, será como esta sendo agora, mais um texto para ser esquecido nas próximas horas.
Abraços Fraternos,
Ricardo DRaco
Membro fundador do Conselho de Bruxaria Tradicional no Brasil