Na tradição portuguesa, as Fadas aparecem de supresa aos viajantes, nos caminhos, e concedem a certos predestinados o conhecimento de segredos que lhes permitirão encontrar tesouros escondidos, tais como panelas ou púcaras de moedas de ouro. Impõem testes de coragem e inteligência àqueles que com elas de cruzam e concedem, aos que passam nas provas, o disfrute de fabulosas e incomensuráveis riquezas.
Estão de tal modo associadas ao acto de fiar, que aparecem quase sempre como fiandeiras, estando este facto na origem da expressão «mãos de fada», aplicada a mulheres que sejam hábeis em trabalhos de agulha. O linho por estas entidades fiado, é, como se esperaria, sem falha alguma.
Nas localidades de Caratão-Mação e do Sardoal, fala-se em «Janas», mulheres de baixa estatura, invisíveis, fiando um linho muito fino e sem nós». Acredita o povo que, se deixar na lareira o linho acompanhado de dádivas - pão e vinho - este linho será pelas Janas fiado, de noite.
No Algarve, pronuncia-se «Jãs» ou «Jans», e também se crê que se se colocar um pedaço de linho juntamente com um bolo, ao pé de uma lareira, no dia seguinte o linho estará tão fino como um fio de cabelo.
As Janas ou Jãs portuguesas são semelhantes às Xanas das Astúrias, mulheres de cabelo longo e pele muito clara, dançando e cantando nos bosques e nos prados, visíveis, talvez, ao pôr do sol, quando os últimos raios do astro rei brilham por entre as árvores...
Em textos eruditos, literários, é frequente apresentar-se a Fada como casamenteira, juntando pessoas pobres, orfãs, desprotegidas, a príncipes ou a princesas.
Pode isto relacionar-se com um desejo de ascenção social por parte da burguesia letrada, pois que, no seio do povo dos campos, de tradição porventura mais arcaica, a Fada revela nada mais do que tesouros escondidos.
Pode isto relacionar-se com um desejo de ascenção social por parte da burguesia letrada, pois que, no seio do povo dos campos, de tradição porventura mais arcaica, a Fada revela nada mais do que tesouros escondidos.
Sendo o sete um número frequente nas tradições populares, possivelmente relacionado com a Lua, aparece estritamente ligado à figura da Fada num verso do Romanceiro Geral citado por Teófilo Braga, e, a partir daí, por Adolfo Coelho numa sua obra etnográfica, e por Aurélio Lopes, na obra «Tempo de Solstícios»:
Sete fadas me fadaram
No colo de madre minha
Fadaram-me por sete anos
Sete anos e um dia
No colo de madre minha
Fadaram-me por sete anos
Sete anos e um dia
Autor: Caisaros
Cordialmente,
Conselho de Bruxaria Tradicional no Brasil