“Bem vindos a minha Casa de Verão, dizia ele, o Senhor dos
grandes Cascos!”
E chegamos aos portais de verão, depois de passarmos pela
transmutação do inverno, do nascimento das flores na primavera, e diante de outros processos ao qual sempre me dediquei com a alma aberta,
preparei mais um festival de nossa roda, o nosso belo Beltane, que foi dedicado
a duas grandes divindades que foram responsáveis por nos ensinarem a transitar
por este ciclo, ao Deus Belenos, senhor da comemoração, consagrador do período
que clareou a nossa peregrinação com sua luz e despejou sobre nos as bênçãos de sua verdade
ao qual nada se esconde e dá aos merecedores peregrinos um caminhar iluminado e
prospero. Já a segunda divindade, pré-céltica e senhorio da floresta, onde seus chifres tocam o solo e o torna fértil e ordena sobre quem é digno
de tomar a terra, aquele que anda pela floresta e integra tudo perante sua divindade, tocando aos filhos da natureza, coroando suas cabeças com coroas de chifres de
caça e nas folhas verdes sacramentadas pelo toque dos elementais da mata. Saudamos
a ti Cernunnos!
O INÍCIO
E o pré-ritual alcançava 1 mês de preparo, seguimos
pela clareza do sol, e lá bebíamos da água fresca e do alimento acertado,
sonhos e mais sonhos de verão, conectados estávamos aos mundos espirituais e ao lado dos
deuses que passaram muitos conhecimentos e promoviam profecias e promessas que
se concretizaram ao longo do mês, com grandes veracidade física!
Nossa casa novamente abençoada por peregrinos vívidos e
interessados, cada um com suas buscas pessoais em uma fraternidade sincera e
com objetivos comuns, alguns saiam de seus estados e cidades para se encontrarem
previamente e poderem estar juntos pelo simples fato de vivenciarem um caminho
belo e divino em sua essência. Alguns chegaram na quinta-feira em busca do
conhecimento e interação e os trabalhos começavam antes mesmo do festival do
final de semana! Grandes aprendizados, grandes vivências e direcionamentos.
A minha bela caverna, hoje renovada de energias, as estrelas
brilhavam em seu teto como nunca e a estrela de prata se fazia presente em cada
canto, o altar ao norte, o chão revelava em suas cores as águas primordiais de
nossa essência, cultuada em diversas culturas como o nascimento de tudo, o som,
o perfume dos elementais, e tudo estava equilibrado, claro e aconchegante!
E aos poucos eles chegavam com suas mochilas na quinta, outros na
sexta e outros no sábado, entretanto todas as pessoas traziam em seus rostos o sorriso, a
alegria de compartilhar com verdade este caminho tradicionalista, não usavam
títulos, não se mostravam melhores que os outros, e no clima de liberdade e nos
abraços sinceros nos reunimos em uma grande caravana para um novo sítio na
cidade de Juquitiba. Seguimos em vários carros a pegar a belíssima estrada com
paisagens arborizadas, ansiosos por chegar ao local!
Entramos em uma estrada de terra e não demorou muito a
adentrarmos em um paradisíaco sítio, bem cuidado e com belas paisagens, alguns não
viam a hora de entrar na piscina, outros estavam desejosos de sentarem a mesa
diante da quantidade de alimentos ofertados, diversos pães, tortas, doces,
sucos e chocolates digno das refeições hoteleiras! Nos quartos estavam camas com colchões confortáveis! A beleza do local geraram diversos elogios! Fiquei bastante
contente com o local, mas mais contente ainda com a energia das pessoas e da
interação que sentimos verdadeiramente que estávamos em casa.
Chegando ao local dividimos as pessoas nos cômodos,
arrumamos os alimentos na cozinha e nos prontificamos a fazer a fogueira, toda
a madeira já estava recolhida, troncos e mais troncos o que facilitou nosso
trabalho, era tanta madeira que subia até o peito de um homem de estatura
mediana! Ficamos imensamente agradecidos, a noite prometia!
E todas as pessoas interagiam com as funções sem precisarem
ser "reconhecidas", elas simplesmente faziam com carinho e muito amor e
conseguimos fazer tudo com tamanha sinergia que tínhamos muito mais tempo para realizar a
transmissão do conhecimento, tirando dúvidas, entrando nas questões profundas,
ah não posso esquecer-me do altar que maravilhosamente se concretizou de um
modo tão belo e simples que não era necessário tantos adornos, a energia
emanava tudo o que se pode esperar de um altar abençoado e diante dele fizemos
nossas preces, nossas contemplações e nossas rodas de conversas conscientes e espiritualizadas! A lareira que aquece era provedora da luz de Belenos.
Aproveitei o entardecer para... (continua)