Algumas pessoas são tocadas pelo termo iniciação como se uma iniciação tivesse o mesmo significado de certificado, entendemos que essas certificações dadas por algumas ordens seguem algum critério específico e provavelmente dadas por um regulamento interno muito próprio.
Estes "certificados" surgiram na Europa a partir do Iluminismo, onde surgem locais mais estruturados por conta da abertura para novos membros, porém na idade média ou anterior, a grande maioria das pessoas não era letrada e muito menos teriam condição de criarem uma "certificação", portanto as discussões sobre o famoso pedigree acontecem na Idade Moderna e Contemporânea. As iniciações nasceram como uma proposta bem diferente da atual certificação de pedigree.
Temos a polêmica que Gerald Gardner e alguns líderes seriam uma farsa, justamente por não terem o famoso certificado, nós sabemos que estes fatos envolvendo pedigree de papel timbrado não seriam possíveis, visto que o conhecimento e as tradições seriam feitos, basicamente, de forma oral, cabe a reflexão de quais sendas tradicionais estariam dedicadas a fazerem estes certificados dado ao momento histórico, ou mesmo se houvesse uma junta de reportagem investigativa, se alguém iria abrir a boca naquele modelo de sociedade visto a perseguição religiosa, as leis anti bruxaria. Faziam suas preces para que nem os vizinhos suspeitassem!
Existe um ditado popular que se reconhece a árvore pelos frutos, não é preciso um papel para averiguar se o sujeito pratica isto ou aquilo, é muito fácil, vejam quais são suas práticas, seus pensamentos, de onde surge seu conhecimento, não é necessário ser um sábio para entender o que é uma crença nativa, ancestral de um conjunto de práticas contemporâneas. Para nós um certificado simplesmente, mostra que a pessoa esteve num determinado lugar e passou por uma etapa, que pode ser apenas tempo de casa, temos visto tantos casos ligados a tempo de casa e desenvolvimento superficial da magia que um certificado por tempo não tem relevância alguma com o valor do conhecimento passado, e que este conhecimento seja captado com o devido significado, o que também já é outro problema que temos percebido, a distorção.
Uma iniciação, na bruxaria, são processos constituídos basicamente em averiguação do conhecimento passado e testes de poder pessoal, alguns grupos tradicionalistas mantêm um livro com seus membros, entretanto este livro não esta aberto a consultas e poucas pessoas viram ou sabem onde guardam; isto é resguardo e preservação de alguns círculos mais seletos, entretanto como não existem dados estatísticos de quem tem livro ou não, acreditamos que isso possa ser mais uma particularidade de grupos regionalizados.
Com relação à ancestralidade, mais específico com relação à árvore genealógica, esta ferramenta é matéria que classificamos como reconstrução, ou seja, ninguém cria sua árvore genealógica, se estuda e a completa, ela tem esse nome (árvore), pois se amplifica diante da junção de famílias, e não de apenas uma.
Temos visto também pessoas criando ligações com reis e até com o Conde Drácula, a hereditariedade de alguém compete apenas na particulariedade, pois em toda família tem o sábio e o ignorante, isso diz muito pouco com referência ao aprendizado dentro da magia.
Dentro da Bruxaria Tradicional antes da década de 50, o termo para saber se esta ou aquela pessoa era ligada a alguma família pagã (bruxaria familiar) não acontecia pelo simples citar do sobrenome, pois como é de comum senso, somos a união de várias famílias, o sobrenome civil esta ligado à sociedade e o que esta família realiza de forma pública, na linha da magia, é conhecido como "apelido", ou seja, bruxos se reconhecem pelo apelido tradicional e não pelo sobrenome, porém este conhecimento somente é comum para quem é do meio, e com isso mostramos uma realidade pouco comum para quem entrou em contato com a bruxaria através de Ordens Iniciáticas da Idade Moderna, mesmo que estas sigam o mesmo processo que tantas outras lutam por enfatizar na origem antiga.
Uma peregrina mencionava uma vivência em que participou de um grupo de "Bruxaria Tradicional Moderna" e que por muito pouco não seria o mesmo sistema mágico da Wicca, isto não nos espanta, visto que a Bruxaria Tradicional citada em muitos lugares veio realmente da mesma origem, porém com mais ferramentas que são inspirações, estudos de feitiçaria tradicional muitas vezes baseadas em ordens existentes e que citam as mesmas referências na antiguidade, com uma visão filosófica muito próxima voltada a globalização, a junção de sistemas mágicos, ao feminismo e as iniciações comprovadas por certificações.
Analisemos a questão intimamente, pois é o que acontece no mercado de trabalho, as pessoas querem o diploma, mas não querem ter entendimento sobre a matéria, querem o título, mas não o conhecimento; isto é uma necessidade emocional por serem aceitas, é uma fraqueza, dentro da Bruxaria Tradicional (de raiz) a visão de mundo, a espiritualidade do caminho nos prepara para jornadas maiores e mais profundas.
Outro dia mandamos um texto que o autor falava sobre "Títulos e mais Títulos" no texto criticando essa visão modernista, esta questão é tratada como uma questão superficial por grande maioria dos bruxos tradicionais, não importando se Irlandeses, se Alemães ou Ibéricos, portanto cabe aos orientadores que caminham com respeito por um caminho tradicionalista, que passem essa visão ancestral.
Cordialmente,
Sensacional essa de ser parente do conde Drácula!!! Chorei de rir... Falando sério acho que o importante é a prática de cada um, seu conhecimento e como lida com isso. E mais ainda ter a consciência de que nada sabemos. Abraços!
ResponderExcluirEste texto me faz lembrar das muitas pessoas que eu já vi dizer de boca cheia "eu sou iniciado", como se isso fosse o bastante para te dar conhecimento e autoridade sobre qualquer assunto. Numa dessas ouvi de um conhecido meu, que segue a maçonaria e nada tem a ver com a bruxaria, para tirar um barato de um destes "iniciados" dizer para o cara "poxa, que bom que você esta iniciado. Mas e quando vai estar terminado?" Depois disso nunca deixei de pensar que talvez esta sim, estar "terminado", seja o foco mais coerente...
ResponderExcluirAs vezes eu tenho pena, as vezes acho que cada um deveria além de iniciar, andar também e com suas próprias pernas em vez de ficar sentado e arrogante no seu trono de areia, mas o importante, no meu entender, não é o simples fato da iniciação, e sim o que fazer após a iniciação. Vc esta rindo é Ray to Lua? Tem cada coisa por ai! Vamos fazendo nossa trabalho de forma muito simples e tranquila, promovendo conhecimento e visão ;-)
ResponderExcluir"as pessoas querem o diploma, mas não querem ter entendimento sobre a matéria, querem o título, mas não o conhecimento"
ResponderExcluirÉ bem verdade! São os ditos medíocres, vivem no mundo do faz de conta que conheço, faz de conta sou sábio e usam os títulos para sobrepor a ausência de conteúdo.
Uma tendência feia da humanidade moderna... O frisson do momento é o conhecimento! As pessoas se ocupam mais com a quantidade do que com a qualidade e numa leitura dinâmica de tudo que vêem sem selecionar direito mal conseguem captar alguma coisa, se dizem verdadeiros arautos sobre o assunto! E usam a tradição, referências e nomes para reafirmar o que pensam. A fluidez é tão mais simples e menos estressante, afinal que diferença faz ser muito o pouco? A marca não vale de nada se o produto não tem qualidade! []'s
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