sexta-feira, 16 de março de 2012

Enteógeno no Vale Sagrado por Ricardo DRaco

Ao contrário do que se possa pensar não é MachuPicchu o grande centro de poder de Cuzco, percebi que embora um local bem interessante em beleza natural, um local importantíssimo para o turismo não era lá que tive a minha consagração para com o espírito da Wachuma, o cacto sagrado dos Andes, entretanto naquele local eu obtive muitas sensações, embora aterrado nesse plano entre as esplendidas montanhas, entretido pelas palavras sábias de quem redigia o trabalho do cacto.

Ja em um outro local que pertence a trilha do Vale Sagrado, antes de MachuPicchu, foi quando obtive a valora experiencia do tramitar; lembro que havia uma senhora de idade e que fazia justamente o que muitos fazem, não absorvem e tentava mostrar seu conhecimento sem deixar que o novo fosse apresentado; é incrível pensar que podemos atravessar o planeta, sempre existirão àqueles que não se permitem conhecer algo que esta além de seus mundos, olhei para o orientador e percebi um misto de sentimentos, desviei a atenção para o local e fui pego pela sensação de atravessar para uma outra realidade, tal como um empurrão vindo da direita para a esquerda que deixaram minhas pernas moles, meu olhar perdido e deitei no gramado, perdi a força e o calor se fez insuportável ao ponto de engatinhar para perto dos antigos muros de pedra em busca de uma sombra, o que também não era bom, pois o frio da sombra me incomodava a ponto de me dar tremedeiras, percebi que o meu caminho não é luz e nem trevas é o tramitar entre eles e era assim que o espírito me ensinava, a cada ação um aprendizado, entre palavras sérias e um excelente senso de humor que me alegravam e as vezes tinha que correr em busca da essência de suas palavras.

Sentado no labirinto o meu espirito levitava e dos três animais sagrados da região (o condor, a serpente e o jaguar) apenas um deles eu via, um aprendiz avançado do local e já quase um facilitador de trabalhos com enteógenos me olhou e nos reconhecemos e rimos já transmutados em nossos animais guardiões, ele dizia "Eu estou lhe vendo" e para quem é do caminho já sabe a mensagem que ali esta colocada e eu dizia: - Eu também irmão! e em determinado momento ele sumiu em meio ao local enquanto eu pensava em como iria sair daquele local sem despertar as atenções, humildemente subi pela encosta, parava e respirava, pingava de suor, mas aquilo me fazia um bem danado, ao chegar ao transporte eu já não era mais humano, não conseguia falar e meus sentidos ficaram intensificados e ali seguimos para pegar o trem e dormir em uma cidade vizinha.

É admirável quantos irmãos xamãs e bruxos encontramos pelo caminho, não precisávamos mostrar nenhum certificado, nenhuma carteirinha, estava ali na alma e nos olhos de cada um, andei pela cidade e imaginava tamanha diferença com o movimento bruxesco brasileiro envolto a tantas superficialidades e falta de conhecimento, lembro que esse pensamento me entristeceu, mas o espirito da Wachuma me ensinara a não me importar tanto com as coisas, nem com os homens e nem com as situações, era perda de tempo, o que hoje eu concordo plenamente e perco o meu tempo com pessoas e assuntos prazerosos.

Vou terminar por aqui, pois existem ensinamentos que devem ser vividos e espero que mais peregrinos possam ter suas vivências, encontrar outras pessoas sábias e obter o conhecimento que lhes cabe com alegria e humildade.

 

1. Artigo: Cactos abrindo as Portas da Conexão
2. Artigo: Wachuma versus S. Pedro na Enteogenia!

Gracias /|\

Ricardo DRaco