quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Primeira Batalha de Mag Tured pt.1

Enquanto Partolón, chefe da mais antiga das populações míticas da Irlanda desembarcava ao sudoeste da ilha... Provenientes da Espanha, os Tuatha Dé Danann penetraram pelo lado oposto, a saber, pelo nordeste. Era 1º de Maio, numa possível segunda-feira - festa de Beltane. A mesma data seria também o marco da chegada dos filhos de Mil - os Irlandeses. Partolón havia desembarcado na Irlanda no dia 14 do mesmo mês, em outro ano.

[...] Os Tuatha Dé Danann chegaram envoltos em uma nuvem mágica que os fazia invisíveis, que quando dissipada, deu o conhecimento de sua presença aos Fir Bolg que se preocuparam com os inesperados conquistadores. Aqueles que haviam penetrado pelo noroeste de Connaught e estabelecido fortificações ao redor de seu acampamento em Mag Rein.

De onde teriam vindo? Segundo as versões, teriam chegado à Irlanda pelas asas do vento. A verdade - agrega o escritor evemerista - é que chegaram por mar e a bordo de naves que foram destruídas imediatamente após o desembarque. As tradições mais antigas afirmam que não chegaram por mar, mas sim, vieram do céu.

[...] Antes de tomar uma decisão os Fir Bolg quiseram saber como eram os recém chegados, e para isso enviaram um de seus maiores, mais fortes e corajosos guerreiro para visitar o campo de Mag Rein - que se havia instalado. O nome deste guerreiro era Sreng.

Este se pôs à caminho e quando se aproximava o fim da viagem foi visto por um dos sentinelas dos Tuatha Dé Danann, que enviaram ao seu encontro um de seus guerreiros de nome Breas.

Sreng e Breas se aproximaram com grande prudência e quando estavam um no alcance da voz do outro, sobre o abrigo de seus escudos observaram-se inquietos durante um algum tempo. Quando, Breas rompeu o silêncio e falou em sua língua materna - o Irlandês...

Segundo a concepção da fábula Irlandesa posteriormente influenciada pelo cristianismo, seriam todos os povos primitivos da Irlanda proveniente do mesmo pai - descendente de Magog o de Gomer, ou filhos de Jafet.

[...] Sreng, o guerreiro Fir Bolg, se sentiu encantado ao ouvir o desconhecido que se apresentava em Irlandês. Ambos se aproximaram expuseram suas respectivas genealogias e logo examinaram suas armas.

Sreng trazia consigo duas pesadas lanças sem ponta; Breas, duas lanças ligeiras e muito mais afiadas.

Este detalhe é consistente com os dados da literatura antiga: já vimos anteriormente que até esta época não se conhecia na Irlanda o uso do Venablo. Um dos velhos poemas inseridos no Livro das Conquistas, relata que nos tempos de Eochaid mac Eirc, o último rei dos Fir Bolg, não haviam armas com corte. Os Tuatha Dé Dannan chegaram com lanças e mataram o rei.

[...] Breas, o enviado dos Tuatha Dé Danann, não havia visto nunca antes lanças tão pesadas e cegas como as que carregava Sreng, o emissário dos Fir Bolg; que por sua vez, via como novidade as lanças delgadas e pontiagudas trazidas por Breas. Cada um deles contemplava admirado o mortal instrumento do qual estava provido o outro, até que por fim decidiram trocar suas armas a fim de levar a conhecimento daqueles que os haviam enviado, os terríveis instrumentos que lhes ameaçariam numa possível batalha.

Antes de deixar Sreng, Breas comunicou-lhe que os Tuatha Dé Danann lhe haviam encarregado de pedir aos Fir Bolg a metade da Irlanda, e caso a proposta fosse aceita, ambos os povos seriam amigos e se uniriam para rechassar qualquer nova invasão. Após o recado, ambos retornaram ao acampamento de onde vieram: Sreng à Tara, que sob o domínio dos Fir Bolg era considerada a capital da Irlanda e Breas para onde estavam entrincheirados os Tuatha Dé Dannan.

Os Fir Bolg descartaram de imediato a possibilidade de aceitar a proposta dos Tuatha Dé Danann, já que, acreditavam que se cedessem a metade das terras aos recém chegados, a demonstração de fraqueza os encorajaria levando-os muito em breve a querer tomar toda a ilha. Sendo assim, decidiram por reunir seu exército e se puseram em marcha para atacar os inimigos que haviam invadido sua pátria.

Durante este período, os Tuatha Dé Dannan examinaram as lanças cegas que Breas havia recebido de Sreng e lhes levado como amostra do armamento inimigo: Diante delas se sentiram aterrorizados e surpreendidos. As lanças sem ponta dos Fir Bolg lhes pareciam muito mais temíveis que as de ferro aguçado que compunham seu próprio armamento... Motivo que os levou a abandonar o seu acampamento e bater em retirada até o sudoeste. Os Fir Bolg os alcançaram na planície de Mag Tured.

A princípio, a lenda irlandesa conhecia apenas uma planície de Mag Tured, à qual deu lugar a uma única batalha onde os Tuatha Dé Danann teriam vencido de uma vez os Fir Bolg e os Fomoré. Mesmo quando no século XI houve a divisão do mito em 2 combates, o primeiro contra os Fir Bolg e o segundo contra os Fomoré, ainda se concebia um único campo de batalha onde 27 anos de intervalo separariam os combates. Mais tarde, sem embargo, se distinguiram 2 campos de batalha diferentes: Um ao sul no condado de Mayo, chamado Mag Tured Conga, onde se diz que foram vencidos os Fir Bolg; e outro ao norte no condado de Sligo, chamado Mat Tured na bFomorach, onde foram vencidos os Fomoré. Os dados antigos foram questionados pela análise da dualidade cronológica que separa as batalhas em 27 anos de intervalo. E posteriormente seriam ainda mais questionados (século XVII) devido a adição da dualidade geográfica: ao invés de um único campo de batalha, haviam agora 2 separados por vários quilômetros de distância.

[...] Na planície de Mag Tured, os Fir Bolg seguiam liderados por seu rei - Eochaid mac Eirc; o célebre Nuadu Argatlam (o das mãos de prata, que até então ainda não era assim chamado pois possuía suas duas mãos naturais de carne e osso) comandava o exército dos Tuatha Dé Dannan. A proposta antes transmitida por Breas lhes foi enviada novamente - insistindo para que os Fir Bolg lhes cedessem a metade da Irlanda. O rei Eochaid mac Eirc se negou novamente, então os enviados de Nuadu lhe perguntaram: _ Quando você quer iniciar o combate? Os Fir Bolg contestaram: _ Necessitamos de tempo para preparar nossas lanças, capacetes e afiar nossas espadas; também queremos ter lanças como as vossas e vocês também devem querer armar-se com lanças semelhantes as nossas.

Em comum acordo, decidiu-se consagrar 105 dias para os preparativos do combate.


Bibliografia:
EL CICLO MITOLÓGICO IRLANDÉS Y LA MITOLOGÍA CÉLTICA - H. d'Arbois de Jubainville. 3ª ed. Edicomunicación: Barcelona, 1996. ISBN: 84-7672-743-7.
MITOS CELTAS - Miranda Jane Green. Ediciones Akal: Madrid, 2001. ISBN: 84-460-0472-0

Cordialmente
Conselho de Bruxaria Tradicional
http://www.bruxariatradicional.com.br/

Um comentário:

  1. Para saber a origem de sua crenças, nada melhor que saber as histórias sagradas.

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