terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Bruxaria e História - as práticas mágicas do Ocidente cristão


Segue um trecho do livro, que alguns apóiam como base para suas crenças, e demonstra as diferenças de caminhos que preservamos e estudamos em relação à visão e depreciação dada a influência religiosa cristã.

*** Segue com nossas colocações: 

Bruxaria e História - as práticas mágicas do Ocidente cristão

O livro escrito pelo professor Carlos Roberto Figueiredo Nogueira (História Medieval - USP) pretende contextualizar a Bruxaria adequando-a a uma realidade histórica que a nega enquanto fenômeno religioso da cultura folclórica dos camponeses e a transforma em "bode expiatório" para as neuroses coletivas da sociedade da época que classificava a todos os não cristãos como seguidores de Satã e traidores de Cristo.

*** Ou seja, o professor coloca que a realidade histórica, dada a influência do poder dominante (cristianismo) transforma o fenômeno religioso da época em um alvo que o caracterizará como demoníaco e pecaminoso.


 Nesse bojo, encontramos o surgimento da psiquiatria e o "universo mágico" passa a ser analisado sob o ponto de vista da psique humana.
*** Portanto temos dois atributos, um colocando as antigas crenças como demoníacas e que todo problema de deficiência mental e física fazia parte da relação entre estes cultos.


O autor inicialmente busca conceituar o que ele chama de "manifestações das práticas mágicas", sendo elas: magia, feitiçaria e bruxaria. 

*** Temos aqui uma mistura que mostra realmente que este universo tido como marginalizado era uma coisa só, algo demoníaco, portanto qualquer manifestação religiosa transformaria em operação maléfica, perante aos ideais Católicos (anterior ao século XIV).


O cenário em questão é a Europa no período compreendido entre a Idade Média e o início da Idade Moderna, 

*** Fonte é o continente Europeu, não poderia ser diferente, visto que Bruxaria é um termo da Europa, e a base do estudo é Idade Média e Moderna, ou seja, algumas críticas pagãs sobre o modernismo são incabíveis dadas à época para sua base de estudos.


pautado pelas crenças e condutas mágicas pagãs marcadas por profundas e radicais mudanças de significados, comuns a essa época. 

*** Portanto distorção de significados dado ao que era Bruxaria antes e depois da influência cristã. 


Ressalta que com a chegada do Cristianismo são impressas a essas manifestações um caráter demoníaco. 

*** Aqui o autor presta mais ênfase ao assunto que é claro e objetivo.

A presença de sobrevivências pagãs em plena era cristã, reflexo da religiosidade popular evidente e enraizada no povo do campo, evidenciava a necessidade de criar no imaginário coletivo a existência da encarnação do mal para que o bem surgisse como força suprema, o belo e divino em oposto ao feio e demoníaco, antítese simplista entre o bem e o mal.
*** Com isso a visão maniqueísta (Bem X Mal - Luz X Trevas - Deus X Diabo - Magia Negra X Branca), concluímos que esta visão surgiu após e não nos cultos pagãos em essência.

No final do século XIII apareceram teorias que marcam o nascimento da psiquiatria e os comportamentos divergentes e extraordinários passam a ser interpretados como doença mental. 

*** Ou seja, apenas no século XIV, com o nascimento de movimentos protestantes contra as crenças da igreja Católica, é que se começa a diferenciar a psiquiatria da crença.


Mais adiante, psiquiatras passam a considerar a bruxaria como "forma de loucura contagiosa e coletiva”. 

*** Ou seja, qualquer a histeria, coletiva ou não, religiosa é entendida como desequilíbrio mental, portanto até cristãos fervorosos poderiam estar "embruxados"

Alguns atribuíam inclusive ao catolicismo a função de produzir a loucura pela propagação de imagens infernais e vislumbre de situações terríveis para os não católicos. A igreja aponta para o castigo divino, a ira de Deus. O mundo passa a ser visto como um grande asilo para insanos sem um local adequado para tratamento.

*** Temos aqui a loucura religiosa dada para não cristãos, como também podemos entender como os rituais de exorcismo para cristãos, e tendo também a igreja como assistência social, e que ainda temos exemplos disso nos dias atuais com instituições como Hospitais (ex.: Hospital Santa Casa - SP). 

Assim, todos os que acreditavam ou realizavam "práticas mágicas" eram psicologicamente doentes - acusados e acusadores, perseguidos e perseguidores. Os juízes que condenavam eram tão insanos quanto aqueles que eram condenados. As virgens virtuosas, devotadas a Deus, se consideravam noivas de Cristo, as bruxas impiedosas, ligavam-se a Satã e eram suas concubinas. 

*** Freiras e Bruxas, práticas dualistas para a época, faz menção também a Santa Inquisição, onde encontramos grimórios que seriam os relatos obtidos através de tortura, influenciados pelos inquisidores logicamente.

No primeiro caso, a experiência psicopática é explicada pela teologia e justificada pelos padres das igrejas, no segundo caso, torna-se uma aberração demoníaca e aqueles que a possuíam eram passíveis de todas as torturas e maldades. Os processos de heresia abrigavam astrólogos, curandeiros, judeus, turcos, ciganos, feiticeiros e outros assemelhados, referindo-se a todos como bruxos e bruxas. Qualquer pessoa que tivesse uma conduta, comportamento, características diferentes ao que era considerado padrão, eram associados ao diabo e punidos como tal.

*** E assim teremos que ao aderir essa tese de crenças marginalizadas, todos sem exceção são bruxos, então judeus, ciganos, protestantes, etc... Não existe o mínimo de discernimento nessa teoria.

Enfim, esse é um período que, do ponto de vista da Bruxaria, desqualifica e impede a compreensão de seu papel histórico. Bruxas e bruxos são descaracterizados e transformados, ora em seguidores de Satã, ora em doentes mentais, produtos da loucura impressa pela ótica do Cristianismo.

*** O autor resume a questão como um período que desqualifica as antigas tradições em favor de uma depreciação do poder religioso dominante.

A sua existência legítima entendida como alçada religiosa, sofre indiscutivelmente rejeição social e moral em uma coletividade adequada aos seus próprios valores e que nega veementemente qualquer outra forma de conduta.

*** Perfeito, com isso, se todas as pessoas pudessem não apenas "ler" mas soubesse interpretação de texto, visto que é uma das grandes dificuldades em nosso cotidiano, estaríamos mais direcionados em nossas crenças e não prestando um desserviço ao paganismo.


Espero que este texto tenha demonstrado o porquê de nossa linha não se basear na era medieval.

Cordialmente,


Um comentário:

  1. "...sai de uma espécie de estátua...um gato negro do tamanho de um cão de grandes proporções, que caminha para trás com a cauda levantada. O noviço, sempre em primeiro lugar, lhe beija o traseiro, depois vem o Mestre de Cerimônias e em seguida os demais, cada um em sua vez: mas só aqueles que o fizeram por merecer". Será assim o próximo ritual de iniciação no grupo! rsrsrsrs

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